~Capítulo 29~

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Reino de Montemor

Carta escrita a próprio punho por Margot Cantelli de Vilarosso – Rainha de Alcaluz

Destinada a Crisélia de Monferrato – Rainha de Montemor

Cara Crisélia,

Escrever esta carta está sendo um dos momentos mais complicados e terríveis da minha vida. Gostaria que todo esse segredo, até então esquecidos por minha mente confusa e sofrida, fosse levado comigo para a sepultura. Porém, você sabe que é uma mulher íntegra e merece que toda a verdade seja dita, seja ela a mais dolorida que for.

Antes, devo dizer que esta carta foi redigida em dos meus lapsos de consciência, significando que estou próxima de me despedir dessa vida terrena cheia de sofrimento e agonia. Por isso, quando estiver com este papel em mãos já não me encontrarei mais viva.

Crisélia, antes que você e Guilherme pudessem construir uma vida de reinado e uma família nobre, eu e ele vivemos um grande amor. Este último, as escondidas, porque meu amado pai havia prometido minha mão a meu falecido marido e então planejávamos enfrentar nossas famílias em troca de vivermos nosso amor. Até que recebi a notícia de uma gravidez.

Sim. Eu cheguei a esperar um filho de Guilherme, o que foi a nossa alegria e um passo importante para podermos nos unir em uma só carne. Naquela época de nossa juventude, como bem sabe, uma gravidez antes do casamento era uma vergonha e o matrimônio era uma obrigação.

Nosso filho crescia em meu ventre, até que meu pai descobriu a gravidez e desse jeito, nos afastou para sempre. E algumas luas depois, entrei em trabalho de parto prematuro e sofri demais com as dores extremas, o que não me impediu de ansiar para ter meu bebê nos braços. Mas a alegria não durou. Ele nasceu perfeito, mas infelizmente o cordão umbilical o sufocou até a morte e assim vivi dias de muita amargura e sofrimento. Enterrar meu bebê foi a pior das dores, culpei meu pai e aonde comecei a ter problemas de saúde mentais e emocionais.

Casei-me pouco depois e meu pai se foi levando com ele toda minha mágoa e tristeza. Só consegui perdoá-lo muito tempo depois, quando me visitou em sonhos. Meu marido e eu não concebemos filhos, pois quis o destino que a maternidade não fosse para mim.

E anos mais tarde, meu irmão e minha cunhada falecera de uma terrível praga, deixando aos meus cuidados a pequena Lucrécia. O medo foi surreal, mas consegui levar adiante essa criação e voltei a ver mundo muito melhor.

Guilherme, seu marido, soube do ocorrido com nosso bebê quando já estava partindo. Até então esse segredo permaneceu comigo e meu pai por todos esses anos.

Vocês viveram um lindo casamento e ele te amou de verdade. O Conselho da Cália jamais tomou conhecimento dessa terrível tragédia, facilitando a felicidade de vocês e então, antes que eu vá embora precisei desabafar esse segredo a você e minha amada sobrinha Lucrécia. Logo ela será a nova regente do reino de Alcaluz, precisando de uma força para que possa levantar novamente nosso reino.

Continue sendo feliz, Crisélia, com as pessoas que te amam e te querem bem. Assim como eu sempre desejei.

Rainha Margot!


Crisélia coloca a mão no peito e respira fundo ao terminar de ler a carta de Margot. Ela jamais imaginara que em vossas juventudes, seu amado marido havia vivido uma doce história de amor tão breve com a Rainha de Alcaluz e quase terem tido um filho. Guilherme, por ser um homem tão reservado, havia guardado este segredo no fundo de suas boas memórias.

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