Emma

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Lauren

Depois de tomar um gole de café quente eu me sentei à frente de Carmine que estava na poltrona ao lado esquerdo e eu como sempre no sofá ao lado direito, ele bebia chá com limão e ambos estávamos em silêncio.

- Sabe qual foi a maior decepção de minha mãe, Lauren? - ele tomou um gole de chá e voltou a me olhar - Me ver abandonar a faculdade de direito para ser chefe de máfia.

- O senhor fazia direito? - falei, incrédula. Como podia um futuro defensor da lei virar o total contrário dela?

- Até perceber que o sistema é falho e não existe justiça. - ele me olhou por alguns segundos e voltou a falar com a voz baixa e calma - Quero que me prometa que não importa o que acontecer você tomará conta do que eu criei, Lauren. A Cronos é mais que uma gangue de beco, somos uma família. Não sei o que vai acontecer daqui pra frente... Me prometa.

- Você está novo demais pra chorar a morte, Carmine. - falei fazendo-o rir - Eu prometo.

Quando saí do escritório do homem Camila me esperava mais adiante no corredor. Estava encostada na parede olhando fixamente para o chão. Me aproximei e ela me recebeu com um abraço caloroso e apertado. Seus braços entrelaçavam meu pescoço firmemente e os meus apertavam sua cintura, o abraço de Camila era um lugar no qual eu não me importaria de passar o resto da vida. Nossos corpos se separaram e eu a olhei, segurando seu rosto.

- No que está pensando? - perguntei, acariciando sua bochecha esquerda com o dedo.

- Estou com medo. - admitiu, olhando para baixo. Segurava minha mão distraída e eu voltei a abraçá-la, agora passando meus braços por seus ombros. Seus braços, por vez, estavam encolhidos em meu peito.

- Não vai acontecer nada conosco, Camz. - falei tentando acalmá-la.

- Como sabe disso? Nesse momento tem um bando de loucos trocando balas por aí, quanto tempo vai levar até que um deles invada essa casa e mate todo mundo aqui dentro? - Camila parecia realmente preocupada - Ou... Quanto tempo vai levar pra que a polícia interfira?

- A polícia? - a polícia seria a última a se envolver naquilo, nenhum delegado era louco o suficiente para interferir em uma guerra de gangues. - Ninguém é tão insano pra fazer isso, Camila. E caso a polícia resolva intervir nós saberemos, temos pessoas nas principais delegacias de Miami nos informando de tudo a cada momento.

Dois segundos depois uma figura pálida vestindo botas, calças e suéter pretos apareceu atrás de Camila. Victor vinha com pressa em minha direção e trazia alguns papéis nas mãos.

- O Steven me entregou isso hoje, ele tirou da sala do Hayes. - quando Victor falou o nome senti Camila estremecer nos meus braços.

- O que é isso? - peguei a pasta marrom e abri, haviam vários relatórios de pessoas da Cronos e de outras gangues de Miami com todos os crimes que haviam cometido. Olhei para Victor - Desde quando ele investiga a gente?

- Eu não sei, não faço a mínima ideia. O Steven também não sabe, aparentemente ninguém da delegacia sabe.

- Steven? - Camila perguntou, olhando para mim.

- Um policial, é um dos nossos. Dê um jeito de descobrir o que mais ele sabe sobre o pessoal daqui Victor, pegue todas as fichas criminais que ele tem. Não quero esse cara cheiretando a vida dos meus homens.

- Que eu saiba são os homens do meu tio. - resmungou. Levantei uma sobrancelha para Victor e ele saiu com as duas mãos para cima, pedindo desculpas.

- Merda. - falei, voltando a folhear a pasta com as fichas criminais e procurando pela minha, rezando para que Deus fosse meu amigo.

- O que há de errado? - ouvi a voz de Camila, ela me olhava curiosa.

Misery (Camren)Where stories live. Discover now