~Capítulo 05~

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Em Brúnis

Henrique se preparava para mais uma tarde entediante com seu pai. Logicamente iria ouvir ele dizer sobre os reinos vizinhos, como uma grande admiração por Montemor e a sua rainha.

Sinceramente ele já estava cansado de ouvir os absurdos exagerados do pai. E ainda mais amargurado por perder outra noiva, sendo essa Princesa Catarina e o mesmo aconteceu poucos anos atrás com a primeira mulher que iria se casar.

Certamente, se tornou um príncipe frio e calculista. Uma noiva o abandona e a outra, não segue suas ordens e o enfrenta. Sabia do poder feminino de Catarina, porém ele não tem paciência para esperar o momento pós casamento em tomar sua mulher para si.

Desde então seu pai e madrasta tem sido rigorosos em questão de seu nome, tendo a sorte do Conselho da Cália não estar a par do que aconteceu naquela noite.

- Alteza, vosso pai e madrasta o espera – diz Hermes, seu conselheiro.

- E vamos a mais uma prosa de "Como Montemor prospera" – diz ele irritado – Está dispensado, Hermes. Qualquer coisa vos chamarei.

- Sim, alteza. Com licença – diz Hermes em reverência e sai.

Henrique nunca se agradou com os Monferrato, incluindo príncipe Afonso. Ele sempre ouvira falar muito a respeito do homem: viril, muito desejado por princesas de todos os reinos, elogios ao seu futuro governo em seu reino e querido por muitos. Isso o irritava, pois sempre quis ser maior e tentava de tudo para chamar a atenção de todos a sua volta.

Seu pai e irmão caçula nunca o notavam. Por isso, semeou em seu coração inveja e raiva de Afonso. E sua felicidade foi ouvir por entre paredes que ele abandonou seu reino para viver junto aos plebeus em Artena por causa de uma mulher e Montemor criou uma revolta.

Ele ria com essa lembrança e foi ao salão dos tronos, aonde estavam os reis de Alfambres e Lúngria.

- Alteza – disseram em reverência. Seu pai armava a carranca ao filho e a madrasta lhe presenteou com um sorriso materno.

- Majestades, é um prazer vê-los em Brúnis – disse mantendo a aparência de bom moço.

A princesa de Lúngria, Beatriz, se encantava com a beleza de Henrique. Inocente de sua falta de capacidade em amar.

- Irmão – Henrique cumprimenta Ricardo, seu irmão caçula.

- Bom, já que chegou meu querido filho mais velho, vamos dar início a nossa agradável tarde – anuncia Miguel, o rei de Brúnis.

Elizabeth, rainha de Brúnis, se alegra e pede a sua aia que ajude em montar a mesa de chá.

- Majestades, vamos a sala de jantar, servirei alguns petiscos para nossa tarde – diz ela, com sua doçura e elegância.

Henrique bufa em disfarce e segue todos para a sala de jantar, descontente em ter que aturar certas conversas e prosas.

Em Artena

Afonso olhava para as paredes e o teto do Castelo, surpreso de como o tempo só melhorava para aquele lindo lugar que passara boa parte de sua adolescência. Apreciava muitas coisas ali, inclusive Rei Augusto a qual tinha um carinho e respeito comparado a de um filho para o pai.

Lembrou-se das apostas nos jardins com Catarina, Rodolfo e Glória. Dos mergulhos na cachoeira e brincadeiras de corrida, que fazia Rodolfo perdedor e um príncipe zangado.

Ele sorriu e Augusto se alegra ao notar a presença do amigo ali.

- Afonso, meu querido amigo, que prazer em vê-lo – Afonso sorri e abraça o Rei – Não sabe a grande alegria que sinto em te-lo aqui conosco. Resolveu aceitar o convite de minha filha?

- Majes... Augusto – lembrou-se que o Rei permitia a ele chamá-lo pelo nome – Sua filha conseguiu me convencer a vir. Aliás, acho que ficarei tempos a mais.

- Fique quanto tempo quiser. Devo chamá-lo de príncipe? – perguntou e eles riram.

- Não sei se voltarei a ter esse cargo, mas é assim que nasci. Não tem como esconder minha origem, do qual tenho orgulho – diz e Augusto sorri.

Os dois pararam os risos em ouvir vozes vindo do corredor e dele surgira Catarina e o príncipe Pietro, prestando atenção no que o outro falava e o jovem príncipe sorriu sincero ao ver Afonso.

- Príncipe Afonso. Quantos ventos não lhe vejo – diz Pietro ao ver o homem.

- Pietro? Nossa como você cresceu. Lembro de vossa alteza ainda menino – disse e o cumprimentou com aperto de mãos, abraços masculinos.

Catarina ficou ao lado de Lucíola olhando para Afonso com um olhar carinhoso e diferente. Até se esqueceu do restante ali presente. Conseguia ver o viril adolescente que a ajudava nas travessuras no Castelo e no sentimento que nutria quando iam até a cachoeira.

- Alteza, tudo bem? – Lucíola pergunta percebendo o modo "estátua" que Catarina estava.

- Sim, Lucíola – responde. E Afonso dirige um olhar para a princesa, aproximando-se de onde ela estava.

- Princesa – reverencia e toma sua mão, em um delicado beijo.

- Afonso – diz ela – Sem formalidades, pode me chamar pelo nome. É maravilhoso em tê-lo aqui no Castelo. Obrigada por aceitar o convite.

Ele sorri alegre e ela o retribui, mostrando um sentimento guardado há tanto tempo dentro de si. 

Você Pertence a MimOnde histórias criam vida. Descubra agora