01_ Quem é você??

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ㅡ AAAAAAHHHH!! ㅡ Gritei quando percebi que tinha um cara no meu quarto.

ㅡ AAAAHHHHHH!! ㅡ Ele gritou junto comigo.

ㅡ Quem é você?! ㅡ Perguntei sem tirar os olhos dele, mas ao mesmo tempo tentando encontrar algo ao redor para me defender. ㅡ Como entrou no meu quarto?!

ㅡ Eu que pergunto isso! Eu estava na minha casa com a minha avó e de repente to aqui! ㅡ Franzi as sobrancelhas sem entender o que estava acontecendo.

ㅡ Isso é algum tipo de brincadeira?? ㅡ Olhei rapidamente para o meu lado e vi uma vassoura apoiada na parede. A peguei e apontei o cabo para ele, que instantaneamente ergueu as mãos. ㅡ Eu vou chamar a polícia!

ㅡ Eu que vou chamar a polícia, porque acho que estou sendo sequestrado! Socorro! Socorro! ㅡ Ele começou a gritar e eu abaixei a vassoura.

ㅡ Você está de palhaçada?? Eu vou te bater! ㅡ Ameacei bater nele com a vassoura e ele deu um passo ríspido para trás, tampando o rosto com os braços.

ㅡ AAHH!! ELA VAI ME MATAR!! SOCORRO!! ㅡ Ele voltou a gritar. Ouvi o som da porta da frente se abrir e olhei na direção da sala, onde minha mãe entrava.

ㅡ Mãe, mãe, mãe! Pelo amor de Deus, tem um maluco aqui! Vem rápido! ㅡ Pedi ainda apontando a vassoura na direção dele.

ㅡ O que? Do que tá... ㅡ Minha mãe chegou perto de mim e parou de falar quando viu o cara. ㅡ Quem é ele? ㅡ Ela arregalou os olhos e abriu um sorriso para mim. ㅡ Você trouxe um cara pra casa? Ele é seu namorado? ㅡ Perguntou como se fosse a novidade que ela mais quisesse ouvir na vida.

ㅡ O que?? Não! Eu não... Conheço ele! Ele invadiu a nossa casa e ainda ta fazendo piadas. ㅡ Minha mãe fez uma careta confusa e olhou na direção do rapaz. Ela abaixou a vassoura que eu estava segurando e parou um pouco mais perto dele.

ㅡ Qual o seu nome? ㅡ Ela perguntou.

ㅡ Sucri.

ㅡ Sucri? Que diabos de nome é Sucri? Seus pais queriam que você sofresse bullying? ㅡ Questionei.

ㅡ E qual é o seu? ㅡ Ele me encarou.

ㅡ Morgana.

ㅡ Se eu praticasse bullying, te chamaria de margarina. ㅡ Arregalei os olhos com a audácia.

ㅡ O que? Eu vou te... ㅡ Ergui a vassoura novamente, mas minha mãe a segurou, me impedindo de ir para cima do tal Sucri.

ㅡ Parem, vocês dois! ㅡ Ela exclamou.

ㅡ Espera... ㅡ O cara me olhou com um olhar diferente. Como se estivesse chocado ou coisa do tipo. ㅡ Você se chama Morgana?

Alguns dias antes...

Já se sentiu deslocado? Como se não se encaixasse em lugar algum? Como se fosse uma peça de um quebra-cabeça sobrando? É assim que eu me senti praticamente a vida inteira.

Me chamo Morgana, hoje tenho 19 anos, mas desde criança me sentia como um peça de xadrez no tabuleiro errado. Não conheci os meus pais, não sei o que aconteceu com eles e, na verdade, não sei absolutamente nada sobre eles. Parece até que eles nunca existiram, porque não deixaram nenhum rastro para que eu os encontrasse. Ou talvez, só não quisessem que eu os encontrasse.

Ainda bebê fui deixada na porta da casa da Ludmila. Ela morava com a mãe e só tinha 13 anos quando isso aconteceu. Minha história parece até um conto de fadas: a bebê largada numa cestinha na porta da casa dos outros... Só que... Essa é a realidade. Eu dei muita sorte de ter sido deixada na porta da casa de pessoas tão boas.

Amor à primeira linha IIOnde histórias criam vida. Descubra agora