02_ Sucrilhos

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ㅡ Mãe? ㅡ Fechei a porta de casa após entrar. O silêncio prevaleceu por todos os cômodos, então deduzi que ela não estava em casa. Devia estar em sua loja. A loja de roupas dela era consideravelmente grande, o que significa que tinha muitos funcionários, o que significa também que ela não estava lá todos os dias. Então, eu nunca sabia se ela estaria em casa quando eu chegasse do curso.

Deixei a mochila no meu quarto, tirei os tênis, peguei uma roupa aleatória no guarda-roupa e fui tomar um banho. Depois que terminei, fui direto para a cozinha procurar algo para comer. Eu estava morrendo de fome.

Acabei pegando um cereal. Coloquei na tigela com um pouco de leite e voltei pro meu quarto. Coloquei a tigela sobre a minha escrivaninha e puxei a minha mochila novamente. Tirei apenas o caderno novo e o estojo e os coloquei na minha frente.

ㅡ Ok... ㅡ Estralei os dedos. ㅡ Não deve ser tão difícil.

Trinta minutos depois...

ㅡ Eu sou péssima nisso! ㅡ Resmunguei já pensando em desistir. ㅡ Não consegui pensar em nada! Como esses escritores conseguem? Devem ter mente de titânio. ㅡ Joguei a cabeça para trás e passei as mãos no rosto. ㅡ Ta, vamos lá. Vamos começar por... Personagens. Quem serão meus personagens? ㅡ Perguntei para mim mesma encarando as folhas ainda limpas do caderno. ㅡ Eu. ㅡ Dei com os ombros. ㅡ Assim não preciso inventar, dá menos trabalho. ㅡ Abri a gaveta da minha escrivaninha e puxei um papel em branco para colocar as informações.

Coloquei o meu nome como a personagem e parei para pensar no tema. Do que seria?

Observei a minha pequena coleção de livros. Eu gostava de ler, mas levava mais de um mês para terminar um livro, então não tinha muitos.

Olhei para cada um deles e percebi que eram todos de romance. Nossa, eu realmente só leio romance?

Voltei ao papel a minha frente e anotei que seria um romance. Seria melhor escrever sobre um assunto que estou acostumado a ler, pelo menos eu acho. Digo, acho que nunca vou conseguir escrever um gênero diferente. Imagina eu escrevendo um terror? Só se eu colocasse um Bu! E torcesse pro leitor tomar um susto.

ㅡ Leitor... ㅡ Ri dos meus próprios pensamentos. Como se eu estivesse escrevendo um livro que seria publicado. Fora a professora, não vou deixar ninguém ler isso.

Após anotar que seria um romance, percebi que precisaria criar um personagem masculino. A começar pelo nome.

Fiquei uns bons minutos tentando pensar em algum nome que não fosse tão grande, para não dar tanto trabalho de ficar escrevendo várias vezes, e que não fosse tão óbvio.

Larguei a caneta quando pensei em desistir pela quinta vez.

Cruzei os braços e encarei a tigela já vazia, do cereal que eu tinha comido.

ㅡ Sucrilhos... ㅡ Falei para mim mesma. ㅡ Sucri. ㅡ Pensei, pensei e pensei e escolhi um nome horrendo. ㅡ Ai, serve. ㅡ Escrevi o nome do personagem na folha e comecei a pensar na ideia. ㅡ Vamos lá... Eu consigo.

[...]

ㅡ Morgana, eu to saindo. ㅡ Minha mãe apareceu na porta do meu quarto usando um vestido estilo tubinho. Ela tinha salto nos pés, maquiagem no rosto e o cabelo estava solto. ㅡ Não me espere acordada, ok?

ㅡ Você está bonita. ㅡ Ela sorriu.

ㅡ Obrigada! Tem frango no forno. Não durma sem jantar! ㅡ Disse a última a frase segundos antes de passar pela porta da sala e fecha-la.

Eu já tinha acostumado a ficar sozinha a noite, já que ela saía quase todo santo dia. E as noites em que ela ficava em casa, seus amigos estavam aqui. Enfim, uma vida bem mais agitada que a minha.

Amor à primeira linha IIOnde histórias criam vida. Descubra agora