Heloísa Sampaio estava feliz. Não haveria jeito mais simples de explicar como ela se encontrava agora, neste momento da vida dela.
Enquanto saia da delegacia, os repórteres estavam na porta, esperando uma declaração da delegada por mais uma prisão importante sobre uma rede online de pedofilia que ela, em suas investigações, havia fechado. O nome de Helô estava ao redor dos maiores jornais, como havia ficado anos atrás ao fechar uma das maiores redes de tráfico humano no país.
Havia sempre o orgulho de fazer bem seu trabalho, mas havia ainda mais a paz interior de saber que estava ajudando, em passos de formiguinha, a salvar vida de pessoas. Era o que ela sempre havia sonhado. Ela sempre quis fazer a diferença de alguma forma.
Nem mesmo Stenio aparecendo em sua casa para jantar, com a desculpa de parabenizá-la mais uma vez, atrapalhou a alegria da delegada. Se ela fosse sincera, ela poderia dizer que isso havia fechado um dia perfeito com chave de ouro. Ali, sentada jantando a comidinha de Creusa e tomando um vinho com Stenio, ela estava exatamente onde queria estar.
- É sério, Helô....parabéns – disse Stenio, estendendo a taça em um brinde final, assim que terminaram de comer.
- Obrigada - ela respondeu sorrindo sincera, enquanto retornava o brinde.
- Eu já te disse uma vez e digo de novo – ele olhou dos fundos dos olhos dela, assim como havia feito anos trás - ninguém fica mais feliz pelas suas conquistas do que eu.
- Stenio, Stenio – o leve sorriso dos lábios entregava que ela se lembrava daquele dia tanto quanto ele. O dia que ela havia passado no concurso da Polícia Federal....parecia uma vida toda atrás - Se você soltar ele... – completou ela em um tom de aviso, disfarçando como aquela lembrança a havia afetado.
- Ele não é meu cliente e eu jamais pegaria um caso desses – Stenio estava reavaliando algumas coisas em sua vida desde os recentes acontecimentos.
- aham, aham – ela brincou fazendo pouco caso, se levantando da mesa.
- Você sempre fazendo pouco caso de mim. – ele se levantou logo depois, seguindo a delegada.
- Para de drama, Stenio – ela sorriu, ainda levemente alterada pelo álcool e abriu a porta da sua casa - E bora indo pra sua casinha que amanhã eu trabalho cedo.
- Ah, vai...me deixa ficar – disse ele, puxando-a pela cintura, a virando rapidamente de frente para ele, fazendo com que a delegada se apoiasse em seus ombros em busca de equilíbrio.
- Ai, Stenio.... - gemeu ela quando a boca do advogado foi de encontro ao ponto sensível em seu pescoço – Vai embora vai....
Ele retirou a boca do pescoço da delegada e a encarou por um momento. Ele não tomaria iniciativa dessa vez. Ele já estava ali com ela. Qualquer passo além disso, hoje, caberia a Heloísa. Ele sorriu quando observou o olhar dela indo do seu olho para sua boca, avaliando, pensando. Talvez ela quisesse que a racionalidade ganhasse. Mas quando as mãos dela foram em direção ao cabelo dele, puxando a cabeça para mais perto, ele sabia que ele tinha ganhado.
Helô uniu as duas bocas em um beijo, sentindo as mãos de Stenio traçando um caminho em suas costas, procurando a barra da camisa e logo fazendo seu caminho por baixo dela, buscando o contato com a pele. As mãos dela, por sua vez, bagunçavam o cabelo do advogado de um jeito que ela sabia que ele odiava e que apenas ela podia fazer. Sorriu antes de morder o lábio dele, arrancando um gemido do advogado, enquanto caminhava cada vez mais pra trás, puxando-o junto consigo.