Desde a primeira vez que se viram, Chelsy e Karinne sentiram que tinham uma conexão especial, e depois da confirmação da gravidez da britânica, a relação das duas ficou ainda mais forte. Sempre estavam juntas, mas, agora, mais do que nunca, Chelsy precisava da amiga e principalmente de conversar com ela. Sendo assim, a convidou para um tradicional chá da tarde inglês, e, é óbvio que a prima de Richarlison aceitou.
Ansiosa, Karinne saiu de casa com antecedência, pegou o metrô e seguiu o endereço que a amiga passou. Era a primeira vez que visitava Chelsy na casa dela, em um dos bairros mais antigos de Londres, então estava empolgada.
Enquanto caminhava, depois de ter descido do metrô, notou que as fachadas das casas eram feitas de pedra, o que dava a impressão de que eram milenares e tinham sobrevivido a passagem do tempo sem ter sofrido nenhuma alteração. Fora as cores e designs das portas de entradas, eram todas iguais, e Karinne se deu conta que, se por um acaso não tivesse o número exato da casa, talvez se perdesse para sempre, andando em círculos naquele bairro que parecia um labirinto de pedra. No entanto, e para a sua sorte, tinha o endereço completo da residência, e depois daquela vez que a bateria do seu celular descarregou no meio do caminho, nunca mais saiu de casa sem uma bateria portátil na bolsa.
Como tinha saído cedo, pôde se demorar um pouco mais, admirando a arquitetura do bairro e a calmaria das ruas, quase desertas. Mas, mesmo assim, chegou no endereço antes do tempo, e logo percebeu que, se alguma vez se perdesse de fato, acharia o caminho de volta para a casa de Chelsy facilmente, pois não havia como não notar ou esquecer uma casa com uma porta de entrada como àquela, pintada de vermelho vivo e quente. O que era totalmente a cara da amiga, que tinha a personalidade igualmente vibrante e uma aparência impossível de se esquecer.
A namorada de Richarlison a recebeu com um abraço apertado e bem demorado, assim que abriu a porta. Em seguida, a convidou para entrar e a acompanhou até a cozinha, e antes que Karinne dissesse qualquer coisa, pediu que se sentasse em uma das cadeiras da mesa já posta.
A brasileira logo se surpreendeu com a quantidade e a variedade de comida, e se não soubesse antecipadamente que era apenas para elas duas, teria achado que era um banquete para, no mínimo, meia dúzia de pessoas.
Na mesa, podia se ver: sanduíches, bolinhos, macarons, tortinhas, torradas, geleias e patês, e, é claro, duas xícaras de chá e um bule, feitos de porcelana antiga e requintada, que provavelmente devia ser uma herança de família.
Chelsy fez questão de servir o chá ela mesma, e como manda a tradição, colocou primeiro o chá inglês tradicional, depois o leite, e em seguida o adoçou conforme o gosto da brasileira, mexendo o líquido com a colher delicadamente, para frente e para trás, e nunca em movimentos circulares, e só então entregou a xícara à ela.
Assim que a recebeu, Karinne provou um pequeno gole da bebida preparada pela amiga, e como era a primeira vez que participava de um evento tão clássico e importante para os britânicos, não queria cometer nenhuma gafe, então esperou que Chelsy se servisse primeiro e a imitou. Para a sua sorte, não precisou usar toda uma diversidade de talheres, como era feito nos jantares chiques, e ao invés disso, pode se servir com as mãos mesmo, sem nenhum constrangimento. E por essa regra, ficou muito agradecida, pois de fato não fazia sentido usar garfo e faca naquela ocasião.
Elas comeram em silêncio, pois não era costume dos ingleses, e dos estrangeiros em geral, conversarem enquanto comem. E assim que terminaram, foram se sentar no sofá da sala e bater um papo.
Chelsy era a que mais falava, e logo Karinne percebeu que era disso que precisava - desabafar. Era perceptível que a amiga estava excessivamente sensível. Talvez porque os hormônios estavam à flor da pele, mas também porque se sentia culpada.
- Eu não acredito que há pouco tempo nós duas estávamos tão bêbadas que tivemos que ser carregadas, e agora que penso nisso, percebo que naquela época já devia estar grávida. Eu ainda nem tive o bebê e já acho que sou uma péssima mãe! - confessou, o rosto já totalmente molhado de lágrimas.
- Não fale assim, Chelsy. Você não sabia... E eu tenho certeza que será uma ótima mãe, mas tente não se culpar como está fazendo agora. Mesmo que as pessoas acreditem nisso, nós não nascemos sabendo ser mães, isso acontece aos poucos, com o passar do tempo e com a experiência. E não se engane, pois com certeza uma hora você vai tomar uma decisão errada e errar, mas isso não quer dizer que não seja uma boa mãe ou uma boa pessoa - Karinne argumentou, sabiamente.
- Obrigada. Esse bebê vai ter sorte de ter uma "tia" tão sábia, assim como eu tenho sorte de ter uma amiga tão incrível - Chelsy afirmou, um pouco mais calma, mas ainda emocionada.
- Que isso, não precisa agradecer. Você sabe que vou estar aqui pra vocês para tudo, mas não quero mais te ver chorando por essas coisas. Chorar é saudável, mas não por esse motivo. Tente não alimentar esses pensamentos negativos, isso não faz bem para você e nem pro bebê - a brasileira aconselhou.
Depois de conversarem mais um pouco, Karinne se despediu e logo foi para casa, pois tinha marcado duas videochamadas com os seus antigos empregadores - Natália, sua amiga e dona da loja de roupas que trabalhava, e Josefa, a presidente da ONG onde era colaboradora.
Nas duas conversas que teve, sentiu que sentiriam a sua falta, mas que acima de tudo estavam felizes por sua nova jornada. Ficou emocionada nas duas vezes, e principalmente quando os idosos que frequentavam a ONG apareceram de surpresa para se despedirem dela. É claro que tentaria visitá-los quando pudesse voltar ao Brasil, mas alguns deles já estavam bem velhinhos e havia uma grande possibilidade dessa ser a última vez que os veria.
Depois que desligou a última videochamada, se deixou chorar um pouco, pois mesmo que as pessoas acreditem piamente que quando tomamos a decisão certa, sempre nos sentimos aliviados e completamente felizes, a verdade é que também nos sentimos tristes, e somos invadidos pelo medo, o que nos faz remoer a nossa decisão e a pensar se não deveríamos ter deixado tudo como estava. Pois, é isso, mudar é difícil, e muitas vezes dói, ainda que essa mudança seja para o nosso próprio bem. Tudo isso porque o nosso cérebro não está acostumado com a mudança, pois ele foi criado para repetir e manter padrões, então qualquer coisa que nos tire da nossa zona de conforto, acaba nos trazendo certo estresse. Porque, de certa forma, toda transformação carrega consigo o luto de algo que devemos deixar ir para que algo novo surja.
(Faça essa autora feliz, deixando ⭐ e comentários 👇🏽💜☺️)
VOCÊ ESTÁ LENDO
𝙰𝚕𝚕 𝚖𝚢 𝚂𝚘𝚗𝚗𝚢 𝚍𝚊𝚢𝚜 | 𝓢𝓸𝓷 𝓗𝓮𝓾𝓷𝓰-𝓶𝓲𝓷
FanfictionKarinne Maria de Andrade é prima do famoso jogador de futebol, Richarlison, e através dele, conhece Son Heung-min, conhecido como Sonny, e os dois acabam se apaixonando. Contudo, o sul-coreano já encontra-se em um relacionamento sério com a sua carr...