Nada mudou

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Jão Romania:

Respiro fundo, ainda com olhos fechados tentando trazer de alguma forma todo o meu autocontrole de volta.

Eu tinha fugido para um lugar silencioso, longe o bastante de todo o tumulto que estava acontecendo na casa de Renan.

Ouço passos se aproximarem de mim naquele pequeno jardim e imediatamente desejo que sejam de qualquer pessoa, menos dele.

Agora não, por favor, agora não.

— Romania...

Porra!

Me mantenho de olhos fechados, decidindo que eu iria ignorá-lo até Pedro partir.

— Não seja infantil, olhe para mim.

Seus dedos quentes tocam na ponta do meu queixo puxando-o para ele.

Eu estava começando a me acostumar com o ritmo frenético que o meu peito disparava.

Por fim, abro meus olhos sendo acertado em cheio pelo tom mais escuro de castanho que eu já havia visto.

Ele sorri fechando levemente os olhos.

— Por que você está sorrindo?

Pedro olha para o chão coçando a sua nuca, um pouco desconcertado.

— Você fica engraçado quando está emburrado. Me faz lembrar de nós dois, quando éramos crianças.

— Eu sou engraçado emburrado?
Arqueio minha sobrancelha com sua revelação, enquanto cruzo os braços.

— Muito.
Pedro morde o seu lábio inferior, provavelmente tentando conter um sorriso.

Era uma merda, não queria que ele contesse, quero ele rindo, mesmo que seja de mim.

— Assim mesmo, como você está agora.

— Bom saber que eu sou motivo dos seus sorrisos.

Seus olhos me encontram e Pedro permanece calado por um tempo.

— As vezes...

— Pedro...
O moreno me encara com atenção.
— Por que está aqui?

Seus dedos ainda continuavam no meu queixo quando ele respira fundo se preparando para falar.

— Vim pedir desculpas. Eu não sei muito bem lidar com você, não deveria ter sido tão grosso assim.
Ele pisca os olhos algumas vezes olhando para o chão.
— E obrigado por ter cuidado de mim naquela noite, não sei porquê você fez isso, e nem acho que eu seja merecedor disso, mas obrigado.

As palavras ficam presas junto com o bolo em minha garganta, sinto que se eu abrisse minha boca nada sairia além de uma confusão de palavras soltas.

Não gostava nem um pouco desse meu lado emotivo.

Meus olhos se encontram com os seus enquanto meus dedos ligeiros tocam na sua mão, se mantendo ali.

— Não faça mais isso.
Ele me diz desviando o olhar.

Franzo o cenho, confuso, talvez causado pela sua proximidade ou das nossas mãos juntas no meu rosto.

— Isso o quê?
Estranhamente, dessa vez, minha voz sai um pouco mais baixa, não havia motivos para falar alto, ele estava perto o suficiente para que pudesse me ouvir mesmo que eu susurrasse.

— Não me confunda, Romania.

Minha cabeça estava dando voltas e voltas tentando raciocinar o que estava acontecendo entre nós, entretanto, todas essas voltas me levavam ao mesmo lugar: seus lábios levemente vermelhos.

Meu Nêmesis - 𝐩𝐞𝐣𝐚̃𝐨.Onde histórias criam vida. Descubra agora