Acordei com uma terrível dor de cabeça, quase como se minha cabeça fosse explodir. Os acontecimentos tumultuados da noite anterior ainda ecoavam na minha mente, mas, estranhamente, apesar do barulho vindo do andar debaixo, consegui adormecer rapidamente. Agora, um novo dia se iniciava nesse inferno de casa, que, surpreendentemente, não estava tão ruim ultimamente. Tom parecia mais calmo em relação a mim, não tão agressivo como antes. No entanto, percebia uma estranha inclinação dele em me provocar, o que me deixava verdadeiramente nervosa em sua presença. Esperava sinceramente que todas as atitudes de Tom fossem simplesmente reflexos do efeito da bebida. Por outro lado, Bill e os outros membros da gangue já me tratavam como se eu fosse parte deles, e, em meio a todas as incertezas, pude conhecer o lado bom desses assassinos em série.
Após um banho quente revigorante, dirigi-me diretamente à cozinha. Lá, encontrei Maya envolta em seu roupão de cetim, segurando uma xícara de café com as mãos. Caminhei em direção ao fogão, onde o café estava sendo preparado, e servi-me um pouco em uma xícara. Sentando-me à mesa em frente à loira de expressão serena, pude notar o quanto ela aproveitava o silêncio.
- Está tudo tão calmo - resmunguei, quebrando o silêncio.
- Deve ser porque os Tokio Hotel saíram cedo de manhã e ainda não voltaram - respondeu Maya. Apenas soltei um baixo "ah" e voltei a concentrar-me em meu café.
Não exagerei nas bebidas ontem à noite, mas bebi o suficiente para ficar um pouco fora de controle. Lembro-me de ter confrontado aquela mulher que ousou falar mal do meu pai. Lembro-me do momento na cozinha com Tom. Lembro-me das conversas com várias pessoas. Lembro-me de ter dançado com a Maya. Lembro-me de ter oferecido vodka para o Georg e Gustav. E, entre tantas lembranças, ficou gravada em minha mente uma das frases ditas por Maya quando ela entrou no banheiro comigo para me ajudar a escolher uma roupa: "A partir de agora, eu sou sua amiga, e talvez eu possa ajudá-la a ir embora."
- Maya - chamei sua atenção, e ela me olhou com seus olhos azuis. - Ontem, o que você queria dizer com "ajudar-me a ir embora"? - Ela ficou em silêncio por um momento, como se tentasse se lembrar do instante em que proferiu tais palavras.
- Falei aquilo apenas para que você confiasse em mim - respondeu, dando de ombros.
- Mas você pode me ajudar?
- Não, mas posso lhe dar algumas dicas.
Aquelas palavras me deixaram alerta e ansiosa por qualquer informação que pudesse me ajudar a escapar dessa situação.
- Então, por favor, comece - pedi, observando-a suspirar.
- Bem, Tom foi quem criou a gangue, no começo de tudo. A gangue foi formada exclusivamente para ir atrás do seu pai, por motivos... especiais - ela falou, aumentando ainda mais a minha curiosidade. Então, não tem nada a ver com essa tal "dívida"? Há outros motivos?
- Eles não vão parar, Madelyn. Só quando Jake estiver morto você será livre - respondeu Maya. A minha esperança de liberdade parecia cada vez mais distante.
- Mas quando ele morrer, eles vão me matar - falei, ouvindo uma risada debochada escapar dos lábios dela.
- Ah, pode ter certeza que não - exclamou. - Eles têm um ponto fraco, e adivinha quem é? Você.
- Eu?
- Sim, você é o ponto fraco de todos eles. Bill, Georg, Gustav, Jake, os caras que Jake chama de "guardas" e, principalmente, Tom!
- De jeito nenhum - disse, rindo incrédula. - Tom não tem fraquezas.
- Tem sim, afinal, ele é um humano como todos nós. Ele sente dor e felicidade - ela respondeu, abandonando a xícara de café sobre a mesa. - O que estou tentando dizer é que você é uma obsessão para ele há muito, muito tempo. Não percebeu a forma como ele te olha, e como te olhou a festa inteira?
Olhares possessivos...
Espera, isso significa que ele gosta de mim, ou algo assim? Ou será que toda essa obsessão é apenas por causa de Jake? Tantas dúvidas atravessavam minha mente.
- Minha dica é: espere. Espere até tudo isso terminar. Mantenha-se viva para, no final, alcançar a sua felicidade e poder desaparecer sem mais ninguém te perseguindo. E assim, talvez, você possa ser livre novamente. - Assim que ela terminou de falar, fiquei em silêncio.
Parecia que não havia chances de eu escapar desse lugar tão cedo. Portanto, não tinha escolha a não ser seguir o plano deles e testemunhar a morte do meu próprio pai...
- Bom dia, meninas- escutei a voz animada de Georg ecoar pela cozinha. Me virei para vê-lo adentrando o cômodo, com uma expressão misteriosa no rosto. Ele segurava um pedaço de papel nas mãos e, com um gesto rápido, o jogou na frente de Maya.
- Curiosa e intrigada, perguntei:- O que é isso?- Enquanto observava Georg apoiar as mãos na mesa, claramente esperando que a loira abrisse o papel.
Maya pegou o papel delicadamente, com curiosidade. Ela o abriu, revelando uma folha bonita e delicada. A medida que ela começava a ler em voz alta, nós ficamos completamente envolvidas com o conteúdo do convite.
- Queridos cidadãos- Maya começou- É com grande prazer que anuncio a realização do nosso tão esperado baile de gala, que acontecerá nessa quinta-feira. Como prefeito desta cidade, tenho o prazer de convidá-los a participar deste prestigioso evento, que promete ser uma noite de elegância, música e, é claro, dança, que é a marca registrada da nossa amada cidade. Esperamos por vocês lá!- Maya perplexa com o que tinha acabado de ler, olha pra Georg com confusão evidente no rosto- Mas como você conseguiu isso? O prefeito não gosta de vocês!
- Bem, vamos dizer que o Bill deu um jeitinho- Ele disse em quanto um sorriso sarcástico surgiu nos lábios dele- Além disso-, continuou ele- podemos encontrar um dos caras do Jake lá. Temos um plano. Espero vocês no quarto do porão às 7.
Antes que eu pudesse retrucar ou expressar minhas preocupações, Georg já havia abandonado a cozinha, deixando-me sozinha com meus pensamentos. Suspirei profundamente, sentindo-me exausta com todas as complicações que vêm com essa vida de gangster. E o pior é que eu nem faço nada de realmente perigoso.
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𝗗𝗘𝗔𝗧𝗛𝗦- 𝘛𝘰𝘮 𝘒𝘢𝘶𝘭𝘪𝘵𝘻
FanfictionMadelyn Miller, decidida a viver uma vida normal como qualquer outra mulher mudando seu sobrenome tão temido pelos os outros. No auge dos 18 anos, ela acreditava em esquecer seu passado indo para uma república de faculdade onde se sentia em casa, ma...