6.1 | Sabor da decepção 🏴‍☠️

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Começo a destruir tudo ao meu redor

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Começo a destruir tudo ao meu redor. Grito como a porra de uma fera enjaulada e ferida. Sinto-me idiota, patético, desprezível. Há anos não me sentia assim, nem a traição da minha noiva me causou isso.

Por que, meu Deus? Por que sou tão amaldiçoado? O que fiz para merecer passar por tais coisas?!

Eu, um idiota obcecado por alguém que sempre riu de mim, sempre teve nojo, fez da minha vida um inferno, é a maior aliada da pessoa que acabou com a minha vida.

Ela é como todas as outras. Como minha noiva, que esperou meu corpo "esfriar" quando fui dado como morto e se casou com meu melhor amigo dias depois. Ainda tive que ouvir isso da boca da pessoa que me jogou no limbo e foi confirmado não só por Wendy, a garota que não sabe mentir, mas por muitos outros que também acabaram caindo nessa terra esquecida por Deus.

O sentimento de ódio e revolta mistura-se com o desejo, com a ânsia que sinto, só de sentir o perfume dela a poucos passos de mim.

Se não fosse tão trágico, como a porcaria de uma ópera onde alguém sempre morre no final, estaria rindo agora.

Porque meu maior desejo, minha obsessão, também é um dos meus maiores ódios e inimiga.

— Porra, maldição! — berro, socando com raiva a parede à minha frente, a ponto de ferir minha única mão.

Paro ofegante, cabelos soltos pois no momento de raiva se desprenderam da fita que os prendia, rasgo de raiva a minha melhor roupa que usei hoje só para esse reencontro que se tornou uma piada cruel e doentia.

A poucos passos de mim, ela repousa sobre a minha mesa, uma imagem de fragilidade disfarçada sob a forma de uma maldita fada. Olho para ela, tentando achar semelhanças com a mulher que vinha procurando com a loucura de um homem sedento de água no deserto.

Olho a minúscula fada totalmente diferente da mulher que estava procurando.

A pele da fada é dourada como sol, os cabelos cor de rosa brilhante,  mas quando vejo a marca, o mesmo sinal entre os seios que vi na mulher que venho procurando, a confirmação da realidade amarga, recai sobre mim.

Ela é a mesma mulher, que fez a tentação que sinto se tornar quase insuportável, que fez com que um demônio me sussurrasse no ouvido e instigasse a sucumbir aos meus desejos mais obscuros. Por um momento, ainda a desejo com uma intensidade quase enlouquecedora, uma atração que vai além do ódio e do rancor que envenenam o meu coração.

Eu a imagino sob mim, entregando-se à minha vontade com a mesma ferocidade com que ela mesma me traiu. Eu quero possuí-la de uma maneira que é quase doentia, como se o ato pudesse finalmente saciar a fome insaciável que arde dentro de mim. O desejo me consome, me domina, e por um instante, a linha entre a paixão e o ódio parece desvanecer.

Tomada Pelo Capitão Gancho - Era Uma Vez Vilões #1Onde histórias criam vida. Descubra agora