Lernaean Hydra

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Lauren

Quando eu entrei na sala de Falconi ele correu até mim e me abraçou. Seus braços me apertavam com força contra si e eu fiz o mesmo, buscando alguma segurança. O homem se afastou de mim e me olhou, aliviado.

- Pensei que algo de ruim tinha acontecido. Onde esteve nas últimas horas? Por que não veio mais cedo? - ele se sentou e eu também o fiz, olhando-o.

- Estava em casa com Camila. O que você sabe sobre ela? - perguntei, servindo-me de uma xícara com café.

- Tudo, eu acho. Detetive especializada em investigações secretas do FBI, morava em Boston, era uma espiã, tentou nos matar a mando do Hayes. Perdi algo? Ah, é. Apaixonada por você. - a capacidade que Carmine tinha de ser bem humorado até em situações complexas as vezes me assustava. Sorri para ele e contei tudo que havia conversado com Camila na noite anterior.

- Acha que ela está falando a verdade? Quer dizer, mesmo ela tendo essa... coisa, comigo, ela continua sendo uma agente do FBI. E se for um disfarce, tio?

- Não acho que seja, Camila sabe no que está se metendo. Ela não confia em Hayes, não seguiria ele em situações mais extremas.

- O que quer dizer com situações mais extremas?

Ele se levantou e caminhou até o centro do escritório. Seu terno era todo preto, o que me lembrou Victor.

- Hayes começou a atacar pequenas gangues no centro da cidade, não vai demorar muito até vir atrás de mim.

- Hayes vai te prender?

- Ele vai me matar.

Ambos ficamos em silêncio por alguns minutos e Falconi veio até mim, descansando suas mãos em meia ombros.

- Eu sou velho, Lauren. Tenho artrite, insuficiência pulmonar graças a um tiro que levei no peito trinta anos atrás. Estou tremendo cada dia mais, minha pernas ficam cansadas rápido. A única coisa que ainda funciona aqui é a minha memória. Mesmo que meu irmão não me mate, eu vou morrer. E você sabe que prefiro morrer como o homem que sempre fui a morrer como um velho inválido em uma cama. É por isso que tenho tanta urgência em falar com você.

Olhei para baixo me permitindo pensar um pouco. Meia olhos estavam lacrimejando. Falconi foi meu pai durante mais da metade da minha vida. Ele me criou, me ensinou tudo que sei, me deu tudo que tenho. E agora estava me segurando e fazendo um discurso fúnebre.

- Você precisa saber de algumas coisas fundamentais. - olhei para ele novamente. Ele se sentou em sua poltrona e pegou uma xícara de chá com calma, como se não falássemos sobre sua morte. - Quando eu morrer você e Victor assumirão a Cronos. Isso não é discutível e eu não aceito "não" como resposta. Vocês devem trabalhar juntos, controlar uma máfia não é fácil, ainda mais uma com o tamanho e influência da Cronos. A segunda coisa que deve saber é que a Cronos é maior que você imagina ou consegue imaginar. Temos parceiros em todos os cantos do mundo. Não quebre essas parcerias, são importantes. Vai ser difícil lidar com os outros líderes da Cronos, são loucos, surtados. Eles te devem obediência, mas não abuse disso, não pensarão nem por um minuto antes de te matar. E também tem...

- Não posso fazer isso. - falei, interrompendo-o. Carmine me olhou sem entender - Não posso dirigir a Cronos.

- O que quer dizer com isso?

- Eu não sou assim. Não posso fazer isso. Não posso orquestrar roubos e assassinatos. Eu mato, tio. Isso é tudo o que eu faço.

Ele sorriu e me deu um olhar compreensivo.

- Você se subestima demais, Lauren. Se não dirigir a Cronos vai fazer o que da vida? Sair e procurar emprego em uma padaria? Você nasceu no meio disso, essa é a sua vida e sempre vai ser. Você deve isso ao seu pai.
Olhei para ele sem falar nada. Ele não estava errado, no geral.

Misery (Camren)Where stories live. Discover now