A Caçadora

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— Eu quero fazer amor com você.

Não há uma única parte do meu corpo que não reaja a essas palavras.

Engulo em seco. Enrijeço de imediato. Meu coração bate tão forte que eu consigo ouvi-lo. Minhas mãos enormes estão enfraquecidas, assim como minhas pernas. Sinto o suor por debaixo da roupa. O calor crescente se alastrando sob a pele. Aquela besta que eu tanto tento controlar querendo sair.

A encaro desacreditada, mas não há resquício algum de dúvida em seu olhar firme. Ellie me deseja, ela me quer tanto quanto eu a quero. E, assim como eu, deve estar cansada de esperar após longos seis meses de convivência diária.

Confesso que eu amo a vida que levamos juntas, a nossa rotina é perfeita, tê-la comigo e conhecê-la mais a cada dia é maravilhoso, ainda mais depois que começamos a sair eventualmente para o "mundo real", porém, depois que nosso status se atualizou para namoradas, tem sido muito difícil resistir a toda tensão sexual que nos cerca o tempo inteiro.

Estou com tanto tesão acumulado que todos os dias tenho acordado tão dura e desesperada que tenho que ir me aliviar no chuveiro antes do café da manhã. Eu só consigo pensar no corpo suado de Ellie malhando em nossa academia. Nos músculos dela. Em seus cabelos ruivos lisos e enormes. Nos lábios macios, carnudos e úmidos que me enlouquecem em qualquer beijo. Nas suas mãos delicadas, mas firmes e grossas que só de relar em mim já me fazem ensandecer. Eu não consigo desviar meus olhos da sua bunda redonda, firme e perfeita projetada nas calças. Nem dos seus seios médios, tão duros quanto sua bunda. E mesmo não devendo, inevitavelmente acabo me lembrando da ocasião terrível em que a estuprei, porque neste dia eu pude vê-la inteiramente nua, pude tocar seu seio, sentir o calor entre suas coxas me rodeando, suas entranhas, por pouco tempo, me devorando...

Se Deus existe, Ele é testemunha do tormento que tenho vivido nos últimos meses. Eu mesma estou espantada com o tamanho do meu tesão. Nunca desejei ninguém assim. Nunca tive um alvo específico. Mas claro que Ellie Williams tinha de ser a exceção disso. Ela é a exceção de tudo.

Toda vez que os amassos entre nós se intensificam, eu percebo que Ellie também sofre ao ter de interrompê-los. Está sempre ofegante, vermelha, boquiaberta, se abanando pelos cantos. Eu sempre lhe flagro quase babando quando me vê malhando ou cortando lenha, de regata, com meus braços de fora. Também vejo como morde seu lábio inferior e seus olhos se tornam mais escuros sempre que está com tesão; e isso tem acontecido frequentemente. Pior é quando, sem querer, ela emite qualquer som dengoso; gemidos, suspiros. E ela faz isso toda vez que eu a toco, seja uma pegada na cintura, um beijo no pescoço, uma mordida que escapa mesmo eu não querendo ser agressiva. Aparentemente Ellie tem gostado do que eu tenho feito nessas situações, pois nunca reclamou de nada. Ainda assim, eu fico atenta e temerosa.

Estou chocada com o que eu acabo de ouvir porque, apesar de todo esse tempo de espera e de saber que Ellie também me quer, por alguma razão - talvez pelo que eu fiz a ela no passado -, eu não estava esperando essa atitude. Especialmente assim, do nada.

Eu me viro para encará-la.

Estamos na cama, cada uma do seu lado, lendo seus respectivos livros. Quer dizer, à essa altura, eu simplesmente deixei o meu no criado mudo ao meu lado. Ellie se vira para me encarar também e joga seu livro no chão, como se não fosse nada importante. Como se agora só importasse uma coisa: olhar nos meus olhos.

— Ellie... o que você...

— Eu quero fazer amor com você, Abby. Foi exatamente isso o que eu disse.

— Mas... você tem certeza?

Então eu vejo em seus olhos o que eu temia: um ligeiro medo, porém parece passar rápido e ela segue decidida, tanto que se inclina para perto de mim e me agarra pela nuca debaixo da trança, fazendo nossos rostos ficarem rentes.

A Caçadora [ellabs]Onde histórias criam vida. Descubra agora