Meu Nêmesis - 𝐩𝐞𝐣𝐚̃𝐨.

Traição

Jão Romania:

Meus olhos pesam de cansaço mas em nenhum segundo ouso em adormecer. Ele poderia ter um daqueles pesadelos novamente enquanto eu estivesse dormindo, e até o momento em que eu percebesse ele poderia já ter sofrido o bastante para eu me amaldiçoar por um cochilo fútil.

Olho novamente para Pedro com o rosto apoiado no meu braço e mãos cercando a minha barriga e agradeço que ele ainda permanecia dormindo tranquilamente, seus lábios levemente rosados, pele branca e cílios grossos e pesados me faziam entrar em uma espécie de hipnose, prestando atenção em cada detalhe do seu rosto, o tipo de coisa que eu nunca faria se ele estivesse acordado.

Me assusto com o barulho da porta sendo destravada e o meu xingamento quase sai dos meus lábios se eu não estivesse preocupado demais em fazer silêncio para não acordar Pedro.

Por fim, Renan cruza a porta apressadamente, só depois de cerca de 3 passos ele para estático nos observando.

— Eu... eu...
Imediatamente ele dá um passo para trás.

Ponho o indicador nos lábios implorando por silêncio, mas era tarde demais, Pedro já começava a se remexer ao meu lado.

Seus olhos sonolentos encontram com os meus se perdendo por alguns segundos, logo o moreno pisca algumas vezes e tudo muda, uma ruga entre suas sobrancelhas cresce, e então Pedro desvia o olhar.
Rapidamente o moreno se levanta do sofá apressado sem ao menos olhar para trás.

— Pedro!
Tento chamar mas ele passa por Renan saindo da sala.

Me apresso para me levantar e seguí-lo até o lado de fora, mas antes disso meu amigo me impede.

— Você fica!

Olho transtornado para Renan sem entender seu apelo.

Estou prestes a falar quando ele me interrompe.
— Estou falando sério João, você fica.

Umideço a boca extremamente irritado.

— Se você quiser conversar comigo por conta do que viu aqui, te garanto que não aconteceu nada, mas eu preciso ver o Pedro!

Tento passar novamente por Renan mas dessa vez ele segura o meu braço.

— Renan?!

— Você vai preferir me escutar João Vitor.

Engulo as reclamações calado, quando o mais velho me chamava pelo nome eu entendia que o assunto seria sério.

Passo a mão pelo rosto me preparando para ser bombardeado por mais alguma coisa terrível.

Normalmente meus dias eram recheados delas.

— Sei que fui bobo em ter trancado vocês dois aqui mas preciso que você guarde as reclamações por um tempo, porque o que eu tenho para te falar é sério.

Minhas mãos gelam e eu já imagino o pior.

Renan respira fundo antes de continuar.

— Seus discos Jão, seu pai vendeu todos os direitos dos seus discos.

Pisco algumas vezes tentando assemelhar as informações.

— Como?

— Anunciaram agora de manhã, ele acabou de vender os seus álbuns 'pra uma gravadora mexicana.

— Eu...
As palavras travam na minha garganta e sentimentos horríveis tomam conta de mim.

Impotência, indignação e traição.

Meu próprio pai jogou todo o meu trabalho de anos no lixo.
Meu subconsciente faz questão de me alertar.

A Sound Company, gravadora do meu pai, sempre teve 100% dos direitos dos meus álbuns pelo simples motivo de que quem administrava toda a parte musical era ele próprio, que mal eu tive de confiar no meu próprio pai?