Reino de Alfambres
Rainha Gertrudes e o Rei Heitor acabam de regressar em Alfambres após um longo dia no Castelo de Brúnis. Os dois não escondiam a aflição que os seguira por toda a viagem cansativa de volta ao reino.
- Mamãe, papai – Pietro os reverencia em sinal de respeito – Espero que tenham aproveitado o dia em Brúnis.
- Meu príncipe, não sabe o dia 'terrible' que foi. Um escândalo. Uma situação desastrosa – diz Gertrudes com seus típicos exageros em forma de drama medieval.
- Minha querida, não seja tão dramática. Acalme-se – diz Rei Heitor – Leila, prepare um chá de camomila concentrado para a Rainha, por favor.
- Sim, Majestade. Com licença – a súdita os reverenciam e sai diretamente para a cozinha.
- Mas o que de fato aconteceu, mamãe? – pergunta o príncipe.
- Henrique deu um de vários espetáculos. Digamos que demonstrou não ter dignidade e nem classe nobre em seu comportamento, meu filho – conta Rei Heitor – Ofendeu seu pai na frente de todos os nobres presentes no chá. Foi um fracasso a tarde com os reis.
- Um majestoso espetáculo privativo. Deuses me acudam – diz Gertrudes – Vou me recolher, meus queridos. Boa noite - a Rainha vai para seus aposentos, aonde lhe serviria o chá.
Pietro não demonstrou surpresa por tal ocorrido envolvendo mais uma vez o nome do Príncipe Henrique. Quando adolescente, presenciou tamanha ambição e arrogância do tal príncipe e nem conseguia acreditar como poderia chamar aquele nobre de amigo algum dia.
Ele sempre soube que Henrique continuaria a alimentar sua falta de nobreza. Quando visitou Princesa Catarina, em Artena, percebeu o olhar de raiva e ódio da mesma ao mencionar o nome do Príncipe de Brúnis, porém não soube do que ocorrera entre eles.
- Se eu disser que estou surpreso com a atitude dele, estaria cometendo o pecado da mentira, meu pai – diz Pietro.
- Eu sei, meu filho. Bom, irei me recolher junto de sua mãe, escândalos demais por hoje. Boa noite – diz ele para o filho e sai.
- Boa noite, meu pai – responde o príncipe.
Reino de Montemor
- Por deuses, Rodolfo. Enlouqueceu de vez foi? – ralha Rainha Crisélia com o neto mais novo.
- Minha vó, nada mais justo que beneficiar o povo com essa ideia – diz ele cansado da teimosia da avó.
- Abrir uma escola para começar treinar crianças para futuras guerras é uma ideia beneficiadora aonde, Rodolfo? – diz a Rainha brava – Santo Deus, isso é chamar para o perigo.
Crisélia revira os olhos indignada e balança a cabeça em negação. Rodolfo até que queria pensar como um "futuro Rei", mas a mente atrapalhada do príncipe não permite tais pensamentos verdadeiros.
Rodolfo parou por minutos e realmente viu que era um absurdo majestoso fazer isso com a liberdade das crianças, sem contar que isso é chamar para morte.
- Tem razão, minha vó. Perdoe-me por tamanho absurdo – fala Rodolfo se arrependendo da ideia louca dele.
- Muito bem – diz Crisélia – Rodolfo, meu neto, um rei tem que observar a necessidade do povo e também ouvi-los. Implantar regras é algo trabalhoso e é preciso votos do Conselho, se for o caso. Você está se saindo bem nas aulas básicas e logo virão a parte mais complicadas, que também saberá exercer bem as aulas. Tenho certeza.
- Obrigado, minha vó. Sua positividade me anima muito – diz Rodolfo.
Crisélia continua folheando o livro para continuar as aulas com seu neto mais novo e rapidamente lembrou-se de quando ensinou Rodolfo e Afonso a ler e escrever.
" – Vovó, eu sou péssimo – diz Rodolfo em seus 5 anos de idade.
Rainha Crisélia ria de sua esperteza com as palavras e via em seus olhos a vontade de querer ser inteligente como o irmão.
- Dolfinho, não fica triste – diz Afonso em seus 8 anos – Eu te ajudo.
Afonso sentou ao lado do irmão e começou a ensina-lo como curvava as letras no papel. Rodolfo ficava empolgado em como conseguia escrever as frases tendo a ajuda do irmão.
A porta do escritório se abre devagar e por ela entra Isabel, que apesar de passar de seus 30 anos, permanece jovem em seu olhar e expressão. Rei Guilherme acompanha a filha ao observar os dois netos.
- Mamãe – diz Isabel cumprimentando a Rainha.
- Olá minha filha – retribui e pega na mão de Guilherme – Querido.
Rodolfo e Afonso terminam suas tarefas de casa contentes com o resultado de hoje. Ao verem a mãe, vão correndo para seus braços.
- Mamãe – dizem ao mesmo tempo e a abraçam.
- Meus príncipes – diz Isabel – Vamos nos aprontar para a ceia, que o papai está chegando de viagem - eles se empolgaram gritando no colo da mãe.
- Isso mesmo, rapazinhos – diz Guilherme abraçando Crisélia.
- Vovô, vamos depois terminar aquele trenzinho de madeira? – pergunta Rodolfo – Você prometeu – eles riram da empolgação do menino.
- Vamos sim, meu querido neto – bagunça o cabelo do menino, que ri tentando ajeitar.
- Vamos Dolfinho. Vou te ajudar a se arrumar para esperar o papai – diz Afonso pegando o irmão pela pequena mão".
- Está se sentindo bem, vovó? – pergunta Rodolfo ao ver a avó com lágrimas nos olhos.
- Sim. Só me lembrei de você e seu irmão aprendendo a ler e escrever. Sua mãe e seu avô surgiram na lembrança – diz enxugando as lágrimas.
- Saudades de minha mãe. Uma mulher linda e incrível, como a senhora e meu avô – diz Rodolfo e beija a testa da avó, que sorri com o ato.
- Vamos retomar as aulas, querido – diz ela e continuam de onde pararam.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Você Pertence a Mim
RomanceAfonso abdica de seu trono para viver como um plebeu, em nome de seu grande amor por Amália. Protagonizando lindos momentos como casal, porém Amália sofre uma queda provocando perda de memória e de seu bebê. Desolado e com o coração partido, Afonso...