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TATIANA

— Valeu pela carona, Mauro. — Agradeci ao meu amigo do curso que me deixou de carro na entrada do morro, já era tarde quando saí do estágio no Miguel Couto, ônibus nenhum estava circulando e por nada o Leandro me atendia, por sorte Mauro estava indo para o mesmo caminho que eu.

Desci do carro e me virei pra subir o morro, apesar de ser tarde crianças brincavam, algumas pessoas conversavam nas calçadas. Abri a porta de casa e soltei um ar de alívio por ter chego na minha casinha depois de um dia cansativo. Eu me sentia realizada por estar fazendo algo pra ajudar tantas pessoas, mas ao mesmo tempo o estágio no hospital me tomava todo o tempo, eu mal conseguia ver o Leandro, ou ver as meninas.

Sai do banho ainda enrolada na toalha e me assustei vendo o Leandro sentado na ponta da cama com a pior cara que se possa existir.

— Que susto, eu nem ouvi a porta. — Falei enquanto secava o cabelo na toalha. — Que cara é essa?

— Eu que te pergunto. — Franzi a testa sem entender. — Eu tô com cara de otário? em Tatiana, tu tá lidando com otário nesse caralho? — Levantou da cama vindo na minha direção.

— Tá ficando louco? ta falando de que Leandro? Pelo amor de Deus.

— Escuta bem o que eu vou te falar, escuta bem Tatiana! — Segurou no meu rosto e me encurralou na parede. — Se eu descobrir que tu ta me fazendo de otário, se eu desconfiar, tu tá fudida na minha mão!

— Me solta, agora! — Tirei a mão dele e me afastei. — Você tá ficando maluco, olha as merdas que você ta falando.

— Você ainda não me viu maluco. Quem é o merda que te deixou aqui? Fala porra.

Respirei fundo tentando manter a calma, eu ja devia saber que isso poderia acontecer, a língua dos fofoqueiros desse morro coçam.

— Ah, já foram fazer fofoca? avisa aos seus informantes que primeiro eles venham saber a situação antes de abrirem a boca pra falar o que não sabem!! Eu acabei de sair do estágio do curso, não tinha mais condução e por coincidência um colega do curso estava vindo pro mesmo caminho que o meu, e me deu uma carona, foi isso que aconteceu.

— Eu sou o que eu? tu tem a porra de um celular caralho, me ligasse que eu ia dar meus pulos pra te trazer pra casa.

— Ah é? então olha o seu celular, só você olhar o tanto de ligação perdida que a idiota aqui deixou, e outra, não vem crescendo pra cima de mim não, que eu não tenho medo de você Leandro! experimenta colocar a mão em mim de novo pra ver se eu não te furo todo.

— Tu vigia Tatiana, que eu tô só te palmeando, tô só te palmeando mina. — Revirei os olhos.

— Já acabou seu discursinho?
agora pode ir embora.

— Que isso, ta me expulsando? To cheio de saudade de você. — Tentou beijar meu pescoço mas eu me afastei segurando a toalha mais firme no corpo.

— Você é todo bipolar Leandro, sério é melhor você ir embora.

— Eu vou, pra não me estressar, e o papo ta dado. Manda teu amiguinho da próxima vez passar caminho contrário do teu, se não eu que vou atravessar o caminho dele. — Ajeitou o boné na cabeça, me deu um selinho roubado e saiu do quarto, em minutos ouvi o barulho da moto dele, e agradeci mentalmente por isso. Já tinha alguns dias eu e o Leandro vinhamos dado choque por qualquer que fosse o motivo, e isso me cansava a cada dia mais.

tatianaOnde histórias criam vida. Descubra agora