Ele perdeu tudo, sua família, parte de seu corpo, sua dignidade, apenas uma pessoa foi causadora de sua dor e ainda assim, ele foi tido como o grande vilão.
Bastou apenas um olhar para ela, que se tornou obcecado.
Gancho faria tudo para tê-la, até...
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— O que foi? — Ela pergunta, os olhos curiosos, sem perceber a mudança repentina no meu rosto.
— Nada, não é nada. — Tento sorrir, forçando a expressão, mas a raiva ainda borbulha dentro de mim. Tento esconder.
— Não, posso ver no seu olhar. Toda vez que você fica furioso, sua testa se enruga. — Aicha fala, com um tom suave, mas preocupado.
— Aicha, deixe para lá. — Tento desviar, mas a dor de ver o que está escrito me impede de manter a calma. Minha voz sai mais baixa, mais cansada do que eu gostaria.
— Não, me conte! — Ela insiste, seu olhar fixo no meu, querendo entender. O tom em sua voz não deixa espaço para evasivas.
— Aicha... — Quase que imploro, sem querer dizer a verdade. Mas sei que não posso esconder para sempre.
— Se não me contar, irei perguntar a outro alguém. — Ela diz, com firmeza, a insegurança substituída pela determinação.
Engulo em seco, o peso da verdade me apertando o peito. Sei o quanto isso a vai machucar. A dor que ela vai sentir ao descobrir...
— Aqui não está escrito o seu nome, está escrito... — Encaro-a, a raiva se misturando com a tristeza, enquanto procuro as palavras certas.
— O que, o que está escrito? — Ela pergunta, agora ansiosa e nervosa, esticando a mão para pegar o papel, seus dedos trêmulos. Ela ainda não entende o que está prestes a ouvir.
— Wendy, está escrito o nome da Wendy. — Eu conto, a raiva e a dor se misturando na minha voz.
Então, eu vejo. Aicha desmorona na minha frente. Seus ombros se curvam, o corpo dela parece perder a rigidez, como se a força tivesse saído dela. Ela fica tensa por um momento, os olhos se arregalam com a confusão e o choque, e logo depois, lágrimas começam a escorrer por seu rosto. Suas mãos se apertam contra o peito, como se tentassem segurar uma dor que não pode ser contida. Ela solta um soluço, e a dor a domina.
Aicha balança a cabeça, ainda sem conseguir acreditar no que acabara de ouvir, o choro abafado, mas incontrolável, tomando conta de seu corpo. Seus ombros começam a tremer, a respiração se tornando irregular enquanto as lágrimas caem pesadas. Ela se encurva ligeiramente, como se o peso do sofrimento fosse demais para suportar. O som de seu choro é fraco, mas angustiante, e eu sinto o impacto de cada soluço que sacode seu corpo.
— Shhhh... Não chore, eu estou aqui. — Me aproximo e a abraço com firmeza, tentando proteger ela do que não posso mudar, querendo aliviar a tristeza que me corta o coração. Sinto os tremores dela em meus braços, o calor da sua dor invadindo meu peito.
— Era por isso que ela ria toda vez que me via escrever, eu achava que era de felicidade ao me ensinar a escrever o meu nome. — Ela soluça, a voz pequena e desolada, as palavras saindo como um fio de dor. Aicha respira pesadamente, com os olhos fechados, enquanto o choro vai se tornando mais difícil de conter. Suas mãos apertam a roupa do meu peito com força, como se quisesse se segurar a algo.