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- Fico muito feliz com a sua vinda, fique a vontade - saudei, assim que Isabel entrou em meu consultório. Minha primeira impressão foi que, ela era longe de ser parecida com Enid, pra falar a verdade, nenhum traço me lembrava a mulher, mas logo acreditei que pudesse ser de mães diferentes, ou de pais diferentes, coisas assim.

- Aconteceu algo grave? - ela questionou, se sentando, me parecendo confortável, sem medo de estar ali, simpática, oi fingindo simpatia, eu ainda não poderia descrever no entanto, me sentando na sua frente, alcançando o meu bloco de notas e o abrindo sobre o título pendente.

Enid.

- Bom, até agora, não. Mas... tenho algumas questões a serem levantadas, assim como dito na mensagem. Vamos levar isso como uma consulta, já esteve em um psicólogo antes?

- Não, eu nunca precisei disso.

- Pra falar a verdade, estudos apontam que todos nós precisamos de um, mas isso não está incluso na nossa conversa. Vamos lá, me diga um pouco sobre você, seu nome, sua idade, um pouco da sua vida.

- Você sabe meu nome - respondeu, um pouco irônica, me lançando um sorriso, o qual no mesmo segundo, detectei ser falso, eu contribui, da mesma forma - Tenho vinte e cinco anos, trabalhando em um café e sou mãe solo.

- Como é a sua relação com a Enid?

- É ótima - disse, cem por cento confiante de si - Digo, não temos tanto tempo juntas, mas eu dou o meu melhor sobre ela. E ela é um amor com Benjamin, provavelmente você na ouviu a Enid falando sobre ele.

- Ab sim, Enid realmente tem um apego a ele muito grande. Me conte, como foi a infância dela.

- Enid sempre foi muito na dela pra falar a verdade - ela começou - Mas muito inteligente, sabe, com assuntos meio fantasiosos, ela gosta desse universo de tecnologia, super heróis, coisas assim.

- E como foi a transferência dela para a sua casa? Por que decidiram morar juntas? - vi quando Isabel reprimiu um pouco os lábios, se movendo discretamente sobre o assento do sofá, me mostrando, me dando a entender que havia entrando no ponto que eu queria.

- Foi boa, para uma adolescente de dezessete anos, é claro que foi um pouco estressante, mas ela se voluntariou para fazer isso.

- Moram apenas vocês três? Recebem visitas parentais?

- Sim, moramos apenas nós três, e as vezes o meu pai vai nos visitar, ver o Ben, ele é apegado a ele também. Nossa mãe morreu quando Enid tinha cinco anos, então é algo complicado.

- Eu sinto muito - lamentei, um pouco ansiosa - Isabel, me conte como e a relação da Enid com o pai de vocês.

A mulher novamente se remexeu sobre o seu lugar, cruzou os dedos sobre as mãos, mudando um pouco de lugar, olhou para a parede a esquerda e depois a janela atrás de mim, tentando adiar a conversa, parecia... formular palavras, contextos em sua mente, já me deixando claramente preparada, se algo verdadeiro saísse dela, eu com certeza me sentiria surpresa.

- Enid sempre foi apegada mais a nossa mãe - começou, com calma - Por ser mais nova, sempre foi muito mimada, e então quando ela morreu, ela se fechou um pouco.

"Dando voltas e voltas sobre o assunto, não indo direto ao ponto"

Anotei rapidamente, Isabel logo me olhou, querendo tomar cuidado mais cuidado com as suas palavras, ela me mostrava, sem barreiras, o que estava de errado.

- Mas o meu pai sempre fez de tudo por nós duas, foi um bom pai e uma boa mãe, Enid que nunca conseguiu ver isso de fato.

"Proteção com o seu pai, talvez tenha a mesma linha de raciocínio que ele"

The Psychologist - WenclairOnde histórias criam vida. Descubra agora