𝙰𝚕𝚕 𝚖𝚢 𝚂𝚘𝚗𝚗𝚢 𝚍𝚊𝚢𝚜 | 𝓢𝓸𝓷 𝓗𝓮𝓾𝓷𝓰-𝓶𝓲𝓷

Jogada perigosa

Antes de voltar para o treino, Richarlison ligou para Karinne e avisou sobre o jantar, para que não marcasse nenhum outro compromisso. Como o primo já tinha a advertido antes, tentou não parecer tão empolgada em ir em um jantar com Sonny e esperou que tivesse acreditado em sua encenação. Contudo, o que sentia era exatamente o contrário. Desde que conheceu o jogador sul-coreano, tudo o que mais desejava era vê-lo outra vez. Mesmo Londres sendo linda e que estivesse realmente curiosa para conhecer cada detalhe da cidade, nada mais fazia o seu coração acelerar como Son Heung-min.

Ficou nervosa só de pensar que o encontraria dali a poucas horas, então vestiu as melhores roupas que tinha levado na mala e fez uma make leve, apenas para uniformizar o tom de sua pele e destacar a sua beleza natural. Como a noite estava fria e não tinha os agasalhos adequados, colocou várias camadas de roupa e um cachecol volumoso e quentinho.

Como de costume, Richarlison chegou ao apartamento apenas meia hora antes do horário reservado para o jantar, entretanto em quinze minutos já estava pronto para sair. Karinne ficou surpresa quando o viu todo elegante, vestido com um sobretudo escuro e com o cabelo todo alinhado. Também usava um perfume marcante e delicioso, que provavelmente não devia ter custado barato. Ao vê-lo daquela forma, sentiu um pouco de vergonha de si mesma e das roupas simples que vestia, mas logo se forçou a imaginar como seria estar com Sonny e em como estaria lindo naquela noite, e o mero vislumbre daquela cena a fez se sentir melhor.

Quando chegou ao restaurante e o viu, tudo ao seu redor pareceu desaparecer. Mesmo Chelsy que estava deslumbrante e o lugar que era sofisticado demais para alguém como ela, ficaram fora de foco e tudo o que via era ele. Estava exatamente como tinha imaginado e talvez até mais perfeito. Também usava um sobretudo escuro, que de alguma forma combinava com os seus olhos negros puxados, que iluminavam o seu rosto, assim como o seu sorriso. Ah, aquele sorriso! Por que tinha que ser tão bonito?! Já tinha o achado lindo com o uniforme do Tottenham, mas, com aquelas roupas, estava de tirar o fôlego.

Ele a cumprimentou com um aperto de mão quando a viu, e, decepcionada, Karinne se deu conta que nunca na vida desejou tanto ser cumprimentada por alguém como os brasileiros fazem, com um beijo na bochecha, ou talvez dois, e por que não três? Suspirou, afastando aquele pensamento, e ao fazer isso, sentiu o cheiro do perfume dele. Irresistível. Essa parecia ser a palavra que mais o definia. Não o perfume, mas a pessoa de quem aquele cheiro exalava tão intensamente.

Sentou-se ao lado de Chelsy, e Richarlison e Sonny em frente as duas, respectivamente. Tentou, com muito esforço, não ficar encarando o jogador sul-coreano, para não constrangê-lo, mas, de algum modo, mesmo quando desviava o olhar, antes que percebesse seus olhos eram atraídos pelos dele novamente. Como se aqueles olhos puxados fossem magnéticos. Agora conhecia de fato cada detalhe deles e os amava, principalmente a pintinha charmosa que ele tinha abaixo do olho direito.

Como era o mais familiarizado com a culinária coreana, ele explicou brevemente quais pratos existiam no cardápio e indicou os que seriam mais agradáveis para o paladar de cada um na mesa, de acordo com seus gostos. Como as garotas estavam provando pela primeira vez, pediram de tudo um pouco e o sul-coreano pediu especialmente para que os cozinheiros maneirassem na pimenta, já que os pratos coreanos costumam ser bem apimentados.

Os jogadores não podiam consumir bebidas alcoólicas por causa do trabalho, mas Karinne e Chelsy quiseram experimentar a famosa bebida coreana, soju. Entretanto, o que era para ser apenas uma degustação, acabou passando do ponto.

Enquanto Richarlison e Sonny se revezavam para grelhar o churrasco coreano na pequena grelha disposta na mesa deles, as garotas tomavam várias doses de soju. Em algumas horas, elas tomaram várias garrafas, que iam se acumulando na mesa. Também tomaram alguns drinks de soju com cerveja, preparados por Sonny.

Logo, tanto Chelsy quanto Karinne ficaram bêbadas e começaram a se comportar de maneira adversa. Emotivas, elas se abraçavam e se elogiavam mutuamente, como se fossem amigas de longa data.

- Amiga, eu sei que eu te conheço há pouco tempo, mas você sabe que eu te amo, né?! Você é muito especial pra mim, parece que a gente se conhece desde sempre... - Karinne disse pausadamente, com os olhos se fechando de sono.

- Você também é muito especial, amiga. Eu também te amo - Chelsy respondeu com a voz alterada.

Depois disso, as duas se abraçaram mais uma vez, enquanto repetiam que se amavam e choravam copiosamente. Richarlison e Sonny observavam a cena incomum se segurando para não rirem.

- Cara, acho melhor eu levar a Chelsy para a casa dela - Richarlison disse para Sonny. Você pode, por favor, levar a Karinne para o meu apartamento?

- Claro, pode deixar comigo. Não precisa se preocupar - Sonny respondeu.

Dito isso, com certo esforço Richarlison separou as garotas, que agora dormiam abraçadas uma à outra, e cuidadosamente pegou Chelsy no colo e a levou até a saída. No entanto, como não tinha a mesma intimidade com a prima de seu amigo, Sonny ficou inseguro de fazer o mesmo, mas quando notou que ela dormia profundamente, percebeu que não teria outra opção. Primeiro foi até ela e a cobriu com o seu sobretudo para que não sentisse muito frio quando saíssem lá fora, em seguida a colocou sobre as suas costas e assim a carregou até o seu carro.

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