TATIANA
— Que história é essa, aposto que minha mãe sabia, ela e a tia rute eram amigonas a um tempao atrás. — Karen comentou depois do que eu contei.
— Foi horrível descobrir isso, nunca imaginei. Mas prometi que iria deixar esse assunto de lado. — Encarei o outro lado da rua onde duas mulheres olhavam em nossa direção. — Conhece?
— Não, to quase indo perguntar se tem milho jogado por aqui pra elas estarem olhando tanto. — Acabei rindo com o jeito nada calmo de Karen. — Sabe da Marcelly?
— Não, mandei mensagem e nada, deve estar com algum macho por ai curtindo a vida.
— Certa é ela, o bofinho que eu estava pegando da barreira me deu um pé na bunda, to sem sorte pra homem. Mas falando nisso, e o Russo?
— Não vi ele mais depois que estive na casa dele, e se ele não me procurou eu que não vou atrás dele. — Dei de ombros. — Karen, você conhece alguma Beatriz? o Russo tem uma tatuagem com esse nome, fiquei desconfiada.
— Nunca ouvi, deve ser mãe ou irmã, vai saber, a família dele é toda reservada, fora que moram na parte mais alta da favela. — O celular dela vibrou e ela me olhou assustada. — Caralho.
— O que? — Virou a tela do celular e eu pude ver um vídeo de Marcelly apanhando de três mulheres que pareciam muito mais velhas que ela, no vídeo uma delas gritava e dizia que era Fiel do homem que a Marcelly se envolvia. — Que isso Karen, quem te mandou isso?
— Postaram no twitter. Bora lá na casa dela, ver como ela tá porque pelo vídeo boa ela não tá.
Saimos da pracinha e fomos seguindo pelos becos até chegar na casa de Marcelly, como o portão ficava só encostando fomos entrando chamando por ela. Karen bateu forte na porta e nada dela atender, até que a tia dele abriu a porta com a pior cara do mundo.
— Querem o que aqui?
— Oi tia, Marcelly ta aí? — Perguntei pra mulher que estava de braços cruzados.
— Marcelly tá descansando, não sei se ficaram sabendo mas pegaram a minha sobrinha na covardia, mas isso não vai ficar assim não. Mais tarde eu mando ela mandar mensagem pra vocês, agora me dêem licença que eu tô ocupada. — Bateu a porta na nossa cara.
— Grossa do caralho!!! — Karen retrucou. — Bora, mais tarde vou tentar falar com a Marcelly de novo.
Senti meu celular vibrar no bolso do short e quando olhei pela barra de notificação era mensagem do Russo dizendo que queria "bater um lero" comigo. Avisei que não podia já que estava ocupada resolvendo uns assuntos. Eu não tinha nada pra resolver, mas eu não quero que ele pense que é mandar uma mensagem que eu vou correndo atrás dele.
Eu e Karen seguimos caminhos contrários e quando eu estava passando por um dos becos pra cortar caminho fui parada por um homem, que eu logo reconheci ser o que me olhava estranho no dia do baile, o tal JN. Tentei passar mas ele se manteve em minha frente me impedindo.
— Da licença. — Falei sem a mínima paciência.
— Calma ai colega, vou fazer nada contigo não. Queria só trocar uma idéia, tem condição? — Me olhou dos pés a cabeça passando a mão na sua barba mal feita.