Jão Romania:
Assim que abro a porta do meu apartamento, sinto um vazio instantâneo em meu corpo, com todo aquele torturante silêncio abafado seria impossível se sentir bem naquele ambiente.
Reforço que esse sentimento não é consequência dos últimos momentos com o moreno naquela noite.
Porque não era.
Eu só estava estranhando o silêncio, porque a pouco tempo atrás eu estava em uma festa barulhenta e lotada de pessoas.
Me irrito com toda situação, rapidamente ligo a TV colocando no volume máximo, talvez tentando preencher ou agitar algo dentro de mim.
Por que era tão mais fácil ser descontraído quando eu estava perto de alguém?
Quer dizer, qual é o problema com a minha própria companhia?
Acho que só estou um pouco bêbado mesmo.
Me arrasto até a minha cama com a promessa de que eu deveria dormir.
Então deito; me viro para um lado; resmungo; levanto; lavo o rosto; deito novamente; me viro para o lado que eu gosto de dormir, o direito; resmungo novamente; levanto mais uma vez; pego o meu celular e digito o número familiar.
O celular chama algumas dezenas de vezes e quando eu penso em desligar apenas para ligar novamente, a chamada é atendida.
— Alô?
— Mãe... Como você está?
— Oi, são 4 da manhã, 'tá tudo bem?
Minha garganta trava.
Abro a boca mas nada sai de lá.
— Catarina, quem é?
Ouço a voz rouca e sonolenta do meu pai.— Ninguém, meu bem, pode voltar a dormir.
O som sai mais baixo, quase como se minha mãe tentasse tampar o microfone do celular, impedindo com que eu escutasse.Um bolo se forma na minha garganta e instintivamente sinto vontade de chorar.
— Por que não avisou ao meu pai que sou eu?
O outro lado da linha permanece mudo.
Segundos depois ouço a porta se fechar. Ela mudou de cômodo.
— Ai meu amor... Seu pai está bravo com você depois de tudo que aconteceu, ainda mais quando você não teve ao menos coragem de aparecer aqui para contar a ele. Ele não está em seus melhores momentos, é melhor evitarmos contato para não irritá-lo ainda mais.
Mordo meu lábio inferior me arrependendo amargamente de ter feito aquela ligação.
— Mas eu sou seu filho...
Seria ridiculamente humilhante um filho estar implorando a atenção de sua mãe?
— Eu sei, João! E eu adoraria ter você aqui conosco, mas você conhece o seu pai e ele não está nada feliz com as suas decisões, entenda o meu lado.
Controlo a minha respiração enquanto encerro a ligação, chateado demais para render qualquer começo de uma discussão.
Fecho os olhos com força desejando que qualquer pessoa estivesse aqui comigo, Qualquer pessoa mesmo, até o Pedro, mesmo que passássemos o tempo brigando, eu não ligaria, eu só precisava tirar esse desconforto de mim, ou me distrair para não pensar que meus próprios pais estão me evitando.
Mesmo com milhares de fãs, com toda a minha popularida ou com todo o dinheiro que eu já ganhei, mesmo com milhões de streams, milhares de discos vendidos e dezenas de prêmio ganhos, eu continuava amargamente triste e solitário.
E a realidade a culpa era totalmente minha.
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Meu Nêmesis - 𝐩𝐞𝐣𝐚̃𝐨.
FanfictionNo mundo da fama só três coisas importam: poder, reputação e sucesso. Quando se está na sarjeta a urgência aos olorfortes pode ser maior até do que o próprio respeito a sua família, principalmente se a única maneira de se reerguer na indústria musi...