Bola fora

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Depois de carregá-la até o carro, Sonny acomodou Karinne no banco do passageiro, onde poderia ter uma visão melhor dela, caso acordasse ou acontecesse alguma coisa, e colocou o cinto de segurança nela. Da mesma forma que a deixou, assim ela permaneceu por todo o percurso, até chegarem ao apartamento de Richarlison.

Com cuidado para não acordá-la, ele desafivelou o cinto de segurança e a pegou no colo dessa vez e subiu com ela de elevador até o andar do apartamento. Com as chaves que Richarlison o emprestou, abriu a porta e entrou. Em seguida, procurou o quarto de hóspedes e a deitou na cama. Antes de cobri-la com um cobertor, tirou os sapatos dela delicadamente, para que ficasse mais confortável.

Desde que saíram do restaurante até aquele momento, Karinne dormia profundamente, sem fazer som algum ou se mexer. Parecia uma criança que dorme em qualquer lugar, não importa o barulho ou o que aconteça. E Sonny, por algum motivo, não conseguia tirar os olhos dela. Estava hipnotizado, e mesmo que não tivesse tomado uma única gota de álcool, se deixou ser tomado por seus instintos mais profundos e sentou-se ao lado dela na cama por um instante. Sem poder evitar, pegou a mão dela, que descansava livre, distante do corpo, e a segurou na sua. Quase que inconscientemente, levou-a aos seus lábios, a aquecendo com seu hálito morno, e continuou a observá-la dormir, com encanto nos olhos.

Vê-la dormir tão serenamente, o trazia conforto de alguma forma, e agora estava mais do que claro que não suportava a ideia de deixá-la sozinha, nem que fosse por um segundo. Ou mesmo imaginar que ficasse triste ou doente, ainda que fosse um mero resfriado ou uma leve dor de cabeça. Tudo isso o causava calafrios. Por esse motivo, queria, e mais do que isso, precisava ficar com ela até Richarlison chegar. Mas, obviamente, não ficaria ali no quarto a noite toda, esperaria na sala, como deveria ser.

Antes de sair, pensou em ficar apenas mais alguns minutos com ela e assim poder observá-la de perto por mais algum tempo, sem ser interrompido ou julgado por isso. Contudo, como aquele dia tinha sido longo e tinham ido jantar depois de um treino pesado, por um momento acabou adormecendo ao lado dela na cama e teve um pesadelo que o angustiou.

Em seu sonho, eles viviam em outra época. Karinne vestia um vestido branco amarelado, e novamente, ele a observava enquanto dormia. Entretanto, estava pálida e fria, a vida tinha acabado de deixar o seu corpo. E, portanto, o local onde estava deitada não era um leito qualquer, mas o seu leito de morte.

A dor aguda que sentiu no peito ao ver aquela cena mórbida, foi o que o acordou. Apavorado, Sonny pulou da cama de um salto e acabou despertando Karinne. Ela parecia extremamente confusa, então ele se apressou para explicar o que tinha acontecido.

- Richarlison foi deixar Chelsy em casa e eu te trouxe para cá. Estou esperando ele chegar para ir embora - contou. Vou esperar lá na sala - completou, visivelmente constrangido.

- Não, fica aqui comigo - Karinne pediu, ainda sonolenta, o fazendo duvidar se estava falando sério ou se tinha dito aquilo porque ainda não tinha recobrado totalmente a consciência.

- Eu não posso - Sonny afirmou cabisbaixo. No fundo sabia exatamente o que ela quis dizer com aquilo, e intimamente também desejava ficar ali, aquela noite e talvez, para sempre, mas não podia. Vou esperar na sala, não é adequado que eu fique aqui. O que o seu primo vai pensar se nos encontrar sozinhos em seu quarto, a essa hora da noite?! - argumentou, deixando Karinne confusa e frustrada.

Por que ele estava ali então?! Por que se preocupava tanto, e sempre estava por perto, se não tinha interesse em ficar?! Por que despertava desejos e sentimentos tão intensos nela?!

A negativa dele a deixou mais chateada do que esperava, e com o ego incorrigivelmente ferido, se deu conta de que talvez tivesse entendido tudo errado, e o que sentia era apenas uma ilusão, algo que somente ela sentia e Sonny não.

- Pode ir embora então, não precisa esperar ele chegar. Eu posso muito bem esperar sozinha, já estou acostumada - Karinne exclamou emburrada. Eu até te levaria até a porta, mas acho que você já sabe o caminho - completou amargamente, o que deixou Sonny surpreso, mas não magoado.

Particularmente, ele entendia a reação dela, pois sabia o que tinha feito. Não tinha pensado direito e agido por impulso. A queria sim, como nunca quis ninguém antes, mas não podia ficar com ela. Pela primeira vez na vida, alguém tinha balançado as suas estruturas, mas não podia deixar tudo o que construiu para trás. A sua carreira era muito importante para ele, assim como para a sua família e seu país, e talvez um dia Karinne estivesse disposta a escutar e compreender a sua justificativa, mas sabia que aquele não era o momento certo para isso. Agora certamente ela o odiava, o que tornava tudo ainda mais difícil para ele.

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𝙰𝚕𝚕 𝚖𝚢 𝚂𝚘𝚗𝚗𝚢 𝚍𝚊𝚢𝚜 | 𝓢𝓸𝓷 𝓗𝓮𝓾𝓷𝓰-𝓶𝓲𝓷Onde histórias criam vida. Descubra agora