Ele perdeu tudo, sua família, parte de seu corpo, sua dignidade, apenas uma pessoa foi causadora de sua dor e ainda assim, ele foi tido como o grande vilão.
Bastou apenas um olhar para ela, que se tornou obcecado.
Gancho faria tudo para tê-la, até...
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**Duas semanas depois...**
Mau consegui dormir, finalizei finalmente ontem o quarto que arrumei especialmente para ela, detalhe por detalhe.
Nas noites escuras e cheias de maresia, as lembranças dela me invadem como uma praga maldita. Essa sereia misteriosa entrou na minha vida como uma brisa traiçoeira que logo se transformou num vendaval de emoções.
Cada pensamento meu parece atrair uma maldita pergunta provocante. Será que algo lhe aconteceu ou ela partiu por causa de mim e do meu jeito bruto? A dúvida é uma maldita lanterna na escuridão da incerteza.
Enquanto as noites se transformam em garrafas de rum, me perco criando cenários malucos na minha cabeça. Nem fechando os olhos eu consigo afastar essas imagens que ficam dançando na minha mente, nem os sonhos conseguem apaziguar a agitação do meu coração de marujo safado.
A culpa é uma sombra que paira, como se eu fosse o diabo responsável por um naufrágio maldito. Me acuso como um condenado, tornando-me um monstro que nem reconheço. Eu, um pobre diabo, enroscado numa rede de sentimentos do cão.
Mas no meio dessa tempestade, tem uma luzinha de compreensão. Não sou só um animal incontrolável, mas um filho da mãe lutando contra minhas tormentas internas. Essa deliciosa mulher, mais misteriosa que o mar aberto, mexeu em parafusos em mim que nem sabia que tinha.
E assim, no meio desse rebuliço infernal, ainda resta a esperança de que ela apareça...
Louco, estou enlouquecendo e me odiando por isso.
Como uma mulher, uma simples...
Infernos, ela não tem nada de simples!
Mas como essa mulher pode ter esse poder sobre mim? Como o desejo por ela está me deixando fora de mim?
Nos últimos dias, passo as noites acordado, imaginando todos os cenários possíveis para o sumiço dela.
E se ela realmente fugiu por minha culpa? Se a assustei com minha intensidade, a fome que sinto por ela, a ponto de ela fugir?
Merda, se for por minha culpa, me sinto um maldito animal, afinal, foi isso que acabei me tornando: uma besta, um animal selvagem longe da civilização.
Como um grande tolo, saio ignorando os olhares que queimam nas minhas costas. Sei que meus marujos estão começando a se questionar se a tal mulher existe e se eu finalmente fiquei insano.
E por mil demônios, não posso culpá-los por isso, pois também estou começando a questionar a minha sanidade.
Assim que chego no lago pela milésima vez, olho ao redor como um homem faminto procurando por comida, e ao ver o lugar vazio, enlouqueço.
