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Wednesday

Meu coração entrou dm fúria quando escutei tais palavras saindo da sua boca, mesmo sendo um claro sussurro sem certeza e cheio de dores causadas antes de tudo, em uma forma furiosa e quase falecida, eu sentia o meu coração bater, meu cérebro trabalhava e trabalhava sobre o que eu deveria dizer, responder, o que eu deveria fazer? Eu só conseguia olhar pra ela, surpresa, conforme via os seus olhos em uma grande baralha de julgamento, eu me apressei, ou tentei me apressar sobre acalma-la, calar a sua cabeça, mas eu só... não conseguia.

Eu não conseguia agir da forma que eu gostaria, como se as palavras morressem em minha língua, deixando a minha boca cada vez mais seca, criando cortes, tantos sentimentos nas quais eu não conseguia processar, mas eu deveria, o mais rápido, pois a via se recuar cada vez mais, com a minha demora, com o meu silêncio não proposital.

O meu coração também gosta do seu Enid.

Era isso que eu tinha que responder, apenas isso, mas não saía, céus, eu estava para desmaiar com tal processamento de palavras que ainda reprisavam em minha mente, mas eu fechei os olhos, fechei os olhos e balancei a cabeça, tentando jogar os pensamentos para fora, querendo deixa-lo vazia, vazia apenas para dizer a minha certeza. Me preparei, cem por cento confiante, confiante pelo menos uma vez em minha vida.

- O meu-

A minha fala foi brutalmente interrompida quando o seu celular tocou sobre o seu bolso, Enid rapidamente o tirou, lendo o nome no seu visor, se levantando e indo até a parte de fora da minha casa, sobre a pequena varanda de entrada, me deixando com um corte de fala dramático sobre o sofá, mas ansiosa para que ela voltasse, eu diria, eu diria que o meu coração também gostava do seu, que eu gostava dela, tudo o que pudesse caber no meu vocabulário sentimental.

Eu apenas diria, sem medo, por que eu teria medo? O seu coração gostava do meu, ela mesma disse isso, Meu Deus, Enid estava colocando os seus sentimentos para fora! Para mim! Aquilo extremamente importante, eu era quase cem por cento responsável por aquilo.

Eu respirei fundo assim que ela voltou, me preparei para dizer, mas não o fiz, sua feição não me deixou fazer, um pouco preocupada, um pouco... triste.

- Tudo bem? - perguntei, engolindo qualquer fala antes daquela, a menina deu uma pequena assentida.

- Tenho que ir pra casa.

- Aconteceu alguma coisa? - me levantei, caminhando até ela, Enid negou, não deixando os seus olhos nos meus, completamente tensa.

- Não, eu só... preciso voltar pra casa.

- Tudo... tudo bem, eu te levo, não há problema nisso.

Toda alavanca de alegria foi diminuindo conforme eu dirigia para sua casa, a chuva ia caindo junto a todo o meu brilho, em pensar que poderia passar uma tarde fantástica com ela ao meu lado, me culpando por demorar tanto em responder, eu só estava formulando, o meu processamento foi muito devagar para o tempo que havia me colocando, não que ela tivesse feito isso, de forma alguma, mas o jeito que ela me olhou, nervosa, aflita, com medo e com culpa de ter admitido algo que provavelmente deveria ser algo difícil pra ela, me fez cobrar um pouco mais da minha rapidez, mas agora ali estávamos, em um silêncio um pouco desconfortável.

Estacionei na frente da sua casa, mordi meus lábios conforme ela vestia sua jaqueta, pensando se deveria dizer algo, fazer algo, por que o raio do meu corpo sempre travava em situações de escolhas rápidas e objetivas? Isso era horrível. Vi quando os seus dedos se prepararam para abrir a porta, e depois de piscar algumas vezes, eu agarrei o seu braço, a impedindo de sair, Enid olhou para a minha mão e depois se virou um pouco para me encarar, eu molhei os meus lábios com a língua algumas vezes, balbuciei algumas palavras sem contexto, me odiando um pouco mais naquela situação.

The Psychologist - WenclairOnde histórias criam vida. Descubra agora