ㅡ Ele está se sentindo melhor? Tem certeza de que já estão prontos para voltar a viajar? Podem ficar mais uma diária se quiserem, eu não cobro. ㅡ A senhora disse após eu terminar de pagar a diária.
ㅡ Infelizmente, precisamos mesmo ir. ㅡ Nem pensar que eu perderia mais tempo. Precisávamos chegar logo aos Estados Unidos. ㅡ Mas, muito obrigada. Esse lugar é muito bonito e eu certamente ficaria mais tempo se pudesse. ㅡ Eu moraria ali se pudesse. Nunca me esqueceria daquele lugar.
Meu olhos passearam pela parede atrás do balcão enquanto a mulher calculava o troco. A parede era de tijolos grossos e arredondados nas pontas, tudo pintado na cor areia. A janela atrás dela era de madeira e pintada num azul forte e brilhante. Também era possível ter uma visão do mar dali. Haviam plantas, como sempre, enfeites de natal e uns porta retratos. Um me chamou atenção. Parecia ela, mais nova, abraçada a um homem de chapéu de palha na cabeça e bermudas jeans cargo. Eles estavam na frente do Cristo redentor. O homem imitava o Cristo enquanto ela o abraçava com um sorriso e os cabelos esvoaçando sobre o rosto.
ㅡ A senhora já foi ao Brasil? ㅡ Fiz uma pergunta besta.
ㅡ Hm? ㅡ Ela percebeu que eu estava olhando para a foto e sorriu. ㅡ Ah, é. Na verdade, eu nasci lá. Nasci e cresci. ㅡ Me senti desatenta. Eu devia ter imaginado só pelo fato dela falar um português tão bem e sem sotaque algum, a não ser o carioca. ㅡ Já faz muitos anos que não piso os pés no Brasil.
ㅡ Por que decidiu se mudar?
ㅡ Juan. ㅡ Ela indicou o homem da foto com um sorriso apaixonado. ㅡ Ele viajou a trabalho para o Brasil e nós nos conhecemos. A princípio eu não gostei muito dele, era todo bobão e não conseguia levar nada a sério. Nem sabia como ele tinha arranjado emprego. ㅡ Ri entendendo-a perfeitamente. ㅡ Mas, ele ia almoçar e jantar no restaurante que eu trabalhava todo santo dia. Ficava longe a beça do hotel que ele estava hospedado, mas ele fazia questão de dirigir por quase uma hora e meia só pra me perturbar. ㅡ Ri novamente. ㅡ Um dia ele se declarou. Disse que em breve teria que voltar para o México, mas que não queria ir sem antes dizer o que sentia por mim. Disse que até ficaria no Brasil se eu sentisse o mesmo. ㅡ Encarei-a com curiosidade, como se estivesse lendo algum livro de romance. ㅡ Eu disse que não queria que ele ficasse, que ele tinha uma vida e uma família no México. Mas, que eu iria com ele sem sombra de dúvida. Me esforçaria para arrumar um emprego lá e estabelecer minha vida, porque eu também estava apaixonada e não queria ficar longe dele.
ㅡ Como sabia que estava apaixonada?
ㅡ Eu queria estar com ele. Eu me sentia bem com ele. Algo dentro de mim acendia sempre que eu o via. E eu sentia em mim sempre que ele passava por algo ruim, como se fossemos um só. ㅡ Ouvi o som de porta se fechando e olhei na direção do corredor. Sucri estava vindo devagar, segurando a mochila nas mãos. ㅡ Mas, acho que você já sabe o que é isso. ㅡ Suas palavras me fizeram sorrir.
ㅡ Eu posso levar isso, Sucri. ㅡ Tentei pegar a mochila de suas mãos quando ele se aproximou. Diferente da última vez, Sucri não se recuperou tão facilmente. Ele ainda estava mancando e andando com dificuldade.
ㅡ Eu também posso. ㅡ Disse como o teimoso que era. Deixei-o com a mochila, peguei o troco com a mulher, agradeci e nós dois saímos do hotel.
ㅡ Você é teimoso, cara... ㅡ Resmunguei caminhando ao seu lado na direção da oficina.
ㅡ Sou nada. ㅡ Respondeu como o teimoso que era, novamente.
ㅡ Então, me deixa levar a mochila. ㅡ Tentei pega-la novamente, mas ele apenas passou o braço para trás do corpo e me roubou um selinho quando me aproximei. Coisa que me pegou de surpresa e certamente fez o meu rosto corar.
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Amor à primeira linha II
RomanceSEGUNDO LIVRO DA SÉRIE MONTGOMERY E se você escrevesse uma história de amor na qual você é a personagem principal e inventasse o cara perfeito que se apaixona por você? E se, de repente, ele saísse magicamente do livro e caísse no seu quarto?