~Capítulo 28~

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Reino de Brúnis

- NÃO SEI AONDE PUDE ERRAR TANTO COM VOCÊ, GAROTO – berrava o Rei Miguel para Henrique.

- AH TEM CERTEZA QUE NÃO SABE, PAPAI? – berra Henrique em tom de ironia – O QUE O SENHOR TEM QUE SE PERGUNTAR MESMO É SUA ATITUDE DE HOMEM QUANDO MINHA MÃE MORREU. QUE MEU IRMÃO É ISSO, AQUILO.. PORQUE AFONSO DE MONFERRATO É O HOMEM... CHEGA... CHEGA – Henrique joga tudo que há em cima da mesa no chão.

Rei Miguel acaba por perder sua compostura nobre e parte pra cima do filho. Ele lhe dá uma bela surra, tão merecida perante aos fatos apurados dos motivos a sua arrogância.

Rainha Elizabeth abre a porta numa rompente força e a cena a deixa desesperada. Miguel está com a espada na mão, quase enfiando pela garganta do filho malcriado e sem modos.

- Por deuses, Miguel. Solte essa espada! – ela fala em alto bom som e chega perto para impedir uma enorme tragédia naquele momento – Pensas em matar teu próprio filho a que custo, Miguel?

O Rei de Brúnis não ouve a esposa, porém solta sua espada e pega o filho pelos panos de seu gibão.

- Há anos que seu perfume é a sombra pesada, arrogância, falta de modos e a péssima reputação como um nobre príncipe – diz ele – Aliás, nobre é a palavra que você nem sequer merece ter no seu nome e sangue. A sua volta é destruição, mentiras, casos ordinários e conversinhas baratas. Como posso ter embaixo do meu teto uma serpente tão venenosa? E o que mais dói por ver que é meu próprio filho. Meu primogênito. Aquele que eu ansiava pela chegada quando estava no ventre de sua mãe, do qual planejava boa educação e um futuro no trono. Eu te amei por demais, meu filho. Agora eu desisto de você. Tenho pena da onde isso pode te levar e isso machuca por dentro do meu peito.

- Miguel, não faça isso. Ele pode decair cada vez mais, céus – lamenta Elizabeth – Não se nega amor a um filho. Henrique só precisa cair em si novamente.

- Não, minha querida... Henrique já não é mais o filho que amei tanto a ponto de feri-lo – ele diz a esposa e solta o filho – Não pensas que me alegro em te dizer tudo isso, Henrique. Porque há muitas luas que meu sono são banhados por lágrimas de desespero, raiva e dor. Eu até sei aonde tudo isso vai acabar e pode ter certeza que não estarei lá para ver.

- Miguel... – chama Elizabeth vendo o marido sair do escritório abatido e se vira para Henrique. Ela chega perto do seu enteado, percebendo que as palavras do pai foram como um tabefe em seu rosto. Ela acaricia a bochecha dele, como uma boa mãe faria a um filho – Porque, filho?

Ele vê o brilho no olhar da madrasta, que tanto soube amá-lo e dar o melhor de si ao ajudar em sua criação.

- Cansei, Liz. Meu pai jamais me amou de verdade e quer mostrar com atitudes mesquinhas pra me convencer do contrário. Essas sandices que me cuspiu na face, só provou tudo que já sabia – diz ele e aperta seus olhos pela lágrima que escorre – Ele me esqueceu quando Ricardo nasceu e depois foi só piorando quando cheguei a puberdade, com essa de me forçar a ter esposa e trono.

- Filho, não é verdade – diz ela chorando e limpa as lágrimas do enteado – Seu pai falhou sim com você, porém não o fez com que te amasse menos. Eu sei que tenho uma parcela de culpa nisso.

- Porque teria, Liz? – pergunta Henrique.

- Quando eu vi a espada no seu pescoço, eu lembrei do dia que meu pai fez isso com meu irmão quando ele não aceitou se casar com a noiva escolhida a ele – responde ela – Ele não suportou a rejeição do meu pai e fugiu com a mulher que amava. Luas mais tarde, soubemos de sua morte no campo de batalha e meu amado pai sofreu demais por não ter pedido perdão e segurado a mão dele naquele momento. Não queria que essa cena se repetisse. Caia em si, filho, põe vossa mente no lugar e volte a ser o Henrique do semblante leve e sorridente. O meu filho do coração. Eu sempre te amarei, filho.

Você Pertence a MimOnde histórias criam vida. Descubra agora