22_ Para! Ta machucando ele!

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Eu queria dizer que eu não pensei direito, que não sabia o que estava fazendo ou que agi por puro impulso. Mas não havia sido isso. Eu tinha pensado, e tinha pensado muito. Eu estava certa daquilo quando beijei Sucri.

E não me arrependi.

Diferente do meu primeiro beijo, em que fui vítima de aposta, aquele beijo tinha sido mais que apenas um beijo. Eu podia sentir os sentimentos de Sucri para comigo. E foi indescritível. Sucri conseguia me fazer sentir amada sem nem dizer uma palavra.

É claro que ele foi pego de surpresa. Quando me separei dele, seus olhos ainda me encaravam com espanto. Contudo, não se passou nem dois segundos e ele soltou a câmera pendurada em seu pescoço, puxou a minha cintura com uma de suas mãos e a outra puxou meu rosto na direção do dele.

Ele me beijou de novo. Dessa vez, mais preparado e com mais vontade. Nossos corpos se uniram quando ele me puxou e colocou a câmera para suas costas. O beijo era meio necessitado, como se ele estivesse esperando por aquele momento tinha muito, muito tempo.

Nos separamos para respirar e tudo o que eu sentia era o meu coração bater forte e rápido com nunca.

As mãos de Sucri não se soltaram de mim. Ele permaneceu segurando o meu rosto, tocando a minha bochecha com a palma de sua mão quente enquanto seus olhos continuavam focados em mim, perto o suficiente para o hálito dele chegar no meu rosto.

Ele sorriu. Abriu um sorriso contente ao passo que abriu a boca para dizer algo. Mas, ele foi interrompido. Interrompido por algo que fez o meu coração acelerar de novo, só que com medo, pavor, desespero.

Eu não soube como reagir direito quando Sucri começou a desaparecer na minha frente. Como... como se fosse um holograma! Partes dele estavam desaparecendo enquanto ele se contorcia, caindo de joelhos no chão e gemendo de dor.

ㅡ Sucri! Sucri! Meu Deus... ㅡ Me ajoelhei para ficar a sua altura e segurei em seus ombros. Partes de seu corpo ainda sumiam e apareciam como se fosse um tipo de falha. ㅡ Para! Ta machucando ele! Para! ㅡ Gritei acreditando que o Montgomery poderia me escutar. Meus olhos lacrimejaram vendo Sucri se contorcer e gemer de dor como se suas partes estivessem mesmo sendo arrancadas dele.

Eu já estava chorando quando tudo parou. Seu corpo voltou ao normal, ele relaxou sentado no chão e eu sequei o meu rosto encarando o céu. Eu não estava entendo. Eu não estava compreendo o que tinha acabado de acontecer e nem porque.

Meu peito doía. Doía só de imaginar ele desaparecendo daquele jeito e não aparecendo mais.

ㅡ Sucri... ㅡ Peguei em sua mão e ele passou a outra mão na cabeça. ㅡ Você... você ta bem? Ta sentindo alguma coisa? Ainda ta doendo? ㅡ Ele permaneceu com a cabeça baixa. ㅡ Sucri, por favor, fala comigo.

ㅡ Por que isso ta acontecendo comigo? ㅡ Sua voz embargada e os olhos vermelhos destruíram o meu coração.

ㅡ Eu não sei... ㅡ Murchei no meu lugar. ㅡ Mas, acho que é tudo culpa minha.

ㅡ Por que acha isso? ㅡ Sua voz mal saía. Ele parecia cansado, como se aquilo tivesse tirado todas as suas forças.

ㅡ Eu que escrevi naquele maldito caderno que você vinha pra cá. Eu te tirei da dua realidade e da sua família. Eu te trouxe pra cá e agora você está sofrendo. ㅡ As lágrimas voltaram a embaçar os meus olhos assim como a culpa que carreguei durante toda a minha vida voltava a me assombrar.

ㅡ Morgana... ㅡ Ele tentou se levantar, mas não conseguiu, então rapidamente me coloquei de pé e o ajudei, colocando seu braço por cima de meus ombros. ㅡ Eu não... não quero discutir sobre isso. ㅡ Tossiu algumas vezes para tentar fazer sua voz sair melhor. ㅡ Você não tem culpa e mesmo que eu precisasse escolher entre vir pra cá ou não, eu viria.

Amor à primeira linha IIOnde histórias criam vida. Descubra agora