Cartão vermelho

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Enquanto Sonny dava conta de sua agenda profissional, Karinne aproveitava para conhecer mais da cultura do país dele. Através dos cafés e lojas que frequentou, começou a se interessar pela música pop coreana, e logo sua playlist estava repleta de K-Pop. Não comprou nenhuma roupa, pois não tinha muito dinheiro sobrando, e também era difícil encontrar algo no seu tamanho. Entretanto, não resistiu e acabou adquirindo algumas máscaras faciais e cosméticos, que eram uma especialidade da Coreia do Sul. Não passaram muito mais tempo no país, e em menos de cinco dias estavam de volta à Londres.

Assim que chegaram, o jogador fez questão de levar Karinne até o apartamento de Richarlison, e só então foi para casa. Mal abriu a porta e colocou os pés para dentro, viu que sua mãe o aguardava com um semblante muito sério no rosto, que o preocupou.

- Uns amigos da nossa família comentaram que te viram com uma moça estrangeira em um restaurante em Seoul... - contou, com os braços cruzados e a feição endurecida. Era ela não é? A torcedora maluca?! - indagou, decepcionada. Você mudou muito, meu filho... Como teve coragem de levá-la para Coreia sem antes nos apresentá-la?! - o questionou, indignada.

- Eu pretendia apresentá-la à vocês àquele dia que foram assistir ao jogo juntos, mas como eu poderia apresentá-la depois da reação que a senhora teve?! - Sonny explicou, chateado. É, acho mesmo que devo apresentá-la à vocês o quanto antes, e assim a senhora vai ver que ela não é a pessoa que está imaginando. Ela é incrível, gentil, compreensiva... e certamente os tratará com muito respeito, então espero que façam o mesmo - afirmou firmemente, dando a conversa por encerrada e indo guardar as suas malas, bem como descansar um pouco.

Não tocou no assunto com Karinne aquele dia, pois quis deixar que descansasse. Mas assim que teve a oportunidade de vê-la novamente, contou sobre o que tinha acontecido e a convenceu de ir almoçar com seus pais em sua casa.

Obviamente, Karinne ficou muito apreensiva em ter que encontrar os pais dele. Principalmente depois da gafe que tinha cometido, e considerando também que eram muito conservadores. No entanto, depois de pensar muito, ficou curiosa para conhecer as pessoas que trouxeram o amor da sua vida ao mundo. Pois, por terem sido os responsáveis pela criação de um homem que hoje era tão cavalheiro, atencioso e gentil, certamente não deviam ser más pessoas.

Foi recebida na casa deles com muita formalidade, e não sabia muito bem como se comportar. Assim como os europeus, os pais dele eram muito reservados e até um pouco mais reprimidos. Almoçaram, todos em silêncio, e depois Karinne se sentou um pouco com a mãe de Sonny, enquanto ele e o pai lavavam a louça.

A senhora era muito calada e o pouco que falou com Karinne, foi em um inglês básico, com um sotaque coreano bem carregado. Mesmo assim, foi muito doce e educada, e parecia estar muito à vontade com a brasileira, pois até pediu que fosse buscar um copo de água para ela na cozinha.

Quando estava virando o corredor, Karinne ouviu uma discussão calorosa vindo de lá, e logo percebeu que Sonny e o pai dele discutiam. Achou estranho o fato deles estarem falando em inglês, pois o namorado já tinha comentado que eles costumavam falar apenas em coreano em casa. No entanto, concluiu que, como estavam um pouco alterados, e costumavam se comunicar nas duas línguas, nem deviam ter se dado conta de que idioma estavam falando.

Imediatamente, Karinne pensou em se afastar para não invadir a privacidade deles. Contudo, não pôde evitar ouvir o que estavam dizendo, principalmente porque falavam muito alto, e ainda mais, porque falavam sobre ela.

- Já que você queria tanto namorar, devia ter nos avisado antes, meu filho. Assim eu e sua mãe poderíamos arranjar um encontro às cegas pra você... Com uma moça mais... adequada. Uma coreana, de uma família conhecida, e não essa estrangeira - o pai de Sonny protestou, firmemente.

Logo que escutou o que o homem tinha dito, Karinne levou um baque enorme, pois há poucos minutos atrás, tanto ele quanto a mãe de Sonny tinham a tratado como se tivessem aceitado o namoro. Porém, depois de ouvir aquilo, não havia como negar que deviam estar fingindo, apenas para agradar o filho deles.

Sem conseguir evitar, os olhos dela se encheram de lágrimas e ela saiu correndo dali. Em seguida, entrou no primeiro cômodo que viu e fechou a porta, deixando a discussão para trás.

- Você me conhece, abeoji. E a questão aqui não é essa. O senhor sabe muito bem que eu não pretendia namorar, e nunca faria isso por uma mera carência minha. Eu nunca fiz isso antes e não é agora que faria. Eu sou um homem adulto, e sempre fui muito consciente, então se estou com a Karinne agora, é porque eu a amo. E me admira que o senhor ache que eu fiz isso sem antes pensar muito bem no que estava fazendo. Eu sempre respeitei e acatei todas as suas decisões, mas dela eu não vou abrir mão. É com ela que eu quero me casar e formar a minha família! - Sonny respondeu, determinado.

- O quê?! É isso mesmo que estou ouvindo?! Já está sendo difícil aceitar esse namoro e você ainda vem me falar de casamento, de família?! Não, eu e sua mãe não vamos aceitar isso. Você mudou demais, meu filho! Desde quando a sua carreira vale tão pouco para você? - o pai de Sonny indagou, furioso.

- A minha carreira ainda é muito importante para mim, abeoji. E o meu rendimento tem sido o mesmo de sempre, e talvez até melhor depois que eu conheci a Karinne. E sim, eu mudei, mas foi para melhor. Eu dediquei toda a minha vida ao futebol, e sei que vocês também fizeram muitos sacrifícios por mim. Deixaram seu país natal pra vir me apoiar e tudo, mas já está mais do que na hora de eu tomar as rédeas da minha própria vida. E eu espero que vocês respeitem a minha decisão, assim como eu respeitei e acatei as decisões de vocês por todos esses anos. E acima de tudo, quero que respeitem ela, que será, sim, a minha esposa e futura mãe dos meus filhos. Quer vocês queiram ou não - Sonny afirmou, impassível.

Ainda tomado pelo calor da discussão, ele voltou para sala, esperando encontrar Karinne ali. No entanto, a mãe dele contou satisfeita que pediu à brasileira que fosse buscar um copo de água na cozinha e imediatamente o jogador se deu conta de que ela poderia ter escutado a conversa que teve com o pai. Sendo assim, saiu correndo, desesperado, atrás dela.

Trancada no banheiro, Karinne chorava copiosamente. Naquele momento, já tinha se dado conta de que a mãe de Sonny tinha pedido que fosse até a cozinha de propósito, para que escutasse a conversa que o namorado teve com o pai. Que provavelmente também tinha iniciado a conversa em inglês, justamente para que entendesse o que diria ao filho.

Depois de procurá-la por quase todos os cômodos da casa, Sonny foi até o banheiro principal e assim que notou que a porta estava trancada, soube que ela estava lá dentro.

- Karinne, sou eu. Abre a porta pra mim, meu amor. Me deixa entrar - ele pediu, aflito.

A brasileira hesitou por um instante, mas depois de pensar um pouco, correu e lavou o rosto rapidamente e deixou que entrasse.

- Você ouviu não foi? Ouviu a minha discussão com o meu pai? - Sonny indagou, com o peito apertado, principalmente porque percebeu que tinha chorado. Eu sinto muito por você ter passado por isso, mas não quero que leve o que ouviu para o pessoal. Os meus pais têm muita certeza do que querem pra mim, mas o que eles querem, não é o mesmo que eu quero. Eu quero ficar com você, Karinne, e já deixei isso bem claro para eles - contou, ainda muito aflito.

- Desculpa, mas eu não sei se consigo encarar os seus pais depois do que eu ouvi. Eu só quero ir para casa agora, por favor. E ficar um pouco sozinha. Eu sei que você não tem culpa de nada disso, mas eu preciso ficar sozinha, preciso pensar um pouco - Karinne afirmou, com a voz embargada.

Ao ouvir aquilo, imediatamente Sonny quis convencê-la a ficar. A conversar e resolver tudo aquilo, mas a conhecendo bem, sabia o quanto aquele tempo sozinha era importante para ela, então aceitou a decisão que tinha tomado e concordou que fosse embora como queria.

Pediu apenas que esperasse só um pouco mais ali no banheiro, e se certificando que seus pais não estavam mais na sala, a conduziu até a porta. Tentou persuadí-la uma última vez, a deixar que, pelo menos a levasse embora, mas Karinne estava decidida, e até um pouco mais fria com ele, então teve que asssistá-la partir sozinha, o que quebrou o coração dele em mil pedaços diferentes.

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𝙰𝚕𝚕 𝚖𝚢 𝚂𝚘𝚗𝚗𝚢 𝚍𝚊𝚢𝚜 | 𝓢𝓸𝓷 𝓗𝓮𝓾𝓷𝓰-𝓶𝓲𝓷Onde histórias criam vida. Descubra agora