TATIANA
Passei a madrugada rolando pra lá e pra cá, não conseguia conter a raiva que eu estava sentindo, como pode ser tão cínico cara. Mas bem que eu fui avisada, não dei ouvidos e já estou fazendo papel de otária, aqui ele não vai arrumar nada, deixe estar.
Ouvi a porta do quarto abrir e fechar, calada estava, calada fiquei, o cheiro da maconha subiu forte, ele entrou pro banheiro e ficou lá um bom tempo, até que veio deitar do meu lado. Olhei no relógio que ficava do lado da cama e vi que eram três da manhã.
- Curtiu muito o teu baile? seu sonso. - Falei assim que ele veio juntar o corpo no meu.
- Já vai começar de maluquice? - Se afastou indo pro canto dele da cama e eu me sentei olhando pra cara dele.
- Como é que você pode ser tão sujo cara? pra que mentir? me fala, ta achando que tem alguma otária aqui? - Falei aumentando um pouco o tom.
- Olha oque tu ta falando, vou nem render assunto contigo, cheio de bagulho pra resolver, cansado pra caralho e tu ainda vem ficar apertando a minha mente.
- Posso até imaginar esse teu cansaço, quer saber Leandro? que se foda. - Levantei da cama e calcei o chinelo.
- Para de noia cara, sabe se eu tava em algum baile você? tá falando merda pra caralho já. Tava na boca resolvendo uma porra de coisa. - Sentou na cama cruzando os braços. - Quer que eu volte pra rua você? né possível irmão.
- Tua cara cínica não nega, eu não vou bater cabeça com você a essa hora não, mas espero que tenha válido muito a pena essa tua atitude escrota. Por mim você pode ir até pro quinto do infernos, sujo! - Saí do quarto batendo a porta, indo pro quarto de hóspedes que tinha ao lado.
Deitei a cabeça no travesseiro tendo a certeza de que eu não estava perdendo nada, mal começamos a ter algo e ele já mostrou que é como todos os outros. É mãe, talvez você estivesse certa, pena eu ter que comprovar isso na pele. (...) Na manhã seguinte eu estava decidida a fazer algo de diferente no domingão, pra variar um pouco. Dei graças a Deus não ter dado de cara com o outro ainda.
ratazanas
- prainha? pra renovar as energias, saudade de vocês!! enviou.
karen: aí que delícia, mas pra mim não dá hoje, vou trabalhar igual camela na feira.
- poxa ka. enviou.
celly: abandonou legal você né vacilona, mas vamos, quero contar uns babadinhos.
‐ vou me ajeitar e daqui a pouco te encontro na barreira celly, pra gente pedir o uber. enviou.
Separei um biquíni e uma roupinha fresca, ajeitei uma bolsinha com coisas que eu iria precisar. Saí de casa sem comer nada, não tinha fome nenhuma, ainda mais depois de ontem. Desci o morro encontrando a marcelly na barreira, parecia que estava indo viajar, até cooler ela tava levando.
- Até que fim saiu da toca. - Celly falou assim que me viu. - Que cara de bunda é essa?
- Sabe aquele meme "você acha que homem pensa?" to vivendo ele. - Pedi o uber que chegou rapidinho, e em menos de meia hora estávamos no Leme. - Só Deus sabe como eu precisava disso.
Bebi a água de coco e me ajeitei na cadeira de praia. O sol estava lindo, a praia movimentada, mas a parte que estávamos estava menos.
- O que o outro aprontou? - Perguntou.
- Saiu escondido ontem, e ainda teve a cara de pau de mentir, sendo que chegou fedendo a maconha e a bebida.
- Tatiana, você cria muitas ilusões de uma vida perfeita, ainda mais com bandido, irmã, acorda! aqueles alí não se importavam não, te amam hoje e amanhã eles tão pintando o 7 com você.
- Não crio ilusões Marcelly, eu deixei claro pra ele que era livre pra ir pra onde quisesse e ele olhou na minha cara e disse "não, vou fazer oque la se você ta aqui?" ao muita sacanagem. Ele mesmo diz que eu sou novinha ainda né? pois bem, não preciso me sujeitar a isso não, deixei claro que não iria passar como otária e não vou! Eu não vou ter uma história parecida com a da minha mãe, não mesmo.
- Só cuidado, Russo pode ser calminho, mas não atiça a fera porque quando eles querem deixam o cão sair.
- Sei onde eu tô me metendo. Agora que tô trabalhando, tendo meu dinheiro, sabe onde posso alugar uma kit net não?
- Pô irmã, tenho o número de uma mulher que sempre tem casa pra alugar, vou te passar e tu fala com ela sobre, vai que ela te arruma um cantinho.
- Tendo chão, teto, pra mim está ótimo. Sempre tive na minha cabeça que no primeiro vacilo que ele desse eu iria cair fora, não tô afim de saber até onde vai a pilantragem dele. Vou arrumar um canto pra mim, terminar meus estudos e dar início no curso que eu estou querendo. Sabe Marcelly, quando eu fui na igreja com a mãe do Leandro, uma moça veio conversar comigo, orou pela minha vida me disse tanta coisa, que fez tanto sentindo, que me fez abrir os olhos pra muita coisa.
- Como por exemplo?
- Hoje eu tô com 17, daqui a algumas semanas 18 e daqui a alguns anos 30, vou ficar sentada esperando a vida passar sem fazer nada? sem dar um rumo a ela, preciso buscar melhorias pra mim, fazer por mim oque só eu posso fazer.
- Nem parece a mesma tatiana de meses atrás falando, que doideira. - Ela ri se levantando. - Bora dar um mergulho, vem!
Levantei junto com ela e corri pela areia quente até entrar no mar, que delícia de banho. Me senti renovada, com a mente mais fresca. Sentei na areia abraçando minhas pernas e encarando o imenso mar na minha frente, e nesse momento só vinha meus pais na mente. Sempre jurei que iria dar muito orgulho aos dois e eu iria cumprir custe oque custar.
s t a t u s
audaz
Voltamos pro morro quase oito horas da noite, curti o domingo como nunca e com o celular no mudo, não queria assunto com ninguém. Subi de moto táxi até a casa do Leandro e assim que entrei vi as luzes todas apagas, tendo a iluminação somente da luz da varanda pra dentro da sala, vi ele sentado na poltrona da sala, com uma cara horrível. E lá vamos nós pra mais uma discussão.
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ARREGAÇEM NOS COMENTÁRIOS, CONTO COM VOCÊS!
qual rumo vocês acham ou esperam que a vida da nossa tatiana vai vir a ter? tô tão curiosa quanto vocês.