Em Montemor
Rodolfo se saira bem em suas aulas de como ser o bom Rei para Montemor. Não queria preocupar meu querido neto mais novo tendo meus lampejos de falta de memória e tristeza pelas saudades que sinto de Afonso, meu braço direito desde antes. Rodolfo mudara, em partes, sua postura e provou-me que tentará ser um bom Rei a Montemor depois de mim e ele ainda tinha seu jeito de criança de ser.
- Majestade – chamou-me Cássio e desvio minha atenção a ele.
- Sim, Cássio – digo.
- O mensageiro de Artena acaba de sair daqui e pediu que transferisse o recado do Rei Augusto – diz ele.
Estranhei o fato de Augusto me enviar uma mensagem, já faz algum tempo desde nosso último encontro no Baile de Artena.
- E qual o assunto, Cássio? – pergunto.
- Afonso – diz ele e meu coração falha uma batida.
Rodolfo se aproxima e dá resquícios que ouvia a conversa, mas não fico chateada por ele também sentir falta do irmão.
- O príncipe Afonso regressou em Artena e ficará lá por um tempo. Rei Augusto achou melhor avisar vossa majestade para ficar a par de tudo, sabendo da falta que lhe faz por aqui – repassa Cássio e sorrio ao saber que meu neto está bem e enfim, deixou a vida de plebeu que serviu por tempos.
Rodolfo sorri, por alegria em mistura de receio de ser deixado de lado. Eu o abraço, passando meu alívio a ele e logo em seguida aperto a mão de Cássio.
- Obrigada Cássio – agradeço e o jovem Guarda reverencia em respeito, sorrindo. Também demonstrando alívio por saber notícias do amigo.
- Com vossa licença, Majestade – diz e sai.
Rodolfo beija meu rosto e deixa algumas lágrimas de emoção cair. Penso que seria de bom grado irmos visitar Afonso em Artena, porém lembro-me que lá tem Catarina. Uma princesa bela, inteligente e no qual sinto um grande apreço. Mesmo sendo uma mulher fria em expressão, mas um tanto respeitosa e criou um laço de amizade desde a infância com meus dois netos. Augusto é um amigo muito querido e travamos a mesma luta: o luto de nossos amores e entes amados.
Sorrio na possibilidade de uma apromixação entre Afonso e a Princesa.
- Minha vó, no que tanto te deixa feliz? – pergunta Rodolfo.
- Princesa Catarina seria uma boa pretendente para Afonso. Ainda mais com ele tão próximo a ela em Artena. Não acha que poderia haver algo além de uma amizade, meu neto? – pergunto e Rodolfo dá um sorrisinho tímido.
- Catarina sempre dirigia olhares a Afonso. Talvez guarde um sentimento mais íntimo e bonito por ele ainda. Seria um grande avanço agora tão perto um do outro – diz ele sincero e sorrio.
- Visitaremos o seu irmão em breve em Artena. Agora, voltemos as nossas aulas – digo e ele suspira cansado.
Em Alfambres
Após dias em Artena, regresso em meu reino de volta. Minha mãe, Rainha Gertrudes, logo me aperta em um daqueles abraços sufocantes e engraçados.
- Meu filho, meu menino lindo – diz ela e aperta minhas bochechas.
- Mamãe, isso dói – digo e rio passando as mãos pelas bochechas – A saudade é tanta assim?
- Meu filho, são dias sem essa sua áurea positiva. Seu pai é uma companhia silenciosa e irritante – diz ela em sussurro e rimos da carranca do grande Rei Heitor, meu pai querido.
- Meu pai – falo em reverência – Senti falta da seriedade que é o senhor.
Nos abraçamos e ele beija minha testa. Meu pai sempre equilibrou as emoções de carinho e seriedade, me ensinando que nobres não poderia deixar os sentimentos aflorarem demais ou guardá-las por completo. Mas sempre pesar um lado do outro, provando um de cada vez.
Eu tenho crença que o amor deve ser levado a sério e demonstrar o valor de si próprio. A paciência, diálogo e convivência são qualidades que aprecio muito.
- Meu filho, como foi a estadia em Artena? – pergunta e sorrio.
- Foi um tanto privilegiado e sucedido. Rei Augusto é um homem gentil, íntegro e bom. Em uma de nossas prosas foi bastante inteligente em me passar mais lições, assim como a breve conversa com a doce Princesa Catarina – digo um tanto maravilhado.
- Vejo que criou um carinho pela Princesa, meu filho – diz meu pai orgulhoso – Vocês dois são bons, inteligentes e sem dúvidas tem grandes objetivos para o futuro.
- Sim. Ela é uma mulher um tanto viril em beleza e palavras. Trocamos experiências sobre nossos gostos por leituras e permiti conhecê-la melhor – digo sorrindo.
- Oh, meu pequeno Pietro está se tornando um homem apaixonado – diz minha mãe emocionada. Ela e seus majestosos exageros.
- Mamãe, isso é muito cedo a se dizer. Talvez a princesa guarde um sentimento destinado a outra pessoa. Me arrisco falar no Príncipe Afonso de Monferrato – digo em uma pontada de mágoa – Ele recentemente regressou em Artena para uma estadia.
- Afonso desistiu da vida de plebeu, então. Finalmente voltou para suas verdadeiras origens – diz meu pai e balanço a cabeça em sinal positivo.
Voltamos ao assunto da minha estadia em Artena com as peripécias de Gertrudes, minha exagerada mãe e Rainha.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Você Pertence a Mim
RomanceAfonso abdica de seu trono para viver como um plebeu, em nome de seu grande amor por Amália. Protagonizando lindos momentos como casal, porém Amália sofre uma queda provocando perda de memória e de seu bebê. Desolado e com o coração partido, Afonso...