TATIANA
1 semana depois
Desci o morro quase que correndo, antes que chegasse atrasada de novo no salão. Leandro conseguiu um trabalho pra mim como caixa em um salão no morro, já estava trabalhando a uma semana e até que gostava, a dona era super simpática s algumas das meninas que trabalhavam lá também eram, vez ou outra eu ouvi piadinha sem noção vinda de cliente que chegavam como "ue, russo parou com o patrocínio da novinha?" era uó, mas eu tentava não ligar pra não me estressar.
Minha mãe ainda não quer assunto comigo, trabalho quase que do lado da casa dela e quando me vê muda até de calçada, ainda me dói bastante, mas resolvi deixar o tempo ajeitar as coisas. Renata, a mãe do Leandro sempre conversa comigo, sempre dizendo que ora por mim e me chamando pra ir na igreja com ela, essa semana cheguei a ir 2 vezes no culto, oque me fez muito bem.
Eu e o Leandro estamos na mesma, mas ele anda com tantos problemas que vive estressado e desconta o estresse justo em mim, chegamos a discutir feio ontem e hoje eu sai sem nem olhar pra cara dele, pra não me estressar de novo.
— Bom dia, foi mal pelo atraso. — Falei assim que entrei no salão da Simone, já indo pro balcão.
— Tem nada não tati, abri quase agora também. Hoje tem baile né, a agenda do salão já tá lotada, vamos ter que fazer encaixe.
Abri o caixa conferindo se estava tudo da forma que eu tinha deixado no dia anterior, meu celular tocou no bolso sem parar, já sabia que era o outro me procurando, nem tchun pra ele. No computador eu conseguia vir como estava a agenda do dia, e pelo visto hoje iríamos sair tarde. (...) Quando deu meio dia era horário de almoço, fechei o caixa e avisei a Simone que estava indo almoçar, costumava ir na pensão ao lado.
Fora do salão já me bati com o outro parado em cima da moto, quando me viu saindo já desceu vindo na minha direção ajeitando o boné.
— Essa porra ai no teu bolso é de efeite? — Se referiu ao celular no meu bolso.
— Tava ocupada, quer o que?
— Vim pra almoçar contigo, acordei tu já tinha ralado, por que não me chamou pra te trazer?
— Tenho pernas Russo. — Me encarou sério. — E ainda não esqueci de ontem, se você se estressa na rua, não vem querendo descontar em mim que eu não sou capacho de ninguém.
— Foi mal por ontem pô, vamo ficar na boa, namoralzinha, já tô cheio de pica, quero ficar brigado contigo não.
Tô no erro e assumo.— Hum. — Cruzei os braços e ele agarrou na minha cintura.
— Bora almoçar, tô na maior larica.
— Então bora logo, tenho que voltar pro trabalho daqui a pouco. — Puxei ele até a pensão do lado do salão. Pedimos o prato do dia e uma coca cola. — Vou mudar o turno da escola pra noite, tá na reta final e quero terminar logo.
— Tá certa, dou o maior apoio, não quero que tu pare de estudar, já viu algum curso maneiro pra fazer depois?
— Pensei em ir pra área da saúde, enfermagem talvez.
— Acho foda, quando eu tiver algum ferimento em confronto já sei quem vai cuidar.
— Para de falar coisa homem, vai ter ferimento nenhum não, vai ficar assim inteirinho. — Falei vendo ele rir.
— Não sou de aço Tatiana, tenho consciência que tudo que a gente planta a gente colhe e quando aquele lá de cima achar que chegou a minha hora, eu não vou lutar contra não. — Beijou o crucifixo que sempre ficava em seu pescoço.
— Não fica falando essas coisas que atraí coisa ruim, chego a me arrepiar toda, Deus ta sempre contigo e vai sempre te proteger!
Depois do almoço eu voltei pro salão e Leandro foi pros corres dele, mas ficou de passar mais tarde pra me pegar. A tarde foi corrida, ainda mais que todo mundo procurava uma vaguinha pra se arrumar pro baile mais tarde.
— Foi a última do dia, estão liberadas meninas, bom descanso. — Simone avisou
— Tô cheia de dor nas costas, 0 chances de ir pra esse baile. — Laysa a menina que faz unha falou assim que fechou a porta. — E tu tati?
— Eu? sem a mínima chance de eu ir pra esse baile, tô sem o menor pique.
— E vai deixar teu bofe solto na pista? porque eu eu duvido que ele perca o baile, nunca perdeu nenhum. — Dandara, a que aplicava extensão de cílios se intrometeu. Desde o primeiro dia sempre senti ela ríspida comigo.
— Ele não nasceu grudado comigo, se ele quiser ir é com ele, cada um com a sua consciência, ele não é bobo e nem criança, sabe bem oque faz. — Desliguei o computador. — Boa noite pra vocês meninas, até segunda!
Graças ao meu bom senhor amanhã era domingo e tínhamos folga já que o salão não abria. Fiquei do lado de fora esperando Leandro, que apareceu com a maior carona de sono pra me buscar. Chegando em casa já fui tirando a sandália e fazendo um coque no cabelo, estava exausta.
— Tava dormindo? — Perguntei assim que entrou, já que tinha guardado a moto.
— Tava mermo, tô dormindo malzao por conta desses b.o aí. — Me abraçou por trás.
— E vai pro baile hoje?
— Tá afim de ir? — Me virei ficando de frente pra ele.
— Sendo bem sincera, tô não, hoje foi uma ralação sem fim, só quero tomar um banhozinho e cair na cama. Mas se você quiser ir, sabe que eu não te privo de nada..
— E eu vou fazer oque se você tá aqui? não viaja né, vou marcar de casa contigo.
— Hum, pensei que ia ter que fazer chamego pra você não ir pra aquele antro da perdição. Vou tomar um banho, quer ir pedindo alguma coisa pra gente comer não?
— Tá afim de que?
— Japa, por favor, nada de pizza.
— A senhora manda patroa. — Me deu um beijinho e eu subi pro quarto.
Tomei um banho quente com tudo que eu tinha direito, até lavei o cabelo que estava puro óleo. Vesti uma roupa fresquinha e deixei o cabelo secando, quando sai do banheiro Leandro já estava na cama mexendo no celular e na cama estava uma barca de japa com direito a uma garrafa fe vinho, minha boca chegou a salivar.
Comi quase que a barca toda sozinha já que o outro não saia do celular, já estava ficando nervosa, mas deixei quieto. Me ajeitei na cama de costas pra ele que me abraçou, e não me deixava dormir por nada, toda hora ficava com uma maozinha boba, dei logo uma trava que ele me deixou quietinha.
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Acordei assustada com barulho de moto subindo e descendo o morro, o som do baile estava no máximo do máximo. Olhei pro lado da cama e o outro não estava, chamei por ele mas ninguém respondeu.
— Ele não é louco de ter ido pro baile escondido. — Peguei meu celular tentei ligar mas não deu e mensagem nem chegava, e foi nessa hora que eu comecei a tremer de raiva.
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