~Capítulo 18~

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Povoado da Plebe – Artena

Amália trabalhava em sua barraca de caldos, junto com a fiel amiga Diana, quando sentiu enxaquecas e relances de uma memória se fazia presente. Nela havia um homem, muito bonito e galante por sinal, e juntos se entretiam trocando carícias.

- Amália? – chama Diana, vendo sua amiga quieta demais – Sente-se mal?

- Diana, é muito estranho... – pausa ela e olha para amiga – Me veio memórias com aquele... desconhecido.

Diana franze o cenho com a afirmação. Isso era o sinal que breve Amália lembrará de Afonso e que, em partes, poderá ser difícil também. Pois havia comentários pelo povoado que a Princesa de Artena e o Príncipe de Montemor estavam iniciando um romance. Não era algo difícil de acreditar!

- Amália, deve estar retomando todas a sua memória. Lembra-se do nome dele? – pergunta Diana para a amiga.

- Não. Somente de sua face e daqueles olhos tão... hipnotizantes. Parecia carregar um apreço por mim – desabafava ela – Estávamos juntos e trocávamos muitos momentos juntos.

- Creio que lembra-se de quando iniciaram o romance – diz Diana e Amália tenta entender o porque sentia-se angustiada com a recente memória daquele homem tão viril.

Diana percebe e decide se calar, permitindo um espaço para que sua amiga possa desabafar algo ou algum sentimento. Desde então ficara um silêncio absurdo, até que Tiago se aproxima percebendo que havia uma tensão no ar.

- O que se passa? – pergunta ele. Diana sai da barraca e se aproxima de Tiago, sussurando.

- Amália começou a se lembrar de Afonso – diz ela e Tiago passar a expressar surpresa.

- Qual foi a lembrança? – pergunta ele.

- Do olhar dele e de um momento de carícia. Parecia que éramos até um... casal apaixonado – responde ela confusa – O que está acontecendo?

- Amália – chama Virgílio antes que Diana ou Tiago comece a contar. Sua expressão identificava que ouvira boa parte da conversa entre eles.

- Virgílio, aconteceu alguma coisa? – pergunta Amália.

Diana e Tiago fecham suas faces, demonstrando insatisfação por aquele momento. Porém, o irmão de Amália não se abate e quebra o silêncio.

- Amália, minha irmã, precisamos muito conversar.

Diana sorri de lado com a atitude do então amigo, abafando o riso quando percebe que Virgílio não gosta nada de ser interrompido.

- Tiago, eu preciso estar a sós com ela – diz ele cerrando os dentes.

- Outra hora, Virgílio. Outra hora – responde Tiago com frieza – Vem, Amália.

Eles saem de mãos dadas até a casa da família.

- Eu espero que Afonso não apareça no meu caminho novamente, Diana. E se vocês o procurarem, eu juro.... – Diana acerta-lhe um tapa no rosto, cortando-o de suas ameaças.

- Você não jura nada, plebeu. Assim como nós, não passas de um pobre coitado que precisa trabalhar duro para sobreviver e não tem realeza nenhuma para ameaçar ninguém – esbraveja Diana – E se for preciso buscar Afonso para que eles se resolvam, isso não é problema seu e nem daquela bruxa despeitada da Brice. Pensa que não sei que a procurou, Virgílio?

O vendedor de tecidos empalidece ao ouvir Diana falar.

- Não sei do que está a falar, Diana – finge ele.

- Sabe sim, seu hipócrita. Não sei definir quem presta menos: você ou aquela bruxa maquiavélica da Brice. Dois imbecis, pobres coitados e que acha que pode ter o mundo rodeando vocês. Fique esperto, Virgílio. Eu não tenho medo de você e nem de cara feia. Passar bem! – Diana se distancia, deixando um Virgílio enfurecido para trás.


Castelo de Artena

Logo amanhece e no desjejum, Rei Augusto se despede da indesejada visita de Rei Otávio. Agradecendo aos Deuses por alivia-lo da tensão em ouvir tais irônias e alfinetadas, em relação ao caso de sua filha com Afonso.

E por falar nos dois, logo aparecem aos sorrisos e sentam-se a mesa. Catarina nota que os servos recolhem os pratos sujos e pergunta

- Tilde, onde está papai?.

- Deve estar na biblioteca, menininha. Fez o desjejum e logo Rei Otávio partiu para seu reino – responde a governanta.

- Que alívio, Tilde. A presença não foi nada agradável – Afonso percebe que a princesa se incomodara em ter sob o mesmo teto aquele Rei.

- Também percebi. Agora tomem café e vão dar uma volta pelo jardim, meus meninos. O dia está lindo – diz Tilde e beija a testa de cada um. Eles sorriem com o carinho aquela governanta tão querida e amada.

- Princesa – chama Afonso e Catarina devolve um olhar de carinho a ele – Percebi que ele não aprovou nos ver juntos. Me arrisco dizer que se pudesse, me mataria aos golpes do olhar severo dele.

- Rei Otávio é um soberano amargo. A esposa fugiu com a filha deles, porque descobriu que o marido a condenou na fogueira. Diziam que ela era uma bruxa – conta a Princesa – E antes de eu quase me casar com.... Henrique, Otávio quis uma aliança com meu pai e, obviamente, lhe fora negado. Até nos tempos de hoje ele não superou isso.

A conversa caminhava calma, quando Demétrio interrompe.

- Afonso, Catarina. Desculpe interromper vossas altezas em desjejum, porém há um jovem lá fora que quer falar com Afonso – diz Demétrio e Afonso fica surpreso.

- E quem é esse jovem, Demétrio? – pergunta Afonso.

- Ele vive no povoado dos plebeus e diz se chamar Tiago – responde Demétrio e Afonso engole seco. Catarina nada entende e decide optar pelo silêncio.

- Eu sei de quem se trata – diz Afonso e se levanta da mesa – Catarina, irei ver o que esse jovem quer e volto logo para o nosso passeio – Afonso planta um singelo beijo na testa da Princesa e acompanha Demétrio até a entrada do Castelo.

Tiago está na companhia de Rei Augusto e logo Afonso se aproxima.

- Afonso, conhece este jovem, meu filho? – pergunta Augusto e Afonso balança a cabeça em sinal de "sim". – Tudo bem. Os deixarei a sós. Foi um prazer contar com sua simpatia, rapaz.

- Grato, majestade – reverencia Tiago.

Demétrio e Augusto voltam para dentro, porém deixa guardas a espreita caso algo aconteça.

- Tiago, o que houve? – pergunta Afonso.

- Afonso, a memória de Amália está voltando aos poucos – diz Tiago e Afonso empalidece perante a revelação. 

Você Pertence a MimOnde histórias criam vida. Descubra agora