Impedimento

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Karinne saiu da casa de Sonny totalmente desnorteada. É lógico que não era ingênua o bastante para achar que os pais dele a aceitariam de primeira, ainda mais depois da má impressão que tinha deixado. No entanto, nem em seus piores pesadelos sonharia que armariam um plano para que soubesse o quanto eram contra o relacionamento.

Se fosse uma mocinha de dorama, essas horas eles já teriam perguntado o quanto queria para deixá-lo. E ainda que pertencessem a mesma classe social, o que não era o caso, aos olhos deles ela nunca seria boa o suficiente para Sonny. Então, a menos que na próxima vida nascesse em uma família coreana tradicional, e tivesse todas as qualidades que os agradassem, não mudariam de opinião, e essa era única certeza que tinha.

O dia ainda estava claro quando saiu de lá, então não quis voltar ao apartamento de Richarlison, pois não queria preocupá-lo, e muito menos à Chelsy. Sendo assim, foi até um dos parques que encontrou nas redondezas e pensou sobre o que faria dali a diante.

Não chorou mais, pois estava em um local público, mas também porque não sentia mais vontade. Chorar não resolveria os seus problemas, então o que mais precisava agora era pensar, e pensar o mais racionalmente possível, e assim o fez.

Refletiu seriamente se teria condições emocionais para seguir em frente com o relacionamento com Sonny, sabendo que os pais dele a desaprovavam veementemente. E precisava pensar nisso, pois o sul-coreano tinha desistido de muitas coisas para ficar com ela. Ele tinha mudado até mesmo a sua maneira de pensar sobre certas coisas, e desde o início ficou bem claro que o que existia entre eles não era apenas um lance ou algo casual, era um relacionamento sério, e Sonny não tinha medo de tomar o próximo passo, pelo contrário, tinha até planos de casar e formar uma família.

Portanto, não podia tomar nenhuma decisão precipitada. Se decidisse continuar com o relacionamento, e no futuro tivessem filhos, teria que conviver, nem que fosse o mínimo possível, com os pais dele. E embora ela e Sonny se amassem e se respeitassem muito, com certeza haveriam divergências em relação à criação das crianças, uma vez que tinham nacionalidades diferentes.

Todas aquelas questões eram muito complexas e a deixaram em um beco sem saída. Era como se estivesse no meio de uma batalha entre a razão e a emoção. Em que por um lado tentava pensar racionalmente, e pelo outro, o seu coração chamava por Sonny, porque era dele, inteiramente dele e não queria ser de mais ninguém. E o seu erro foi pensar que podia decidir aquilo sozinha, sendo que o jogador também fazia parte daquela "equação" e a opinião dele era tão importante quanto a dela.

Obviamente, toda aquela agitação mental não levou a nada, a não ser mais amargura, e não conseguiu decidir coisa alguma no estado em que se encontrava. Com o coração apertado, dilacerado. Em parte pelo que tinha acontecido, mas também devido aos milhares de cenários que o seu cérebro criou, e que talvez nunca acontecessem.

Exausta de tanto pensar, decidiu ir para casa. Como fazia algumas horas que tinha parado de chorar, tentaria manter a compostura e daria um jeito de ir direto para o quarto, sem despertar nenhuma desconfiança em Chelsy. Se ela perguntasse, diria que estava com dor de cabeça, então tomou um remédio e tentaria dormir um pouco. O que de certo modo era verdade, e foi exatamente o que aconteceu.

Como sabia que a amiga encontraria os pais de Sonny aquele dia, Chelsy achou aquele comportamento muito estranho, mas não disse mais nada, e deixou que a amiga decidisse a melhor hora de contar o que tinha acontecido.

Assim que se deitou na cama, Karinne pegou um dos travesseiros e o abraçou com muita força. Sem que conseguisse evitar, as lágrimas voltaram a molhar o seu rosto. Não porque estava muito magoada ou ofendida, mas porque não sabia o que fazer.

Depois de muito chorar, acabou adormecendo e foi acordada por Richarlison, que bateu na porta duas vezes e entrou no quarto de mansinho, com uma cara que já denunciava que sabia de tudo.

Com o rosto inchado de tanto chorar, Karinne levantou a cabeça por apenas um instante, para ver quem era, depois se deitou novamente, dando as costas ao seu primo.

- Eu já sei o que você vai dizer... "Eu te avisei" - Karinne afirmou, cabisbaixa.

- Não, você sabe que eu não faria isso. Não em um momento como esse - Richarlison respondeu, um pouco ofendido com aquela acusação.

Ainda assim, foi se sentar na cama ao lado da prima, e sem dizer mais nada, acariciou a bochecha dela, desfazendo as marcas d'agua que as lágrimas secas deixaram em seu rosto.

- Você não precisava passar por isso sozinha, sabia? O Sonny está sofrendo tanto quanto você. Eu sei que gosta de ficar sozinha para pensar melhor, mas isso é algo que vocês precisam resolver juntos. E eu sei que fui o primeiro a desaprovar esse relacionamento, mas eu estava errado, muito errado. O Sonny te ama, prima. Ele te ama muito e está disposto a enfrentar à tudo e à todos por você. Eu sei disso, pois conheço ele há mais tempo que você e nunca o vi tão decidido, tão... apaixonado. E você precisa ver como ele está agora, prima. Ele está acabado, desolado. Sério, vocês precisam conversar. Ele só não te mandou mensagem ainda, pois você disse que precisava de um tempo para pensar e ele não quis desrespeitar a sua decisão. Mas ele está de dar dó, Ka... Vocês dois estão, na verdade - Richarlison tentou convencê-la, deixando o coração dela ainda mais angustiado.

- Eu não sei o que dizer - ela afirmou, aflita.

Mal tinha terminado de falar, e uma notificação chegou no seu celular, e a intuição dela dizia que era ele, tinha certeza que era ele. O homem pelo qual o seu coração batia, e que às vezes até errava as batidas. Então agarrou o celular imediatamente e descobriu que estava certa.

"Eu preciso ver você. Vamos resolver isso, por favor."

A mensagem dizia, fazendo o coração de Karinne acelerar e em seguida, apertar. Queria encontrá-lo, queria resolver tudo, mas não sabia como. O seu coração implorava: "Vai, corre para os braços dele. Só vai e não pensa em nada", enquanto o seu cérebro insistia para que pensasse melhor.

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𝙰𝚕𝚕 𝚖𝚢 𝚂𝚘𝚗𝚗𝚢 𝚍𝚊𝚢𝚜 | 𝓢𝓸𝓷 𝓗𝓮𝓾𝓷𝓰-𝓶𝓲𝓷Onde histórias criam vida. Descubra agora