Intrelaçados

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Jão Romania:


— Eu já te falei, Pê! Eu estou bem, posso sair do carro sozinho.

Tento convencer o homem emburrado que permanecia sentado ao meu lado com seu carro parado em frente ao escritório da UFO.

— Você caiu do primeiro andar Jão! Já não basta ter se safado do hospital agora está negando a minha ajuda?
Ele com certeza era a pessoa mais dramática que eu havia conhecido.

— Pê... Não estou negando a sua ajuda, só não quero te dar trabalho. Eu não preciso de uma cadeira de rodas, consigo andar sozinho.

— Sem "Pê" você não vai me comprar João, estou chateado com você!

— Porque eu neguei uma cadeira de rodas?
Arqueio a sobrancelha

— Exatamente!

Mordo o lábio inferior na tentativa de conter a minha risada.

— Não ria de mim! Primeiro você me assusta caindo daquela altura, depois se nega ir ao hospital comigo, e agora quando te falo que trouxe de emergência uma cadeira de rodas que estava em casa você nega e ainda por cima rir de mim?

Sem pensar duas vezes destravo o cinto de seguranças pulando do meu acento até o seu colo no banco do motorista.

Apesar do seu nível fofo de chateação ele me recebe bem pondo suas mãos nas minhas coxas.

— Meu Deus! Você é o homem mais doce desse mundo!

Me inclino beijando a sua bochecha até a sua carranca de garoto mimado se transforma em um pequeno sorriso.


— Você pode se preocupar e cuidar de mim mas quando sou eu fazendo isso você não aceita, percebe isso?
Pedro bufa frustrado fazendo um leve carinho na minha coxa distraidamente.

— Só não quero te incomodar... Eu juro que se não estivesse bem deixaria você cuidar de mim, com direito a cadeira de rodas e tudo! Mas olha como minhas pernas se moveram rapidamente para o seu colo, percebe? Está tudo bem!
Tento brincar na intenção de amenizar aquela situação tão estranha.

Seus olhos vão para o chão e no mesmo momento eu sinto a falta deles em mim.

— Talvez eu só queira tentar retribuir tudo o que você já fez para mim, baby!

Sem pensar duas vezes minha boca cola na sua desesperadamente.

Ele poderia entender que já faz mais que o suficiente pelo simples fato de estar ao meu lado? Sendo o meu Pedro?

— Pedro.

Ele parecia ter voltado a prestar atenção em meu rosto com o meu chamado.

— Oi.

— Eu te amo e sei que você me ama, isso é o suficiente para mim.

Ele pisca os olhos algumas vezes tentando assimilar as minhas palavras.

Eu sabia que aquele não era o melhor momento para lhe dizer aquelas palavras, eu imaginava que quando as falasse seria em um cenário mais romântico, talvez daqui a algum tempo, mas parecia que tínhamos adiado isso há tantos anos que a cada dia que se passava eu sofria um pouco mais, omitindo o que sentia por ele.

— Você me ama?
O moreno me pergunta com seus olhos brilhando e um sorriso bobo na boca.

Óbvio que eu amo, não é claro?

Meu Nêmesis - 𝐩𝐞𝐣𝐚̃𝐨.Onde histórias criam vida. Descubra agora