Ele perdeu tudo, sua família, parte de seu corpo, sua dignidade, apenas uma pessoa foi causadora de sua dor e ainda assim, ele foi tido como o grande vilão.
Bastou apenas um olhar para ela, que se tornou obcecado.
Gancho faria tudo para tê-la, até...
Obrigado pelos comentários fofos. Saber queestão gostando da história e enche meu coração de felicidade. Amo vocês 🥰
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Acordo com o som das ondas quebrando contra o casco do navio e as vozes dos piratas lá fora. Tudo o que aconteceu antes vem à tona como um pesadelo distante. Lembro dos gritos de terror e dor que ecoavam na noite, o som cruel da morte de Harold e de seu comparsa. Mesmo sabendo que eles mereciam o destino que tiveram, não consigo esquecer a forma como ambos morreram, a lenta e cruel despedida da vida. Fecho os olhos e suspiro, tentando afastar os pensamentos.
Ainda na cabine, decido tomar um banho para me sentir mais desperta. Uso a bacia com água morna que os marinheiros deixaram. A sensação da água em minha pele ajuda a clarear minha mente, mas os pensamentos sobre Gancho continuam a me atormentar, a fazer meu coração doer, como se estivesse partido e ainda assim batendo mais forte. Esfrego o pano ensaboado no meu ventre, vou descendo lentamente mas paro, me sentindo culpada. O problema é que não consigo esquecer os beijos, as mãos dele sobre mim, sua barba roçando em meu pescoço, sua boca tomando tudo de mim. Não consigo parar de pensar nisso, não consigo conter o meu corpo que queima, ansiando por algo que não sei o que é, mas que ele me deu ontem à noite.
— Não, Aicha, chega, Gancho não é confiável, ele está mentindo e brincando com você. — Sussurro para mim mesma, parando os movimentos com as minhas mãos e focando em só acabar o banho de uma vez.
Acabo e, após o banho, procuro algo para vestir. Queria fazer outro vestido, mas vou seguir as regras desse navio, vou tentar ser o mais invisível possível. Sei que apenas Willy, Larry e Bob gostam de mim; não quero que nenhum dos outros piratas tente me machucar mais uma vez.
Encontro um vestido verde, cujo estilo bufante destaca-se contra minha pele negra. O tecido é grosso e estruturado, criando uma forma arredondada ao redor da saia. O vestido aperta tanto nos seios grandes quanto nos quadris e no traseiro, tornando o calor da Terra do Nunca ainda mais intenso. Sem ciroulas ou corpete, tento ajeitar o vestido para aliviar o desconforto. No entanto, o vestido realça minhas curvas, incluindo meu traseiro e seios, que Wendy sempre chamou de "estranho demais" por serem grandes, o que só aumenta minha insegurança e confirma as críticas que sempre ouvi.
Olho-me no espelho, surpresa com a minha própria imagem. O vestido, combinado com meu cabelo ainda úmido, me faz parecer diferente, quase vulnerável, e não gosto disso. Engulo em seco, tentando afastar a sensação de exposição.
Prendo meus cabelos, tentando seguir as regras do capitão. Sei que ele despreza a forma como me visto e como deixo meus cabelos soltos; deve achá-los feios. Sei que não são bonitos, não são dourados e retos como os de Wendy. Ao prender em um coque firme e severo com um pouco de dificuldade, pois eles batem acima do meu traseiro, sinto-me completamente diferente do que sou, como se minha verdadeira essência estivesse oculta sob essa aparência rígida.
