𝙰𝚕𝚕 𝚖𝚢 𝚂𝚘𝚗𝚗𝚢 𝚍𝚊𝚢𝚜 | 𝓢𝓸𝓷 𝓗𝓮𝓾𝓷𝓰-𝓶𝓲𝓷

Empate

Como todos iriam direto para o restaurante, sem antes passarem em casa para se trocarem, Karinne fez o mesmo. Contudo, como tinha levado apenas uma jaqueta jeans, pois não sabia que iria ficar fora por mais algum tempo depois do jogo, ficou com um pouco de frio no caminho do estádio até o carro.

Entretanto, como nunca tirava os olhos dela, assim que notou o seu desconforto, Sonny tirou o seu casaco, e sem dizer nada, colocou nela, a deixando vermelha. E até Richarlison, que sempre achou que ele estava apenas sendo gentil, ficou com a pulga atrás da orelha com a atitude do amigo, que não fez questão nenhuma de disfarçar sua preocupação com Karinne.

- Obrigada, mas não precisava - a prima de Richarlison disse a Sonny, envergonhada. Logo nós vamos chegar no restaurante e lá é mais quentinho por causa do aquecedor - explicou.

No entanto, Sonny não moveu um único dedo para tirar o casaco dela. Ao invés disso, ignorou que Richarlison e Chelsy observavam a cena de perto, e ajustou a roupa no corpo dela. E quando terminou, fez questão de se certificar de que estava bem aquecida, esfregando o tecido das mangas do agasalho contra as suas mãos grandes, enquanto a olhava nos olhos com um ar de preocupação.

Depois de assistir aquilo, Richarlison já estava mais do que desconfiado de que algo estava acontecendo, e quando chegaram no carro, e Sonny fez questão de se certificar de que Karinne havia colocado o cinto de segurança, e em seguida quis sentar ao lado dela no restaurante, ficou mais do que convencido. Ainda não tinha certeza se eles estavam juntos, mas uma coisa era certa: o que a sua prima vinha sentindo por seu colega de time e amigo, era evidentemente recíproco, e aparentemente apenas ele não tinha conseguido enxergar isso antes.

Assim que seu coração se acalmou um pouco, Karinne ficou pensativa e ao mesmo tempo feliz com a atitude que Sonny tinha tomado. Se não o conhecesse bem, poderia acreditar no que seu primo tinha dito há algum tempo atrás e deduzir que estava apenas sendo gentil com ela. Entretanto, não resistiu e acabou pesquisando um pouco mais da cultura dele na internet e descobriu que os coreanos não eram muito de fazer demonstrações públicas de afeto, e, portanto, aquela não tinha sido qualquer atitude, ainda mais vindo dele.

Estava convencida de que o jogador sul-coreano também sentia algo por ela, mesmo que tivesse tentado lutar contra isso, e estava mais do que disposta a ficar com ele, mesmo que o futuro a preocupasse, já que logo teria que ir embora de Londres.

Todavia, outra coisa a preocupava mais naquele momento. Enquanto liam o cardápio e escolhiam o que iriam pedir, Chelsy permanecia calada, assim como havia feito desde que deixaram o estádio. Era verdade que a amiga era um pouco mais contida que ela, mas na maioria das vezes era extrovertida e falava bastante com todos à sua volta, o que não estava acontecendo aquele dia, por algum motivo que desconhecia.

A gota d'água aconteceu quando Richarlison perguntou qual o vinho da carta ela iria querer, e Chelsy, que sempre costumava beber, disse que não beberia nada aquele dia, pegando ambos de surpresa.

- Você está bem? - Karinne sussurrou para a amiga, de modo que apenas ela poderia ouvir.

- Você pode me acompanhar até o banheiro? - Chelsy perguntou em resposta, tentando disfarçar uma ruga de preocupação que começava a se formar em sua testa. O que alarmou Karinne, que imediatamente se levantou da cadeira e a seguiu.

Quando chegaram no banheiro, a amiga tentou disfarçar, mas a prima de Richarlison logo notou que estava chorando.

- Chelsy, o que foi? O que aconteceu? Por que você está assim desde cedo?! - Karinne a interrogou.

- Eu não sei como te dizer isso, mas... bem, eu acho que estou grávida - Chelsy confessou com a voz embargada e um semblante de desespero em seu rosto.

- O meu primo já sabe? - Karinne indagou, chocada com a revelação.

- Não, na verdade eu ainda nem tive coragem de fazer o teste. Nós não planejamos nada disso, e ele é tão ocupado, tão dedicado... Acho melhor eu contar só quando tiver certeza. Não quero que ele fique preocupado atoa - Chelsy contou apreensiva, estava a ponto de desabar na frente da prima de Richarlison.

- Tudo bem, se você não quiser contar ainda, eu respeito a sua decisão. Mas não precisa ter medo Chelsy, tenho certeza que meu primo vai te dar todo o apoio. Você estando grávida ou não - Karinne tentou acalmá-la. Se quiser, eu vou no médico com você... - sugeriu, fazendo a amiga ficar ainda mais emotiva e supreendê-la com um abraço apertado.

Assim que Chelsy se acalmou, lavou bem o rosto e voltou para a mesa junto com Karinne. Devido a falação animada que encontraram quando voltaram a se sentar, pensaram, satisfeitas, que ninguém tinha notado a ausência delas, então sorriram confidentemente uma para outra e continuaram a olhar o cardápio, como se nada tivesse acontecido.

No entanto, era óbvio que tanto Richarlison quanto Sonny tinham percebido que elas demoraram um pouco mais no banheiro, e por esse motivo ficaram desconfiados. O primo de Karinne, principalmente, tinha percebido que Chelsy estava estranha há alguns dias, mas sempre que perguntava ela dizia que estava tudo bem, e dessa vez não foi diferente. Sendo assim, resolveu que não iria pressioná-la mais, e depois tentaria descobrir o que aconteceu através de sua prima.

Mesmo que tentasse evitar, Karinne ficou preocupada após a conversa que teve com Chelsy, e não conseguia parar de pensar no que aconteceria em seguida, caso estivesse mesmo grávida. Aflita, ela virava as páginas do cardápio rapidamente, sem se dar conta do que estava fazendo. Depois daquela notícia tinha perdido a fome, mas precisava manter a compostura, pois achariam estranho se fosse embora de repente.

Sentado ao seu lado, Sonny percebeu o nervosismo dela, e pensando em acalmá-la, cobriu a mão dela com a sua delicadamente, a impedindo de continuar a virar as páginas tão compulsivamente. Em seguida, entrelaçou os seus dedos aos dela, e com um olhar carinhoso, perguntou baixinho se estava tudo bem, ao que Karinne respondeu com um aceno positivo da cabeça e um sorriso forçado.

- Você já escolheu o que vai pedir? De que vinho você gosta? Eu peço pra você... - disse, a olhando profundamente.

- Eu não vou beber, obrigada. Eu e Chelsy fizemos uma aposta pra ver quem aguenta ficar mais tempo sem tomar um goró - Karinne disse alto, quase gritando, para que todos na mesa escutassem, e não se questionassem mais do por que a amiga não estava bebendo àquela noite.

- Tudo bem, sem vinho então - Sonny afirmou, um tanto constrangido. Mas, e para comer, você já decidiu o que quer pedir? E não vai me dizer que fizeram uma aposta sobre isso também... Vocês têm que se alimentar direito! - a repreendeu, fazendo Karinne rir da forma exageradamente séria que disse aquilo.

- Ok, eu confesso que estava mesmo sem fome. Mas já que você falou assim, eu vou querer uma salada - Karinne respondeu contrariada, mas obediente.

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