Who's M.M.?

3.2K 267 136
                                    

Camila

- Camila, sente-se. - essas foram as primeiras palavras que ouvi de Hayes quando entrei em sua sala naquele dia. Depois de sair da Cronos e finalmente poder ir para casa meu chefe me ligou às cinco da manhã pedindo que eu fosse à delegacia. Apesar do horário o lugar estava lotado de detetives, guardas, peritos e legistas. Nos últimos dois dias as mortes em Miami haviam aumentado pelo menos 59% segundo Hayes, o que era preocupante mas ao mesmo tempo não surpreendia ninguém. Pelo contrário, a tendência era piorar já que todas as gangues de máfias de Miami resolveram fazer da cidade um campo de RPG maluco.

- Aconteceu algo, senhor? - sentei-me à sua frente e fez o mesmo. Retirou da gaveta da mesa pelo menos quinze pastas e algumas folhas avulsas entre elas, deixando também cair um pen drive verde.

- Pensei durante algum tempo essa noite e decidi te mostrar isso. Nessas pastas e nesse pen drive está tudo que você precisa saber sobre nossa investigação até agora, ou pelo menos a parte que ainda não te contei. - Hayes tomou o resto do café que estava em sua garrafa térmica e se levantou, abotoando o terno - Veja tudo o que quiser, leia as fichas e os relatórios, veja os vídeos que estão no pen drive, você tem tempo. Eu adoraria ficar e te contar tudo, mas o mundo está caindo lá fora e aparentemente não há um policial capacitado o suficiente para proteger essa delegacia.

Hayes saiu da sala e eu fiquei sozinha. Peguei as pastas e comecei a analisar, percebendo algum tempo depois que o que ele me contara não era nem a ponta do iceberg. Graças às explicações de Lauren nada daquilo pra mim era tão surpreendente, mas não esperava que houvesse tanta coisa envolvida e misturada. Eram tantas fichas criminais que se não fosse detetive e não convivesse com tal coisa há pelo menos quatro anos, dificilmente acreditaria. Roubos, assassinatos, sequestros, lavagem de dinheiro, desvios bancários... Era coisa demais pra minha cabeça.

Em Boston haviam algumas gangues, sempre lidávamos com suas mortes ou casos pequenos que apareciam, mas aquilo que estava em minhas mãos... A Cronos tinha até mesmo um sistema de prostituição que funcionava por meio de Alexa e sua boate.

Continuei revirando as fichas por cerca de quatro horas até minhas vistas se cansarem. A maioria das pessoas ali eu desconhecia e nunca os vira na Cronos, o que me levou à conclusão lógica de que o que eu havia conhecido até então era apenas a cabeça do meio de uma enorme Hidra de Lerna. As outras quatro cabeças e o resto do corpo eram desconhecidas e continuavam se multiplicando cada vez mais. Folheando as pastas encontrei novamente o pen drive que Hayes também deixara comigo. Fui até seu notebook e colocando os fones de ouvido, conectei ao aparelho. Uma pasta com sessenta e oito vídeos abriu na tela o que me provou mais uma vez que a investigação já estava acontecendo há tempos.

Abri o primeiro e deixei que os outros seguissem automaticamente, todos os vídeos até então eram de interrogatórios com membros da Cronos e de outras gangues do estado da Flórida. Haviam vários tipos de criminosos e a maioria estava apavorada pelo simples fato de estarem sendo interrogados. Aquilo era tão típico de pequenos criminosos que acabavam de entrar em organizações. Eles eram mandados fazer o trabalho sujo e se sentiam sortudos por aquilo, se sentiam especiais. Não mediam as consequências do que aconteceria depois.

De todos os interrogatórios até então o único que me chamou atenção foi o número sessenta e três, não era qualquer criminoso. Era Victor.

Seu interrogatório seguia o procedimento padrão, uma dupla de detetives o interrogava. O primeiro era assim como eu, latino. Tinha a pele bronzeada e um bigode ridiculamente hilário. O segundo era um típico americano branco de cabelos pretos e cara de sono. Os dois perguntavam a Victor sobre sua ficha criminal, era a primeira vez que ele era pego pela polícia. Na época do interrogatório deveria ter menos de dezoito anos, mas já era careca e pálido. O mais estranho eram as perguntas que estavam sendo feitas, não estavam acusando ele, o interrogatório não era sobre ele. As perguntas eram sobre seus pais que haviam sido assassinados naquela noite, Victor era o único da família que sobrevivera. O casal foi encontrado morto na sala de estar do apartamento por Victor que estava chegando da aula de piano. No vídeo ele continuava dizendo aos policiais que não sabia o que havia ocorrido, que tudo que ele sabia era que seus pais haviam morrido. Quase no final do vídeo um advogado - de Victor, suponho - chega à sala do interrogatório e pede às autoridade que deem um tempo para o garoto, ele precisava de algumas horas de luto. Após isso o vídeo acaba.

Depois do vídeo de Victor passei alguns minutos me perguntando até que ponto tudo isso se conectava. O pai ou a mãe dele era irmão ou irmã de Falconi e um assassinato desses nunca teria ocorrido atoa. Dispersei meus pensamentos e continuei seguindo com os vídeos até o último, para então abrir uma segunda pasta dentro do pen drive. Nela havia apenas um vídeo salvo com o nome "M.M.".

De imediato abri o vídeo que mostrava uma mulher de costas em uma casa. À sua frente havia um homem e a mulher apontava a arma para sua testa. Estava escuro e tudo que eu conseguia ver era metade do rosto dele e as roupas dela. Vestia calça preta, all star branco e blusa de manga cumprida preta com capuz, era impossível ver o rosto. Ela atirou no homem e ele caiu em seus pés com um buraco na testa. Sem hesitar a mulher tirou um papel do bolso da calça e escreveu um bilhete que eu supunha ser o pedido de desculpas pelo assassinato, a marca de "M.M.", segundo Hayes. Quando a mulher guardou novamente o papel e a caneta no bolso, guardou também a arma na parte de trás da calça, e levantou um pouco as mangas da blusa. Nesse exato momento eu parei o vídeo e aproximei a imagem.

Eu conhecia aquelas tatuagens.

Lauren.

Assim que percebi a gravidade da situação retirei o pen drive do computador e o guardei no bolso de minha calça. Fechei o notebook abismada demais para fazer qualquer outra coisa.

Lauren era a assassina pela qual a polícia estava procurando há meses. Lauren era a assassina que matara mais de vinte pessoas num intervalo de três anos.

Lauren era a primeira assassina a pedir desculpas pelo que fazia. Lauren era o meu caso em todos os sentidos da palavra.

- Hayes? - ouvi um grito na porta da sala do delegado e no segundo seguinte me deparei com Emma entrando como um furacão na sala dele. O que ela estava fazendo ali? - Camila? O que... - ela parecia tão confusa quanto eu - Onde está Hayes?

Não consegui falar nada. Não sabia por qual situação ficar chocada: Lauren ou Emma. A mulher saiu da sala correndo e pela porta eu pude perceber que a delegacia estava um caos completo.

Caminhei rápido até o lado de fora e olhei para a parte debaixo do lugar onde estavam vários policiais armados apontando para uma carreira de pessoas que caminhavam até as celas. Vários eram homens grandes e fortes, algemados e sendo levados por dois policiais cada. Analisei a fileira de pessoas e quando vi quem vinha por último meu coração parou. Estava sendo levada por apenas um policial e estava algemada. Olhei para ela e em certo momento seus olhos verdes me fuzilaram durante alguns segundos.

Havia ódio neles.

_______________________________________________

Oi oi, como vão? Tá ai mais um capítulo, esse deu uma felicidade extra em escrever. Já vou adiantando que o próximo vai ser !@#$%¨&*!! mas não sei quando vou postar, então... é.

Continuem dizendo o que pensam da fic, o que querem saber. Expressem seu ódio e amor ai nos comentários e por favor não deixem de votar nos capítulos. Sei que é chato quando ficam pedindo isso, mas é bom saber que as pessoas gostam da fic. Obrigada por lerem, até depois.

P.S.: esse capítulo é dedicado pra Cella que é a melhor leitora do mundo. Ela é linda e cheirosa. E ela faz mapa astral o que já conta +10 pontos na escada da amizade.

Misery (Camren)Where stories live. Discover now