06_ Eu sou um personagem?

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ㅡ Mas, o que... ㅡ Peguei o caderno e o olhei. O olhei mesmo. Abri, folheei, olhei atrás e na frente. Como era possível? Eu estava ficando maluca? Tinha certeza que não estava escrito aquilo ali antes. ㅡ Eu to pirando, eu to pirando, eu to pirando... Eu devo estar sonhando. Acorda, Morgana, acorda!

ㅡ O que você está fazendo? ㅡ Minha mãe entrou no quarto preocupada.

ㅡ Mãe, eu... Eu acho que to ficando maluca. Ou não... Ou talvez seja real. ㅡ Ela deixou sua expressão de preocupada dar lugar à sua expressão de confusa. ㅡ Talvez seja, mas é impossível! Não faz sentido!

ㅡ Morgana, você está me assustando. ㅡ Ela voltou a me olhar preocupada.

ㅡ Mãe... ㅡ Me aproximei dela. ㅡ Eu acho que... Eu acho que aquele era o Sucri. Tipo... O Sucri!

ㅡ Sucri? Tipo? Da sua história? ㅡ Eu percebi que ela queria rir e eu nem podia julgar, mas agradeci mentalmente por ela ter segurado a risada.

ㅡ É! Eu sei que parece loucura, mas ele sabia de coisas que eu nem escrevi e não contei pra ninguém! Sem contar que é muito parecido com o cara que eu imaginei. ㅡ Peguei o caderno. ㅡ E olha só! Isso não estava escrito aqui antes! Era uma frase esquisita sobre alguma coisa que não lembro.

Minha mãe pegou o caderno da minha mão com a careta mais estranha que já vi ela fazer. Ela olhou o caderno, virou e olhou a parte de trás, folheou também e parou numa página.

ㅡ Ele se tornou real? ㅡ Ela me encarou. ㅡ Você acha que... O seu personagem se tornou real?

ㅡ Acho! Digo... Não. Sei lá! Eu sei que é impossível, mas como ele entrou aqui com a casa fechada? Como sabia do sobrenome? Da avó? Como podia ser tão parecido com algo que imaginei sendo que nunca o vi antes? ㅡ Passei a mão na minha cabeça, quase puxando meus cabelos. ㅡ Talvez seja só loucura, mas... Sei lá. Não é coincidência demais?

ㅡ Eu conheço esse nome... ㅡ Ela disse ainda analisando o caderno em suas mãos.

ㅡ Conhece? ㅡ Franzi o cenho.

ㅡ Eu acho que sim. Não... Não me é estranho. ㅡ Ela olhou a capa um pouco mais, mas balançou a cabeça e me entregou. ㅡ Ta me dando dor de cabeça.

ㅡ O que vamos fazer? ㅡ Apertei o caderno em minhas mãos e a olhei.

ㅡ Podemos tentar... Conferir. ㅡ Ela disse dando com os ombros.

ㅡ Como assim?

ㅡ Vamos até esse garoto e fazemos outras perguntas. Perguntas sobre coisas que você planejou para sua história mas não escreveu. Vamos ver se ele acerta. ㅡ Ela saiu do meu quarto.

ㅡ E se ele acertar?? ㅡ Apertei ainda mais o caderno.

ㅡ Bem... ㅡ Ela reapareceu na porta do quarto. ㅡ Vou te mandar pra Hogwarts, porque acho que você é uma bruxa. ㅡ Fiz uma careta com sua resposta, ela apenas riu e saiu do meu campo de visão. ㅡ Se troca, vamos atrás desse garoto. Onde podemos encontra-lo?

[...]

ㅡ Eu planejei que a casa da avó dele fosse nessa rua. Também não escrevi isso na história... ㅡ Descemos do Uber e caminhamos pela rua ainda molhada pela chuva de ontem.

ㅡ Então, como não prestamos queixa, os policiais devem ter liberado ele e ele veio para cá pensando ser a casa da avó dele... ㅡ Minha mãe concluiu minha linha de raciocínio e eu assenti. ㅡ Bem, se ele estiver aqui... Já vai ser uma resposta certa para as perguntas que faremos.

ㅡ Ele não vai estar aqui... ㅡ Disse mais torcendo do que afirmando.

Chegamos em frente a casa que eu tinha imaginado ser a casa da avó dele e me senti meio aliviada por não ver ninguém ali.

Amor à primeira linha IIOnde histórias criam vida. Descubra agora