Tentativas de recomeço

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Fazia apenas algumas horas que Pedro havia partido e eu, vergonhosamente tentava despistar o meu cérebro o máximo possível, evitando que os meus pensamentos voltassem para o vazio da sua ausência.

Nesse curto período de tempo, eu já havia arrumado todo o apartamento, respondido alguns e-mails e todas as mensagens do meu celular que eu sempre as adiava para tocar, afinado todos os meus instrumentos, colocado comida para os meus dois gatos e escrito uma música praticamente inteira.

Praticamente.

Ainda precisava da ajuda de Pedro nos últimos detalhes dela.

Penso em ligar para ele, e quase pego o meu celular mas logo os tais pensamentos do bom senso e autorrespeito me impedem.

De um jeito ou de outro o que ele havia falado não poderia mais ser desfeito, sei que sua mente devia estar um caos e que ele tinha me pedido desculpas mas o receio de que se eu não cortasse o mal pela raiz isso poderia virar uma situação frequente, me dominava.

Mas eu sentia tanta falta da sua companhia que chegava a ser difícil ficar parado em casa, por esse exato motivo que eu havia virado um homem de multitarefas.

Roo o canto da unha me perguntando qual seria a próxima tarefa que eu dominaria na esperança de tirar Pedro da minha cabeça.

Minha boca estava completamente seca, água! Deveria beber água.

Talvez minha boca não estivesse tão seca assim se Pedro estivesse aqui comigo, seus lábios úmidos nos meus supria toda a carência de água que eu precisava pelas próximas décadas.

Deixo uma nota mental de que da próxima vez que nos encontrarmos eu iria beijá-lo até ter pensamentos intercontinentais sobre ele.

Me movo rapidamente para a cozinha em busca de água.

Tentando não pensar muito nos seus beijos.

Voltando para sala levo Santiago comigo até o sofá na esperança de eu conseguir assistir alguma coisa quando por fim, a campainha toca.

Salto do sofá assustando o gato de pelagem clara que sai correndo dalí.

Será que era Pedro?

Um sorriso invade o meu rosto enquanto eu corro até a porta.

Sei que fui eu quem o expulsou mas fazer o quê? Agora eu o queria de volta.

Abro a porta esperançoso para encontrá-lo sorridente a minha espera, mas ao contrário disso, quem me aguarda do outro lado é nada mais, nada menos que minha mãe.

- Oi, meu filho!

Fico me perguntando o porquê o meu próprio porteiro nunca me avisava quando subia visitas para o meu apartamento, ou melhor, por que ele nunca me perguntava se elas poderiam subir?

A loira carregava um pequeno sorriso ansioso ao meu aguardo.

Enquanto eu desajeitadamente tento responder o seu "oi" e dou passagem para que ela entrasse.

- O que faz aqui?
É tudo o que sei dizer.

- Precisava falar com você.
É tudo o que ela me responde.

- Poderia usar o celular, não precisava vir até aqui, estou um pouco ocupado.

A loira olha em volta parando os olhos na televisão que estava carregada no site da Netflix.

- Ah entendo...
Ela respira fundo tentando não vacilar com seu sorriso.
- Adotou gatos?

Por que ela fazia parecer que sou eu quem fui o babaca da história e não ela e o meu pai? Ela agia como se tudo estivesse nos eixos, e eu sinceramente não tinha toda essa frieza da sua parte para encarar as coisas enquanto finjo que nada aconteceu.

Meu Nêmesis - 𝐩𝐞𝐣𝐚̃𝐨.Onde histórias criam vida. Descubra agora