O meu celular começou a tocar, interrompendo o momento desabafo do Sucri. Era minha mãe.
ㅡ Oi, mãe! ㅡ Atendi a chamada de vídeo. Ela estava em casa, parecia estar sentada no sofá vestindo... O meu pijama?? O raio do pijama que eu confundi e trouxe a camisola sexy dela no lugar.
ㅡ Oi, mãe! ㅡ Sucri apareceu ao meu lado, sorrindo e acenando para minha mãe.
ㅡ Por que está com meu pijama? ㅡ Ela encarou a roupa que vestia.
ㅡ Ah, deve ser porque levei pro banheiro pra vestir depois do banho, achando que era a minha lingerie, mas era o seu pijama. Era o seu pijama porque você, bonita, levou a minha lingerie. ㅡ Meus lábios formaram uma linha reta e Sucri me encarou.
ㅡ Você trouxe uma lingerie? ㅡ Ele perguntou.
ㅡ Foi sem querer, pensei que fosse meu pijama. ㅡ Falei entre dentes e encarei a minha mãe.
ㅡ Como vocês estão? Onde estão? ㅡ Minha mãe começou a bater um papo aleatório com a gente. Perguntou como estávamos e quando vi, ela e Sucri estavam falando sobre o papagaio chamado Dobby que ele tem em sua realidade. Quando percebi, ele quem estava com o celular conversando com ela e eu estava deitada na cama só olhando os dois rirem e conversarem.
ㅡ Adoro sua mãe. ㅡ Ele me entregou o celular após a chamada terminar.
ㅡ Desde quando vocês dois são tão amigos? ㅡ Deixei o celular de tela na cama e o encarei, deitada de lado.
ㅡ Sei lá. ㅡ Ele deu com os ombros. Eu achava tão incrível essa facilidade que as pessoas tinham de ser sociáveis e amigáveis umas com as outras e de criar amizade tão rápido. ㅡ Vai ver ela só percebeu o quão sou incrível e me amou. Todo mundo me ama. ㅡ Sorriu convencido.
ㅡ Ah, é. Claro. Me esqueci desse detalhe evidente. ㅡ Sucri sorriu com o meu sarcasmo e se deitou, repentinamente, na minha frente. O seu rosto parou tão perto do meu que a surpresa fez o meu rosto ficar vermelho na hora.
ㅡ Eu gosto mesmo de você, sabia? ㅡ Seus olhos estavam sorrindo juntamente com seus lábios. Meu coração palpitou erroneamente e, sem perceber, me peguei sorrindo. ㅡ Sinto por tudo estar acontecendo de uma maneira confusa.
ㅡ Preferia que fosse tudo mais comum? Tipo... Um esbarro na rua, como você mesmo disse?
ㅡ Sei lá, acho que sim. Ou... Um esbarro na cafeteria. ㅡ Sorri junto dele. ㅡ Me fala, como você imaginava conhecer a pessoa por quem se apaixonaria.
ㅡ Eu não vou te falar isso. ㅡ Balancei a cabeça e me virei para cima, encarando o teto do trailer.
ㅡ Ué, por que não? ㅡ Ele se sentou para olhar pra mim.
ㅡ Quer que eu te conte a fanfic que criei na minha cabeça quando tinha, sei lá, uns quinze anos? ㅡ Arqueei a sobrancelha.
ㅡ É lógico. ㅡ Respondeu como sendo uma coisa totalmente óbvia.
ㅡ Ah, não. É vergonhoso. ㅡ Balancei a cabeça e virei o meu corpo para o outro lado. Não satisfeito com a minha resposta, Sucri se inclinou por cima de mim, me esmagando. ㅡ Sucri, sai daqui!
ㅡ Não, só depois que me contar seu conto de fadas. ㅡ Olhei para ele com uma careta. Sua expressão era daquelas que ele não desistiria fácil, ou nunca.
ㅡ Ok... ㅡ Concordei. ㅡ Mas, sai antes que você me sufoque. ㅡ Sucri se levantou e eu respirei fundo com os olhos fechados. ㅡ Uma vez, assisti um filme de romance italiano. Eu tinha quinze anos e a Lud estava começando a me deixar sozinha em casa a noite para sair para suas festas. Coloquei esse filme para ver e no fim saí suspirando de amores por alguém que nem existia. Fui deitar para dormir e, como boa fanfiqueira, imaginei a minha cena dos sonhos. Eu acordava numa casa colorida feita de pedras e janelas bem grandes de cores chamativas, tipo um azul. Da minha janela era possível ver o mar e na porta tinha um vestido de cetim lindo e leve pendurado. Eu me vestia, saía da casa e me deparava com uma espécie de vila italiana muito bonita e colorida. Era sol e parecia verão. Eu passava pela rua e rapidamente encontrava uma venda, padaria, sorveteria ou coisa do tipo. Eu entrava e olhava as prateleiras. Até que meus olhos focavam no balcão, onde tinha um cara. Ele era bonito e bem vestido. Parecia amigos de todos e ali e bebia um café gelado. ㅡ Olhei para Sucri que me encarava sem reação nenhuma. ㅡ Deixa isso pra lá.
ㅡ Ué, por que parou?
ㅡ Isso é besteira, e muito constrangedor. Assisti um filme bobo e fiquei imaginando bobeira. Esquece o que eu disse.
ㅡ Okay... ㅡ Ele disse em tom de rendimento.
[...]
ㅡ O que aconteceu?? ㅡ Corri para a frente do motorhome quando ouvi um barulho estranho e ele começou a parar.
ㅡ Eu não sei, parece que pifou. ㅡ Sucri soltou as mãos do volante parecendo tão confuso quanto eu.
ㅡ Pifou? Ai, que ótimo. ㅡ Resmunguei. Olhei pelo parabrisa para ver onde estávamos. ㅡ Onde estamos?
ㅡ Em algum lugar do México. ㅡ Sucri saiu do banco do motorista e passou por mim. O espaço para sair do local do motorista para chegar até a cozinha era como um corredor pequeno, e como eu já estava parada ali, ele passou bem perto de mim. Sua mão tocou a minha cintura para que eu saísse um pouco da frente e eu senti um arrepio percorrer a minha pele. Fazia alguns dias desde que descemos da balsa e seguimos viagem. Fazia alguns dias desde que nos beijamos pela primeira vez e eu ainda me sentia estranha quando sentia o toque dele.
Sucri abriu a porta do motorhome e saiu. Fui atrás dele e apertei os olhos quando a luz do sol quente bateu no meu rosto.
Eu não tinha ideia de onde estávamos, era uma cidade com casas que mais parecia uma vila. Alguns sobrados com varadas repletas de plantas e sacadas coloridas, algumas mercearias, becos repletos de vasos de flores e roupas estendidas em varais na rua mesmo, ligados de uma casa a outra. Era bonito, mas eu estava tensa demais com a fumaça saindo do motorhome para admirar o lugar.
ㅡ O que vamos fazer? Ele quebrou de vez? E agora? ㅡ Sucri encarou em volta com as mãos na cintura e uma careta no rosto.
ㅡ Tem uma oficina ali. ㅡ Ele apontou para um lugar que eu nem havia notado. ㅡ Já volto. ㅡ Sucri foi até a tal oficina e eu encarei o motorhome.
ㅡ Droga, trailer. ㅡ Resmunguei.
Fiquei um tempo parada ali até Sucri voltar com um senhor com uma blusa suja de graxa. Ficamos um bom tempo até Sucri conseguir explicar para o homem que só falava espanhol o que tinha rolado com o trailer. Quando finalmente conseguimos, um carro guincho veio buscar o trailer e levou até a oficina do homem.
ㅡ O que vamos fazer? Será que vai demorar muito? E se a gente atrasar demais? E se não der tempo e... ㅡ Sucri me puxou para ele num ato rápido e me abraçou. Meu coração estava acelerado com o desespero e eu só percebi quando ele se acalmou ao sentir os braços de Sucri me envolvendo.
ㅡ O que eu falei sobre se preocupar demais? ㅡ Sua voz soou perto do meu ouvido logo antes dele depositar um beijo no topo da minha cabeça. ㅡ Vem. ㅡ Nos separamos, ele pegou na minha mão e nós entramos no bairro colorido e convidativo sem saber quando sairíamos dali.
•••
Continua...
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Amor à primeira linha II
RomanceSEGUNDO LIVRO DA SÉRIE MONTGOMERY E se você escrevesse uma história de amor na qual você é a personagem principal e inventasse o cara perfeito que se apaixona por você? E se, de repente, ele saísse magicamente do livro e caísse no seu quarto?