Ficamos uns dez minutos parados enquanto eu pesquisava as melhores rotas para chegarmos aos Estados Unidos. Ligamos o GPS do Motorhome e ele finalmente conseguiu sair com o trailer. Para garantir, deixei o meu celular no Google maps com ele também.
Deixei Sucri na parte da frente dirigindo e me sentei no pequeno sofá que tinha na " cozinha ". Eu estava com um livro que estava super interessante, mas não conseguia ler, muito menos me concentrar. Li o mesmo parágrafo várias vezes e mesmo assim não entendi nada.
Fechei o livro e bufei. Deixei-o sobre o sofá e me levantei. Com dificuldade me dirigi até a parte da frente e me sentei no banco do passageiro.
ㅡ Já sentiu saudades? ㅡ Ele brincou.
ㅡ Não, só entediada. E nem saímos do Rio ainda. ㅡ Suspirei encarando a BR na nossa frente.
ㅡ Já está entediada? Sabe que vai demorar uns dias para chegarmos lá, né? ㅡ Assenti com a mesma expressão de quem já estava trancada naquele trailer a meses, mesmo não estando nem uma hora direito. ㅡ Sinto muito por isso. Talvez isso tudo seja culpa minha.
ㅡ Por que ta falando isso? ㅡ O olhei.
ㅡ Eu que apareci do nada e agora to te tirando do seu país, da sua casa e da sua mãe. ㅡ Balancei a cabeça.
ㅡ Eu que sou a solitária que escreveu no caderno que você saía do livro. Eu que te tirei dos seus amigos, da sua avó e da sua realidade. ㅡ Abracei meus braços. ㅡ Ou sei lá, talvez minha mãe esteja certa e tudo isso é coisa do destino. Ou do Montgomery.
Um silêncio dominou o motorhome. Ambos ficamos calados até que ele, completamente do nada, ligou o rádio na estação local.
ㅡ Ooouu!! Esse é o meu som! ㅡ Ele começou a balançar a cabeça e batucar os dedos no volante. ㅡ Carry on, my wayward son
There'll be peace when you are done... ㅡ Ele cantou junto da música, completamente desafinado e empolgado.ㅡ Eu pensei que você cantasse bem, você não tem uma banda? ㅡ Fiz uma careta.
ㅡ Eu canto bem. ㅡ Ele continuou balançando a cabeça no ritmo do rock que eu só conhecia por causa de Supernatural. ㅡ Só que só quando preciso.
ㅡ Então, canta bem pra eu ver se é verdade mesmo. ㅡ Virei um pouco de lado para encara-lo.
ㅡ Ah, não to com vontade, não. ㅡ Franzi as sobrancelhas e ri negando com a cabeça.
ㅡ Ta com vergonha ou o que?
ㅡ É, você me deixa nervoso. ㅡ Arqueei as sobrancelhas.
ㅡ Eu te deixo nervoso? ㅡ Ri de novo.
ㅡ É. ㅡ Ele respondeu de uma forma tão sincera e tão calma que eu até parei de rir. Sucri voltou a cantar desafinadamente enquanto balançava a cabeça e batucava no volante e eu voltei a olhar para a frente.
Por vários minutos e várias músicas eu fiquei quieta enquanto só ouvia ele cantarolar junto das aleatórias músicas que tocava naquele rádio. Acho que nunca conheci uma pessoa com gosto tão eclético para música. Ele cantou todas, e tocou de tudo! Tocou músicas internacionais, desde pop à rock. Tocou umas músicas em outro idioma, que eu não conhecia, tocou mpb, sertanejo e até música gospel, e ele conhecia todas. Um silêncio pairou por um momento, como se a rádio tivesse ficado fora do ar ou coisa do tipo. Eu olhei para a janela tentando reconhecer onde estávamos, mas foi quando aquele toque começou. A música que meche profundamente comigo e que eu não resisto. Sabia que estava prestes a ficar igualzinha a ele e cantar desafinadamente junto da voz da Taylor Swift.
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Amor à primeira linha II
RomanceSEGUNDO LIVRO DA SÉRIE MONTGOMERY E se você escrevesse uma história de amor na qual você é a personagem principal e inventasse o cara perfeito que se apaixona por você? E se, de repente, ele saísse magicamente do livro e caísse no seu quarto?