Em Brúnis
Henrique se preparava para mais uma tarde entediante com seu pai. Logicamente iria ouvir ele dizer sobre os reinos vizinhos, como uma grande admiração por Montemor e a sua rainha.
Sinceramente ele já estava cansado de ouvir os absurdos exagerados do pai. E ainda mais amargurado por perder outra noiva, sendo essa Princesa Catarina e o mesmo aconteceu poucos anos atrás com a primeira mulher que iria se casar.
Certamente, se tornou um príncipe frio e calculista. Uma noiva o abandona e a outra, não segue suas ordens e o enfrenta. Sabia do poder feminino de Catarina, porém ele não tem paciência para esperar o momento pós casamento em tomar sua mulher para si.
Desde então seu pai e madrasta tem sido rigorosos em questão de seu nome, tendo a sorte do Conselho da Cália não estar a par do que aconteceu naquela noite.
- Alteza, vosso pai e madrasta o espera – diz Hermes, seu conselheiro.
- E vamos a mais uma prosa de "Como Montemor prospera" – diz ele irritado – Está dispensado, Hermes. Qualquer coisa vos chamarei.
- Sim, alteza. Com licença – diz Hermes em reverência e sai.
Henrique nunca se agradou com os Monferrato, incluindo príncipe Afonso. Ele sempre ouvira falar muito a respeito do homem: viril, muito desejado por princesas de todos os reinos, elogios ao seu futuro governo em seu reino e querido por muitos. Isso o irritava, pois sempre quis ser maior e tentava de tudo para chamar a atenção de todos a sua volta.
Seu pai e irmão caçula nunca o notavam. Por isso, semeou em seu coração inveja e raiva de Afonso. E sua felicidade foi ouvir por entre paredes que ele abandonou seu reino para viver junto aos plebeus em Artena por causa de uma mulher e Montemor criou uma revolta.
Ele ria com essa lembrança e foi ao salão dos tronos, aonde estavam os reis de Alfambres e Lúngria.
- Alteza – disseram em reverência. Seu pai armava a carranca ao filho e a madrasta lhe presenteou com um sorriso materno.
- Majestades, é um prazer vê-los em Brúnis – disse mantendo a aparência de bom moço.
A princesa de Lúngria, Beatriz, se encantava com a beleza de Henrique. Inocente de sua falta de capacidade em amar.
- Irmão – Henrique cumprimenta Ricardo, seu irmão caçula.
- Bom, já que chegou meu querido filho mais velho, vamos dar início a nossa agradável tarde – anuncia Miguel, o rei de Brúnis.
Elizabeth, rainha de Brúnis, se alegra e pede a sua aia que ajude em montar a mesa de chá.
- Majestades, vamos a sala de jantar, servirei alguns petiscos para nossa tarde – diz ela, com sua doçura e elegância.
Henrique bufa em disfarce e segue todos para a sala de jantar, descontente em ter que aturar certas conversas e prosas.
Em Artena
Afonso olhava para as paredes e o teto do Castelo, surpreso de como o tempo só melhorava para aquele lindo lugar que passara boa parte de sua adolescência. Apreciava muitas coisas ali, inclusive Rei Augusto a qual tinha um carinho e respeito comparado a de um filho para o pai.
Lembrou-se das apostas nos jardins com Catarina, Rodolfo e Glória. Dos mergulhos na cachoeira e brincadeiras de corrida, que fazia Rodolfo perdedor e um príncipe zangado.
Ele sorriu e Augusto se alegra ao notar a presença do amigo ali.
- Afonso, meu querido amigo, que prazer em vê-lo – Afonso sorri e abraça o Rei – Não sabe a grande alegria que sinto em te-lo aqui conosco. Resolveu aceitar o convite de minha filha?
- Majes... Augusto – lembrou-se que o Rei permitia a ele chamá-lo pelo nome – Sua filha conseguiu me convencer a vir. Aliás, acho que ficarei tempos a mais.
- Fique quanto tempo quiser. Devo chamá-lo de príncipe? – perguntou e eles riram.
- Não sei se voltarei a ter esse cargo, mas é assim que nasci. Não tem como esconder minha origem, do qual tenho orgulho – diz e Augusto sorri.
Os dois pararam os risos em ouvir vozes vindo do corredor e dele surgira Catarina e o príncipe Pietro, prestando atenção no que o outro falava e o jovem príncipe sorriu sincero ao ver Afonso.
- Príncipe Afonso. Quantos ventos não lhe vejo – diz Pietro ao ver o homem.
- Pietro? Nossa como você cresceu. Lembro de vossa alteza ainda menino – disse e o cumprimentou com aperto de mãos, abraços masculinos.
Catarina ficou ao lado de Lucíola olhando para Afonso com um olhar carinhoso e diferente. Até se esqueceu do restante ali presente. Conseguia ver o viril adolescente que a ajudava nas travessuras no Castelo e no sentimento que nutria quando iam até a cachoeira.
- Alteza, tudo bem? – Lucíola pergunta percebendo o modo "estátua" que Catarina estava.
- Sim, Lucíola – responde. E Afonso dirige um olhar para a princesa, aproximando-se de onde ela estava.
- Princesa – reverencia e toma sua mão, em um delicado beijo.
- Afonso – diz ela – Sem formalidades, pode me chamar pelo nome. É maravilhoso em tê-lo aqui no Castelo. Obrigada por aceitar o convite.
Ele sorri alegre e ela o retribui, mostrando um sentimento guardado há tanto tempo dentro de si.
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Você Pertence a Mim
RomanceAfonso abdica de seu trono para viver como um plebeu, em nome de seu grande amor por Amália. Protagonizando lindos momentos como casal, porém Amália sofre uma queda provocando perda de memória e de seu bebê. Desolado e com o coração partido, Afonso...