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TATIANA

- Qual foi mãe, deixa eu pegar esse baile com as meninas cara? vai eu, marcelly e karen. - Insisti.

- Você é surda? eu já falei que não! você não vai pra canto nenhum, ainda mais pra baile, e outra, já falei que não quero você andando com essas duas.

- Que isso cara, a senhora corta a minha onda legal. - Me joguei no sofá puta da vida.

- Olha como fala comigo em garota, agora para de me encher o saco que eu tô cansada do serviço. - Falou subindo as escadas.

- Maior sacanagem. - Falei comigo mesma enquanto mandava mensagem pras meninas.

Me chamo TATIANA, mas conhecida como tati, sou cria do complexo da penha, minha favela, meu lugar. Moro aqui desde menininha, meu pai trabalhava na boca principal, era conhecido como Paizão, apesar de não ter ficado junto da minha mãe, meu pai sempre me tratou como a princesinha dele, éramos muito agarrados, mas o destino foi cruel e tirou ele de mim quando eu só tinha 12 anos, em uma invasão, ele tomou seis tiros, seis. Meu mundo acabou ali, quando vi o corpo dele estirado no pico do morro. Mas apesar dessa covardia que fizeram com ele, as lembranças dele ninguém poderia me tirar ou apagar da minha mente.

Eterno em mim.

Moro somente com a minha mãe desde então, ela dizia que o maior erro dela foi ter se envolvido com meu pai, que ele foi o pior pesadelo na vida dela, e eu não entendia o motivo até porque eles ocultavam muitas coisas de mim, apesar de tudo eu sei o quanto a minha mãe luta pra tentar me dar o do bom e do melhor, mas eu mesma iria me proporcionar isso, do meu jeito.

Sou vaidosa, fui cercada de luxo quando meu pai era vivo, os caras até tentaram dar um dinheiro pra minha mãe, pra ajudar já que era meu pai que dava dinheiro pros custos de casa, mas ela orgulhosa recusou, todas as dez vezes que eles ofereceram, a minha vontade era de aceitar, afinal aquele dinheiro me pertencia também.

Sempre gostei e prazei pela minha liberdade, andava pelos becos e vielas da favela com meus amigos, conhecia cada parte desse lugar e ainda queria conhecer o mundo a fora, mas a minha mãe insistia em tentar me prender em casa, eu tentava não desobecer, mas vai chegando um momento que você não consegue mais controla os impulsos, eu queria viver a minha adolescência, e caso eu me arrependesse futuramente seria um problema totalmente meu. Agora estou eu aqui, mandando mensagem pras minhas amigas pra avisar que mais uma vez dona Rute me barrou de sair.

Ratazanas

- gente, deu ruim, minha mãe me barrou de novo, não aguento mais

Karen safada: que isso cara, sem você não vai ter a menor graça, logo hoje que o Fp do trem bala vai piar aqui na favela

Celly: mona, pula janela euem

Celly: brabao que eu iria perder logo o fp do trem bala, baile hoje vai ficar o fervo

Karen safada: até eu, se deixar minha mãe ainda vai lá e joga juntinho com a gente

- queria que a minha mãe fosse igual a tia cintia, iria melhorar minha vida pra melhor

Celly: já te mandei o papo, se quiser eu passo até de moto pra te pegar

- e se a minha mãe descobrir essa porra? aqui no morro o que mais tem é fofoqueiro, ai que ela pinimba mesmo

Celly: deixa de ser frouxa mona, é só voltar antes de clarear, ninguém vai nem te ver, já cansei de fazer isso

- tá, eu vou esperar ela dormir, só devo conseguir sair lá pra 00h

Celly: jae, devemos estar saindo nesse horário, passo ai pra te pegar, não se atrasa e manda mensagem qualquer coisa

- tá bom

Desliguei o celular e fiquei pensando se daria certo isso, nunca dei de maluca e sai escondido, mas pra tudo tem uma primeira vez né, o negócio era saber sair e entrar sem ser vista por ninguém. (...) Olhei a hora no meu celular e já marcava 23:45, o silêncio reinou em casa indicando que minha mãe já estava dormindo.

Levantei da cama e tranquei a porta do meu quarto, peguei a roupa que estava separada e como já estava de banho toma só me vesti, passei uma coisinha no rosto e dei uma ajeitada no cabelo. Meu celular vibrou e eu li pela barra de notificação que era mensagem da Marcelly.

Celly.

- to aqui fora, agiliza ai!!!!

Joguei os saltos pela janela que caiu no quintal, me debrucei na janela, já sabendo que iria me arrasar na hora de pula, mas eu não tinha opção e não era tão alto assim. Pulei de uma vez e acabei caindo de bunda no mato do quintal.

- Que merda. - Olhei o ralado no cotovelo.

Levantei ajeitando o vestido e peguei meus saltos, correndo do quintal pro lado de fora, por sorte o portão estava quebrado então ficava meio aberto, não iria fazer barulho. Logo vi Marcelly em cima da pcx.

- Que luta cara. - Falei vendo ela rir.

- Já passei muito por isso, sobe ai que a noite é toda nossa! karen já tá por lá esperando pela gente. - Coloquei os saltos e subi na garupa de moto.

Hoje a noite seria uma criança.

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KAREN, 17 ANOS.

MARCELLY, 19 ANOS

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MARCELLY, 19 ANOS.

tatianaOnde histórias criam vida. Descubra agora