Sentimentos (parte 2)

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Meu amor, meu cúmplice
Eu sempre vou te achar
Nos avisos da lua
Do outro lado da rua

Rodei todas as lanchonetes
Tive idéias perversas
Relembrei tantos golpes espertos
Você cada vez mais perto

Meu amor, meu cúmplice
Meu par na contramão
Você não mudou em nada, nada, nada, nada
Eu também não, que bom.

— Cúmplice, Cazuza.

Pedro Palhares

Passava das 2 da manhã quando nos reunimos para cantas os parabéns.
A morena bêbada e agitada carregava um grande bolo de limão até o meio da casa onde tinha uma espécie de balcão, pouco a pouco a sala que já estava cheia ficava completamente lotada, as vezes eu me perguntava aonde Maria Luísa arrumava tantos amigos assim.

Meus olhos passeiam pela multidão até pararem em um rosto familiar me encarando no meio daquele mar de pessoas, ele já me observava antes dos meus olhos se encontrarem com o seus.

Apesar da bagunça e da gritaria da minha amiga tentando achar as velas do bolo, não ouso desviar os meus olhos dos seus, estávamos travando uma batalha interna de alguns metros de distância de mim para ele, e eu sem sombras de dúvidas iria fazê-lo desviar primeiro.

Seu vinco entre as duas sobrancelhas aumenta ainda mais com meu breve sorriso para ele, e só com os seu cruzar de braços que eu percebo que o homem continua sem camisa alguma.

Fazia já bastante tempo que eu tinha o obrigado a retirar a minha roupa e João ainda permanecia despido.

O que era aquilo?
Com certeza ele está adorando se exibir.
E com certeza, todos ali estão adorando a visão.

Que babaca.

Aperto com força a camiseta que ainda estava em minhas mãos me arrependendo profundamente de ter praticamente arracado a peça dele.

E então com um piscar de olhos ele desaparece do meu campo de visão, observo em volta tentando caça-lo novamente, mas cada segundo que passava mais pessoas cruzavam a festa.

— Você é meio obcecado por mim, hum?

Meus ombros tremem como reflexo da sua voz extremamente perto do meu ouvido direito, instintivamente me viro sendo atingido com seus grandes olhos bem perto dos meus.

Na verdade não só os olhos, João estava praticamente colado em mim.

De imediato dou um passo para trás, totalmente desconfortável, trombando em alguém, mas novamente, nada convencido, o loiro se aproxima.

— Obcecado? vai se foder, João Vitor.

O garoto bebericou alguma coisa cor-de-rosa enquanto seu sorriso se sobressaia do copo.

— Me chama de Romania.

Dessa vez sua voz era tão contida que eu até me duvidei se realmente aquelas palavras tinham saído de sua boca.

— Hum?

O loiro revira os olhos.
— "Romania" gosto quando me chama assim.

Meus olhos passam novamente pelo seu rosto e  peito desnudo, ambos estavam levemente vermelhos, ele estava meio bêbado, era óbvio.

— Gostou da visão?
João segue o meu olhar até a sua barriga antes de piscar para mim.

— Não. Só acho meio humilhante está nesse estado na frente do seu próprio inimigo. Flertando, bêbado e sem roupa.

Ele encolhe os ombros parecendo não se incomodar.

— Você não é o meu inimigo, não me importo com você tanto assim para ocupar esse cargo.

Meu Nêmesis - 𝐩𝐞𝐣𝐚̃𝐨.Onde histórias criam vida. Descubra agora