09_ Destino

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A noite chegou naquele dia caótico. Minha mente nunca esteve tão confusa. Pensar que eu tinha alguma coisa a ver com o Montgomery, ou que o Montgomery tinha alguma coisa a ver comigo e com o meu passado, meu assustava.

Ludmila estava convencida de que eu precisava mesmo viajar com o Sucri. Eu estava achando que ela tinha ficado louca de me deixar viajar sozinha com um cara que nunca vimos na vida, mas... Agora... Eu já não sei mais. Será que eu estava mesmo destinada a encontrar esse livro? E se sim, será que o Sucri também está envolvido nessa coisa toda? Será que também era destinado que ele me encontrasse?

Me joguei para trás na cama. Minha cabeça já estava latejando com tantas perguntas sem respostas.

" falava algo sobre cuidar de você por um tempo, porque o Montgomery provavelmente te encontraria. "

A voz da minha mãe ecoou na minha cabeça novamente e eu me levantei. Tirei a coberta que estava por cima do meu corpo e a joguei ao pé da cama. Caminhei pelo meu quarto escuro e abri a porta. Congelei na porta quando vi Sucri deitado no sofá. Lud tinha arrumado tudo para ele dormir ali e eu tinha me esquecido.

Congelei porque ele não estava dormindo. Estava deitado olhando pra mim, sem camisa e com as mãos atrás da cabeça. A luz do cômodo estava apagada, mas eu ainda podia enxergar muito bem.

ㅡ Que foi? Por que ta com essa cara? ㅡ Ele perguntou me fazendo voltar a mim.

ㅡ Nada. ㅡ Balancei a cabeça e fechei a porta do quarto. ㅡ Eu tinha esquecido que você estava aqui. ㅡ Fui até a cozinha, peguei um copo de água e bebi. Pensei muito, mas no final levei um para ele também e lhe entreguei, sentando na ponta do sofá. ㅡ Eu fiquei tão ocupada surtando o dia todo que não perguntei... Como é tudo isso pra você? ㅡ Ele ficou em silêncio me olhando, como se não soubesse muito bem como explicar.

ㅡ É uma loucura, eu acho. ㅡ Ele coçou a cabeça e ajeitou a postura. ㅡ Eu não to em casa, na verdade, to bem longe de casa. Não sei como vou voltar, não sei se essa tal Arizona vai poder mesmo me ajudar, não sei como está a minha avó, se ela está preocupada comigo, não sei sobre os meus amigos... Na real, se tudo não estivesse diferente, eu ainda pensaria que você e sua mãe me sequestraram.

ㅡ Se você não tivesse acertado tanto sobre coisas que eu só pensei e não contei pra ninguém, também pensaríamos que você é só um maluco que invadiu nossa casa. ㅡ Ele riu olhando na direção da televisão desligada, o que me permitiu ver a enorme cicatriz no seu pescoço, que começava perto da orelha e ia até o seu ombro. ㅡ Meu Deus...

ㅡ O que foi? ㅡ Olhou para mim novamente. ㅡ Tem um bicho em mim?? ㅡ Ele deu uns tapas desesperado no pescoço, o que apenas me fez rir com as mãos na boca para não acordar minha mãe.

ㅡ Deixa de ser idiota, não tem bicho aí. ㅡ Ele parou de se debater. ㅡ É só... Essa cicatriz. ㅡ Apontei. ㅡ Me lembro de ter planejado colocar você com uma cicatriz na história para te deixar mais... Amedrontador e intimidador.

ㅡ E funcionou? ㅡ Ele forçou uma expressão séria.

ㅡ Assim até parece um pouco. ㅡ Ele murchou a pose de sério e sorriu. ㅡ Lembro que eu ia colocar que foi numa...

Briga de bar... ㅡ Falamos juntos e novamente fiquei assustada.

ㅡ Foi um dia bem louco. ㅡ  Ele riu. ㅡ E eu nem fazia parte da briga, só entrei lá pra comprar amendoins. ㅡ Ri ouvindo o motivo bobo que eu não tinha imaginado. Acho que tudo era igual, menos a personalidade dele. ㅡ Acha que essa Arizona vai conseguir me ajudar?

ㅡ Eu não sei. ㅡ Voltamos a ficar naquele clima tenso de perguntas e dúvidas sem resposta. ㅡ É muita informação e muita loucura para um curto período de tempo. Eu não sei nem o que pensar direito.

Amor à primeira linha IIOnde histórias criam vida. Descubra agora