16_ Meu primeiro beijo

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Um frio percorreu a minha espinha só de pensar que ele iria me beijar. Ele ia me beijar! Ta, não seria a primeira vez que eu beijaria alguém, por mais incrível que pareça.

Meu primeiro beijo foi no Ensino médio. Escola nova, aluna nova, garotos ridículos que gostam de apostar e lá se foi o meu primeiro beijo numa pessoa que pensei que gostasse de mim, mas era só uma aposta. Acho que tudo na minha vida é meio clichê, só que o clichê ruim. Ser abandonada numa cesta na porta de estranho, ser vítima de uma aposta...

Pensar na possibilidade de Sucri me beijar ali me pareceu ótima. Não porque eu gostava dele e queria muito aquilo, óbvio que ele era extremamente atraente, mas gostei da ideia de ser beijada por ele porque ele gostava mesmo de mim. Gostei da ideia de ser beijada por ele porque isso finalmente me permitiria entender qual era a sensação de ser beijada por alguém que realmente tem sentimentos por mim. Mas, seria errado. Eu não o estaria beijando por gostar dele, mas só para saber como era um beijo de verdade.

Para minha sorte, eu acho, uma trovoada soou tão forte e tão alto que eu dei um grito e tapei minha boca com as mãos. Sucri também se assustou, mas acho que mais com o meu grito do que com a trovoada.

Ele se levantou, saindo de cima de mim e eu me levantei de imediato. Mais uma trovoada soou e eu corri para o quarto, me encolhendo em cima da cama.

ㅡ O que foi? ㅡ Sucri apareceu na porta do quarto. ㅡ Você tem medo? ㅡ Assenti sem dizer uma palavra. Pode parecer um medo infantil, mas comecei a ter muito medo de raios e trovoadas depois que um raio caiu no teto da escola que estudei quando tinha uns cinco ou seis anos. Desde então morro de medo dessas chuvas pesadas, ainda mais estando num trailer que nem sei se puxa raio ou não. ㅡ Vem cá. ㅡ Sucri se deitou ao meu lado e me deu o celular o fone. Ele colocou a primeira música de alguma playlist minha e indicou que eu colocasse os fones, provavelmente para não ouvir a chuva.

Incomplete de Backstreet boys começou a tocar nos meus ouvidos. Ele abriu os braços e eu franzi as sobrancelhas. Mais uma trovoada alta soou e eu não pensei duas vezes antes de me aproximar dele e me deitar ao seu lado, entre seus braços.

Sucri me abraçou e ficou encarando o trailer com as luzes apagadas. Eu o olhei enquanto a música soava e me senti... bem. Me senti segura. Senti que raio nenhum poderia me atingir só por estar dentro do abraço dele.

Ele fechou os olhos. Seus dedos acariciavam meu braço. Sua respiração era calma e seu cheiro era forte ali. Era estranho. Era estranho porque eu não conhecia aquele cara, mas sentia que conhecia.

Quando a música estava em seu ápice, um medo me bateu. Um medo porque me lembrei para onde estávamos indo e para que. Sucri voltaria para sua realidade e eu não o veria mais. De repente a ideia dele ter que ir embora me doeu.

Ele abriu os olhos e percebeu que eu o estava olhando, mas eu não disse nada, apenas abaixei a cabeça e me apoiei no peito dele. Eu precisava me lembrar que isso era muito mais do que apenas sobre nós dois, era sobre ele precisar voltar para sua casa, sua família e sua vida, e sobre eu descobrir quem sou.

[...]

Acordei sozinha na manhã seguinte. Procurei por Sucri pelo trailer, mas achei apenas um bilhete dizendo que ele já voltava. Decidi fazer o café da manhã, porque estava morrendo de fome, e assim que terminei, ele chegou. Chegou com duas bolsas de papéis bem grande.

ㅡ Bom dia, Rapunzel. ㅡ Ele sorriu colocando as bolsas sobre a mesa.

ㅡ O que é tudo isso? ㅡ Tentei olhar o que tinhas sacolas, mas ele não deixou, se colocando entre mim e as bolsas.

ㅡ Nossas fantasias. ㅡ Arqueei as sobrancelhas.

ㅡ Você estava falando sério sobre irmos à festa da fraternidade?

Amor à primeira linha IIOnde histórias criam vida. Descubra agora