ninguém te toca como eu toquei

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Helô desligou o telefone praticamente na cara de Leonor, sem conseguir acreditar no que seus olhos viam.

O dia de hoje havido sido longo. Leonor batendo na delegacia para avisar que Stenio havia passado mal, o que a delegada sabia que não havia de fato acontecido, o caso do stalker que a estava deixando maluca, a afilhada de Creusa que continuava sumida.... estavam sobrando problemas na cabeça de Heloísa Sampaio ultimamente.

Mas, apesar de tudo, não podia negar, que duas coisas a mantinham motivada. A primeira era Beto, o advogado que ela estava conhecendo. Depois de tanto tempo fora de um relacionamento, tentando buscar algo que a empolgasse novamente em alguém, ela achava que podia ter encontrado dele. Ele era um homem interessante. Interessante o suficiente pelo menos.

A segunda era Stenio. Por mais que ela fingisse incômodo, fingisse que não ligava.... ela sempre gostava da atenção que recebia de Stenio. Gostava de saber que ele estava ali, na órbita dela novamente. Compartilhando vinhos, histórias e momentos.

Talvez não necessariamente nessa ordem, se ela estivesse sendo sincera.

Stenio sempre seria um caso à parte na vida da delegada. As vezes ela achava que ele havia mudado. Que havia amadurecido. Havia algo diferente nele que ela ainda estava tendo dificuldade em entender. Mas então, sua prima parecia interessada nele. Falando o quanto Stenio a tratava bem, no quão incrível ele estava sendo. Helô não conseguia evitar, ela era automaticamente era levada para anos atrás. Para momentos que não queria reviver.

Agora, depois da ligação de Leonor dizendo que Stenio estava péssimo, e seus olhos encontrando a figura conhecida do outro lado da rua, Heloísa tinha quase certeza que não. Ele não havia mudado nada. Ele continuava o mesmo.

Pela maneira como a prima havia falado da relação deles, todos pensariam que estava indo às mil maravilhas, que tinham um futuro possível. Mas Helô tinha quase 30 anos de conhecimento sobre Stenio em sua bagagem. Ela sabia que não.

Caminhou até ele lentamente e percebeu que o advogado já estava com uma bebida na mão e que, provavelmente, aquela não era sua primeira da noite. À medida que ela chegava mais perto, era como se Stenio sentisse sua presença. Procurando algo com os olhos, querendo encontrar. A procura só parou quando o olhar dele cruzou com o dela.

A maneira como ele a encarava fez com que Helô precisasse parar e respirar fundo antes de seguir. Caminhando até ele, era impossível não se se sentir abalada pela maneira que ele estudava cada centímetro do seu corpo. A delegada estava determinada a não deixar transparecer, como sempre, o quanto ele ainda a afetava. Mas era absurdamente difícil com ele a estudando dos pés à cabeça.

Depois, ela culparia até o menor dos ventos pelo arrepio que sentiu. Só poda ser o vento.

- Que bom que você já saiu do hospital, né? - Disse ela irônica ao se aproximar dele.

- Hospital? - ele fez uma expressão confusa, tentando entender o que a morena havia dito, até sua ficha cair - Ai, Helô sua prima é muito dramática. E vai me culpar? Com todo o respeito, Leonor é chata e eu não aguento mais.

- Não vem com essa de falar mal da mulher que passou não... – ela tentou interromper, mas Stenio mal a deixou seguir.

- Leonor nunca passou. A gente nunca teve nada. – Ele foi categórico, quase pegando Helô de surpresa pela primeira vez.

- Não precisa me dar ex..

- Não é explicação, eu tô só falando um fato. – Ele bebericou um pouco do copo que trazia na mão - A gente nunca nem se beijou. Eu falo cinco minutos com ela e saio querendo me jogar da sacada mais próxima...- ele para repentinamente olhando a delegada dos pés à cabeça de novo, sorrindo - Você tá muito bonita, Helô.

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