Ele perdeu tudo, sua família, parte de seu corpo, sua dignidade, apenas uma pessoa foi causadora de sua dor e ainda assim, ele foi tido como o grande vilão.
Bastou apenas um olhar para ela, que se tornou obcecado.
Gancho faria tudo para tê-la, até...
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O acompanho o mais rápido que posso, ele não é tão alto quanto Gancho, mas ainda assim mais alto do que sou. Seus passos pesados fazem o chão ranger.
Entramos nos porões, encaro abismada a quantidade de comida, barris do que parece ser bebidas. Meus olhos brilham, não pelo que parece ser ouro, mas sim as frutas que são difíceis de colher.
Pego um pouco de tudo e coloco sobre uma cesta vazia. Não sei bem o que vou fazer, mas preciso de bastante para alimentar todos.
— Coma! — o homem me oferece algo que jamais vi antes.
— É bom demais! — provo meio desconfiada, mas ele ri assim que gemo de prazer com o sabor em minha boca.
— É queijo, fazemos com leite de cabra que conseguimos na aldeia. — ele rindo, começa a me explicar como é feito.
Vamos andando com ele carregando um cachote enorme e eu a cesta pesada.
— Nossa! — ele encara surpreso a cozinha limpa. — Estamos no lugar errado? — me pergunta seriamente, me fazendo rir pela primeira vez desde que entrei nesse navio.
— Precisa de ajuda? — ele me olha não mais com desconfiança, mas com admiração. — Já digo, não sei cozinhar, sei apenas fazer o arroz, senhorita.
— Pode fazer o arroz e cortar a... — encaro curiosa o pedaço de carne que já vi, mas não recordo o nome.
— Carne seca? — rio me deixando vermelha.
— Sim, isso e os legumes. — respondo, começando a preparar tudo.
Olho para os ingredientes: carne seca de carneiro, água, cebolas, cenouras, sal e o que Willy chama de pimenta e arroz.
Com a ajuda do senhor Willy, comecei a preparar a refeição para os marujos famintos. Ao lado do enorme caldeirão, o cheiro da carne seca cozinhando com os legumes e temperos enchia o ambiente. Os marujos, que antes mal olhavam na minha direção, agora se aproximavam com olhos curiosos e narizes famintos.
— O que é isso, Tampinha? — um dos marujos pergunta, olhando para a panela com desconfiança.
— Carne seca com legumes, meu amigo! — respondo com um sorriso. — Uma comida diferente do que estão acostumados.
O senhor Willy ri e comenta: — Nossa cozinheira aqui é uma especialista em fazer comida de verdade, não essa carne seca e feijão mau cozido de sempre.
Outro marujo, com um bigode espesso, se aproxima, farejando o ar.
— Parece bom, espero que não tenha nenhum bicho do mar nessa comida. — ele diz com uma risada.
— Pode ficar tranquilo, tudo foi devidamente limpo. — asseguro, mexendo a panela com cuidado.
Finalmente, a refeição fica pronta, e sirvo os marujos, que não conseguem disfarçar a surpresa ao experimentar algo tão diferente do que estavam acostumados. O sabor da comida fresca e temperada é um verdadeiro choque para eles.
