~Capítulo 15~

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Em Artena – Castelo

- Majestade, se acalme. O Príncipe Afonso deve estar conversando com a Princesa. É normal que ele tenha curiosidade para saber o que houve – diz Demétrio.

- Demétrio, meu amigo, o que me amedronta de fato é a reação de Afonso. Mas ele é um homem honrado e tenho grande orgulho da pessoa que é, por isso irá entender o lado de minha filha. Ela sofreu muito – diz Rei Augusto, tentando acalmar as batidas desesperadas de seu coração pelo caos do nervoso.

Demétrio, o Conselheiro, já está tendo vertigens de ver seu Rei andando de um lado para o outro perto do trono. Porém, não ousava pedir calma a sua majestade por entender seu lado de pai.

Rei Augusto congela no lugar ao ouvir vozes vindo em sua direção e risos. O que alegra seu velho coração, sabia que Afonso não magoaria sua menina ao saber de toda a verdade.

Catarina e Afonso mudam suas expressões ao ver Augusto e Demétrio com uma interrogação em suas faces.

- Majestade, a princesa me contou o que houve. Foi dificil para ela no começo, porém aos poucos fui acalmando-a para desabafar melhor – diz Afonso e beija a mão da princesa, que sorri tímida.

- Eu sei que seria incapaz de magoar minha filha, Afonso – diz Rei Augusto alegre – Você é um homem honrado e muito bem educado.

- Papai – diz Catarina e abraça o pai – Afonso está sendo um grande amigo e companheiro em seus dias por aqui. Ele não sentiu pena e nem me julgou.

- Vossa majestade agora pode se sentir mais tranquilo. Eles conversaram – diz Demétrio – Se me deêm licença, preciso ver como está o treinamento do nosso exército.

- Obrigada Demétrio – agradece a princesa.

- Às ordens, alteza – diz ele e sai da sala do trono.

Por fim, ficam aos três ali e Afonso não consegue desviar o olhar de Catarina. Augusto percebe que o príncipe de Montemor passou a nutrir uma afeição a sua filha. E isso a fez mudar por dentro e fora.

Catarina sempre foi uma mulher de atitude, disposta a qualquer coisa para mostrar seu poder na monarquia e ambiciosa. Não escondia a força feminina, o que o deixava muito amedrontado e irritado por querer ensinar a filha que o amor pode ser a chave para maiores conquistas.

E agora, tendo Afonso por perto, consegue ver o imenso sentimento que transborda pela face de Catarina. Demonstrando ser uma pessoa melhor, mais alegre e um sorriso tão sincero. Desde o grave acontecimento com Henrique, via sua filha fria e sem vontade de ter alguém.

- Fico contente que Afonso seja uma pessoa compassiva contigo, minha filha. Sempre gostei dele. Isabel, que os Deuses a tenha, foi uma mãe incrível e zelava por nobres aprendizados aos filhos – diz Augusto e emociona Afonso, ao lembrar de sua querida mãe – Tive notícias de Montemor, Crisélia me escreveu que Rodolfo está se saindo muito bem nas aulas e entre um ou outros tropeços, aprende muito e se interessa pelo reino.

- Meu irmão sempre foi um homem inteligente, só tem uns parafusos a menos – diz Afonso e arranca risos de Catarina e Augusto.


Em Lastrilha - Castelo

- MAS COMO VOCÊ PARECE INCOMPETENTE, DE VEZ EM SEMPRE, AIRES – berra Rei Otávio.

- Peço-lhe perdão, majestade – pede Aries com amedrontamento maior.

- Perdão, perdão, perdão... isso não lhe paga as moedas pelos seus serviços – desmoraliza o Rei – Vá, recolha-se. E agradeça aos Deuses por não pedir sua cabeça pra expor na ceia.

- Como vossa majestade deseja. Com licença – reverencia o conselheiro e sai respirando fundo.

Rei Otávio tornara-se um soberano frio, calculista e arrogante após a partida da esposa. Ele mesmo é o responsável pela maneira com o que a Rainha Heloisa o deixara: descobriu ter poderes de bruxa.

Seu descontentamento era tão grande, pois em tempos bruxas não eram aceitas na época e mesmo ela sendo da linhagem nobre. E Otávio amava a esposa, assim ele dizia. Seu sofrimento começou no dia em que estava sendo obrigado a mandar a Rainha para fogueira, porém não cumprira essa ordem e a mandou embora de Lastrilha.

O povo acredita que a Rainha tenha adoecido devido a uma gripe e outros, regem a lenda, que ela tenha fugido com outro homem.

Otávio não só convive com seus demônios, como também se perguntava aonde estaria sua filha. A pequena princesa da qual amara de verdade, uma parte de si e de seu sangue.

Lágrimas de ódio e arrogância o fez arremessar a taça de vinho na parede. Sua governanta escuta o barulho e atravessa a porta do escritório.

- Meu Rei, o que se passa, sí? – perguntara em sua linguagem diferente.

- Ora Leonor. Já ordenei que não invada assim meus momentos de pura braveza – diz ele ríspido.

Leonor se aproxima de cabeça erguida.

- Pois a mi, não me ordenas, Rei Otávio. Me respeite, niño – diz ela o enfrentando.

Rei Otávio calou-se e observou a senhora ao sua frente, a única que sabia enfrenta-lo sem medo algum. Há mais de 20 anos Leonor tem seus cuidados com o Rei e o reino, desde os tempos do Rei João, pai de Otávio.

Leonor segura na mão do Rei e lhe passa confiança materna, arrancando um sorriso torto de Otávio. 

Você Pertence a MimOnde histórias criam vida. Descubra agora