paper rings

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i.

Eles já não tentavam mais rotular o que tinham.

Era mais sério do que apenas ficar, ou simples amizade colorida.

Era menos sério que casamento.

Eram eles e ponto. Como se isso, por si só, bastasse.

Todas as últimas datas festivas eles haviam passado juntos. Natal, Ano-Novo, Carnaval... Era como se o hábito de vivenciar juntos todas essas datas especiais tivesse retornado. Ele alguma vez os havia abandonado de fato?

Os anos em que haviam passado longe um do outro não contavam. Era fácil demais quando não se viam. Quase podiam se enganar que não sentiam falta, que não sentiam a saudade. Que a presença não era tão necessária. Manter a distância quando estavam perto era a verdadeira questão. Quando os braços podiam tocar, quando a boca quase pedia pelo gosto da outra de novo.

Ai eles nunca conseguiram.

As coisas foram acontecendo de maneira calma, pela primeira vez para eles. Foi sutil. Os jantares eram hoje mais frequentes. Helô não se preocupava mais em perguntar o que ele estava fazendo ali quando chegava em casa e o encontrava de maneira confortável no sofá com um vinho, whiskey ou café da Creusa na mão.

Stenio já não mais se surpreendia quando eventualmente ela aparecia na casa dele. Era uma rotina confortável e funcionava.

Era a forma de ter Helô perto dele, e ele aceitaria o que quer que ela estivesse disposta a dar. Era a forma com que ela se sentia confortável e segura para seguir com as coisas, e ela era grata por ele entender e aceitar isso.

Hoje, era mais um desses dias em que eles estariam juntos em público. Não era um problema, era quase parte da rotina.

O ex-casal que nunca deixou de ser casal.

Laís estava dando um jantar de aniversário. Era uma data importante e o ano dela já havia sido bastante difícil. Uma noite boa entre os amigos poderia ser a chance de melhorar um pouco o humor da advogada.

Foi natural chamar Helô junto com Stenio. Ninguém ao redor se preocupava em perguntar se eles haviam voltado oficialmente. Um sempre estava incluso nos planos do outro. Era a regra silenciosa entre todo mundo.

Eles chegaram juntos de mãos dadas, o corpo de Stenio sempre pendendo para o lado da delegada, buscando um contato que nunca parecia ser o suficiente. Sorriram ao cumprimentar a aniversariante, para logo em seguida procurarem algo para beber.

O jantar transcorria de maneira tranquila, estava divertido. Helô e Laís sempre haviam se dado bem, a admiração sempre havia sido mútua. Elas conversavam sobre os dilemas de Theo e Helô contava mais sobre toda a problemática do mundo virtual. Monteiro eventualmente participava da conversa, compartilhando suas opiniões. Mas Stenio estava distraído olhando Helô.

Ele gostava de ouvir ela falando sobre a profissão dela. Essa sempre havia sido a grande paixão da vida da atual delegada e ele, de certa forma, havia presenciado grande parte desse processo. Acompanhou o sonho virar realidade e depois crescer. Viu ela entrando na polícia federal, ficou com medo de perdê-la e exorbitantemente feliz quando isso não aconteceu.

Era triste ter perdido parte da mudança de carreira. A separação ocorreu antes da mudança de área e foi um choque para ele descobrir que ela agora trabalhava com crimes virtuais, na civil novamente. Era como se essa Heloísa tivesse agora uma faceta que ele ainda não conhecia.

Mas a realidade havia mudado e eles estavam aqui, juntos de novo. Aprendendo e redescobrindo o que havia mudado um no outro. Novos trabalhos e novos perfumes já não eram mais tão estranhos assim.

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