12_ Uma lingerie??

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Novamente o silêncio tomou conta do motorhome. Um silêncio estranho. Acho que todo silêncio seguinte de uma declaração é estranho. Geralmente significa não reciprocidade e isso deixa tudo constrangedor.

ㅡ Você quer que eu pare de falar disso? ㅡ Voltei a focar meus olhos nele. Parte de mim queria, afinal, eu não pretendia ser conquistada. Mas, a outra parte não queria. A outra parte gostava de ouvir que alguém se interessava por mim.

ㅡ Eu... ㅡ Puxei o ar pelo nariz antes de prosseguir.

ㅡ Opa, casal! Boa noite! ㅡ Gelei no meu lugar com o susto quando um homem apareceu na porta do trailer. Ele devia ter, sei lá, uns quarenta e poucos anos. Ele tinha o sorriso daqueles personagens de filmes que geralmente são bobos engraçados.

ㅡ Boa noite. ㅡ Sucri respondeu se colocando de pé, não demorei a fazer o mesmo.

ㅡ Ainda bem que vocês não estavam fazendo nada, se não seria bem estranho eu aparecer aqui do nada, né? ㅡ Ele sorriu de novo. O homem deu um passo a frente, quase entrando no trailer. Sucri segurou meu pulso e me puxou para ficar um pouco mais atrás dele.

O homem não parecia perigoso, mas não me concentrei nisso porque o toque dele no meu pulso fez uma onda de choque percorrer o meu braço de uma maneira muito estranha. Estranha, mas não ruim.

ㅡ Posso ajuda-lo? ㅡ Sucri perguntou ainda na defensiva.

ㅡ Danado de ajeitado esse trailer de vocês. ㅡ Ele assentiu impressionado enquanto olhava de um lado para o outro. Quando seu olhar parou em nós, ele pareceu perceber que estávamos estranhando aquela intimidade toda. ㅡ Ah, me desculpe pelos maus modos. Eu sou o Ubirajara, mas podem me chamar de Bira. Eu cuido aqui do camping. Faço tour durante o dia, recepciono e ajudo se tiver algum problema com o carro.

A mão de Sucri afrouxou do meu pulso e logo depois a soltou a de vez para ir apertar a mão do homem que havia estendido a sua para cumprimenta-lo.

Levei minha mão até a outra e segurei o meu pulso, onde Sucri havia pego, pois minha pele estava de um jeito como se sentisse falta do calor da mão dele.

ㅡ É um prazer, Bira. Eu sou o Sucri e ela é a Morgana. ㅡ O homem acenou com a cabeça para mim e eu sorri repetindo o cumprimento.

ㅡ Sejam bem-vindos e fiquem a o vontade. Se precisarem de mim, é só gritar que eu apareço. Vocês vão embora logo amanhã cedo?

ㅡ É, nós temos um bom caminho ainda pela frente. ㅡ Sucri cruzou os braços e sorriu ao homem.

ㅡ Bom, se tiverem tempo e quiserem, tem um cachoeira no final do camping que é muito bonita. Muitos turistas estacionam aqui só por causa dela. ㅡ O homem saiu do nosso trailer e apontou numa direção que não se via nada pela falta de iluminação.

ㅡ Ta bom, obrigado pelo conselho. ㅡ Bira fez um sinal com o chapéu e saiu andando. Sucri fechou a porta do trailer e olhou para mim com as sobrancelhas arqueadas. ㅡ Que susto, eu pensei que ele ia matar a gente.

ㅡ Credo, para com isso. ㅡ Me sentei no banco atrás de mim.

ㅡ Vai querer visitar a tal cachoeira amanhã? ㅡ Ele se apoiou na bancada atrás de si.

ㅡ Não, não curto cachoeiras. Tenho medo. ㅡ Balancei a cabeça e puxei meus pés para cima do banco, dobrando os joelhos.

ㅡ Por que não?

ㅡ É tudo muito bonito, mas eu não sei nadar e essas coisas costumam ser fundas. Sem contar que tem todo tipo de bicho. Tenho pavor, principalmente de cobras. ㅡ O rosto de Sucri se contorceu numa careta. ㅡ Que foi?

Amor à primeira linha IIOnde histórias criam vida. Descubra agora