New Murderer

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Camila

 

Doze horas atrás.

Segunda-feira tinha finalmente chegado, o que significava apenas uma coisa: Hayes me mandaria para onde é que eu pudesse me infiltrar na Cronos. Nos encontramos novamente no mesmo lugar de antes, dessa vez ele trazia uma grande sacola pendurada na mão direita.

- Roupas? – essa foi a minha primeira reação.

- Se quiser se passar por alguém que precisa desesperadamente de dinheiro, não pode usar roupas de marca como as que está vestindo agora, Camila.

- Eu poderia ter comprado as minhas próprias roupas se tivesse me avisado.

- Você veste o mesmo número da minha filha, foi fácil.

- E você disse pra sua filha que precisava comprar roupas para uma mendiga ou sua filha veste isso? – ele me olhou, com um sorriso divertido em seu rosto.

- Minha filha não veste camisas de banda, minha mulher acha que bandas de rock são satânicas.

- Oh. – como se não bastasse Hayes de louco na família.

- Leve isso, compre uma mochila e coloque as que não usar dentro... – e assim ele passou os próximos quarenta minutos me dando instruções de como me passar por algo extremamente contra mim.

Cinco horas atrás.

Quando saí de casa eu não esperava um temporal em Miami. A chuva caía com toda a força do mundo, a única coisa que me fez não importar com ficar ensopada era o calor que fazia naquela cidade. Em Boston as estações eram bem rigorosas, tínhamos frio durante seis meses do ano e durante a outra metade o vento forte da cidade não deixava com que eu sentisse o calor. Aqui, não. Ou ventava demais ou fazia calor demais. Droga.

Segui a pé até um ponto de táxi em uma das comunidades da cidade. O caminho foi longo, gastei cerca de uma hora e quarenta e cinco minutos para encontrar o lugar exato. Sentei no banco estragado do local. Eu me sentia com quinze anos novamente, usava uma calça jeans azul escura rasgada nos joelhos, converses pretos e uma blusa em gola V preta. Por cima da camisa um moletom cinza, meu cabelo estava preso e encharcado – como o resto de mim.

Eu queria matar Hayes. Eu queria matar meu antigo chefe.

Ele poderia ter me mandado para algum caso em Boston. Poderia ter feito com que eu procurasse um ladrão de joalherias. Poderia até mesmo me fazer entrar para os Narcóticos, mas não. Ele me mandou para Miami, correr atrás de uma máfia. Eu me sentia eternamente grata por ser escolhida para o papel, mas, ainda sim, aquilo era um inferno.

Fiquei durante duas horas sentada naquele banco sujo. Durante esse tempo pude ver todos os tipos de pessoas, desde advogados correndo contra o tempo até prostitutas e drogados. Quando o homem de quem Hayes me alertara apareceu, eu quis agradecer a Deus. Não literalmente.

Hayes havia me dito para ficar ali, naquele lugar, esperando. Depois que o homem aparecesse eu precisaria chamar sua atenção, pedir dinheiro ou qualquer coisa assim. Ele seria me chave de entrada para a Cronos.

Era alto, tinha o corpo bem formado e cabelos castanhos curtos. Usava uma camiseta branca e calça jeans clara. Sua bota marrom pisava nas poças de água e esparramavam água em volta, aquele homem deveria ter pelo menos um metro e oitenta e cinco de altura. Tinha barba mal feita e, assim como todos que eu havia visto ali que não eram prostituas, advogados ou drogados, ele era um brutamontes.

Assim que ele passou, forcei uma tosse grave. Ele olhou, sem fazer muita questão. A próxima ação foi totalmente involuntária, meu estômago roncou. Já eram oito da noite e eu não comia nada desde as panquecas na lanchonete com Hayes. Dessa vez ele parou e me encarou por alguns segundos.

Misery (Camren)Where stories live. Discover now