Reino de Brúnis
- NÃO SEI AONDE PUDE ERRAR TANTO COM VOCÊ, GAROTO – berrava o Rei Miguel para Henrique.
- AH TEM CERTEZA QUE NÃO SABE, PAPAI? – berra Henrique em tom de ironia – O QUE O SENHOR TEM QUE SE PERGUNTAR MESMO É SUA ATITUDE DE HOMEM QUANDO MINHA MÃE MORREU. QUE MEU IRMÃO É ISSO, AQUILO.. PORQUE AFONSO DE MONFERRATO É O HOMEM... CHEGA... CHEGA – Henrique joga tudo que há em cima da mesa no chão.
Rei Miguel acaba por perder sua compostura nobre e parte pra cima do filho. Ele lhe dá uma bela surra, tão merecida perante aos fatos apurados dos motivos a sua arrogância.
Rainha Elizabeth abre a porta numa rompente força e a cena a deixa desesperada. Miguel está com a espada na mão, quase enfiando pela garganta do filho malcriado e sem modos.
- Por deuses, Miguel. Solte essa espada! – ela fala em alto bom som e chega perto para impedir uma enorme tragédia naquele momento – Pensas em matar teu próprio filho a que custo, Miguel?
O Rei de Brúnis não ouve a esposa, porém solta sua espada e pega o filho pelos panos de seu gibão.
- Há anos que seu perfume é a sombra pesada, arrogância, falta de modos e a péssima reputação como um nobre príncipe – diz ele – Aliás, nobre é a palavra que você nem sequer merece ter no seu nome e sangue. A sua volta é destruição, mentiras, casos ordinários e conversinhas baratas. Como posso ter embaixo do meu teto uma serpente tão venenosa? E o que mais dói por ver que é meu próprio filho. Meu primogênito. Aquele que eu ansiava pela chegada quando estava no ventre de sua mãe, do qual planejava boa educação e um futuro no trono. Eu te amei por demais, meu filho. Agora eu desisto de você. Tenho pena da onde isso pode te levar e isso machuca por dentro do meu peito.
- Miguel, não faça isso. Ele pode decair cada vez mais, céus – lamenta Elizabeth – Não se nega amor a um filho. Henrique só precisa cair em si novamente.
- Não, minha querida... Henrique já não é mais o filho que amei tanto a ponto de feri-lo – ele diz a esposa e solta o filho – Não pensas que me alegro em te dizer tudo isso, Henrique. Porque há muitas luas que meu sono são banhados por lágrimas de desespero, raiva e dor. Eu até sei aonde tudo isso vai acabar e pode ter certeza que não estarei lá para ver.
- Miguel... – chama Elizabeth vendo o marido sair do escritório abatido e se vira para Henrique. Ela chega perto do seu enteado, percebendo que as palavras do pai foram como um tabefe em seu rosto. Ela acaricia a bochecha dele, como uma boa mãe faria a um filho – Porque, filho?
Ele vê o brilho no olhar da madrasta, que tanto soube amá-lo e dar o melhor de si ao ajudar em sua criação.
- Cansei, Liz. Meu pai jamais me amou de verdade e quer mostrar com atitudes mesquinhas pra me convencer do contrário. Essas sandices que me cuspiu na face, só provou tudo que já sabia – diz ele e aperta seus olhos pela lágrima que escorre – Ele me esqueceu quando Ricardo nasceu e depois foi só piorando quando cheguei a puberdade, com essa de me forçar a ter esposa e trono.
- Filho, não é verdade – diz ela chorando e limpa as lágrimas do enteado – Seu pai falhou sim com você, porém não o fez com que te amasse menos. Eu sei que tenho uma parcela de culpa nisso.
- Porque teria, Liz? – pergunta Henrique.
- Quando eu vi a espada no seu pescoço, eu lembrei do dia que meu pai fez isso com meu irmão quando ele não aceitou se casar com a noiva escolhida a ele – responde ela – Ele não suportou a rejeição do meu pai e fugiu com a mulher que amava. Luas mais tarde, soubemos de sua morte no campo de batalha e meu amado pai sofreu demais por não ter pedido perdão e segurado a mão dele naquele momento. Não queria que essa cena se repetisse. Caia em si, filho, põe vossa mente no lugar e volte a ser o Henrique do semblante leve e sorridente. O meu filho do coração. Eu sempre te amarei, filho.
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Você Pertence a Mim
RomanceAfonso abdica de seu trono para viver como um plebeu, em nome de seu grande amor por Amália. Protagonizando lindos momentos como casal, porém Amália sofre uma queda provocando perda de memória e de seu bebê. Desolado e com o coração partido, Afonso...